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Obrigado, Miguel Pinheiro

por henrique pereira dos santos, em 25.03.21

Adenda: Vários dos meus amigos falam da coragem de ter escrito o que escrevi sobre o Observador. Gostaria de dizer duas coisas sobre isso: 1) não é preciso coragem nenhuma para escrever um texto qualquer num jornal, não vivemos em nenhuma ditadura e não me acontece nada de especial por causa do que escrevo, coragem é Navalny voltar para a Rússia; 2) a haver alguma coragem, ela está do lado de quem decidiu publicar o texto no Observador, não só por ser precisa alguma coragem para aceitar dar publicidade a críticas tão ácidas, como o mais natural é que essa publicação seja uma fonte de problemas dentro da redacção do Observador

Hoje o Observador publica um texto meu, acidamente crítico da cobertura que o Observador faz da epidemia (o que digo sobre o Observador é, em grande medida, extensível ao resto da comunicação social, mas o Observador merece-me mais respeito que uma boa parte do resto da imprensa).

Gostaria em primeiro lugar de sublinhar o fair play que o Observador demonstra ao publicar este texto: eu perceberia perfeitamente se fosse recusado.

Miguel Pinheiro, director executivo do Observador não resistiu ao habitual abuso de posição dominante que consiste em atribuir sempre ao jornalista a última palavra, e publicou ao mesmo tempo a sua resposta às minhas críticas.

Talvez por inépcia minha, não encontrei maneira de fazer comentários a qualquer dos textos, e por isso não pude agradecer no sítio adequado a deferência de Miguel Pinheiro dar importância suficiente ao que escrevi para, excepcionalmente, responder a um texto de opinião que faz paralelismos entre o Secretariado Nacional de Informação do Estado Novo e a redacção do Observador (no que à epidemia diz respeito, claro).

Embora eu tenha procurado fundamentar claramente o paralelismo que estabeleci, talvez agora possa ser mais claro usando uma citação da enciclopédia britânica sobre o totalitarismo: "The totalitarian state pursues some special goal, such as industrialisation or conquest, to the exclusion of all others. All resources are directed toward its attainment, regardless of the cost. Whatever might further the goal is supported; whatever might foil the goal is rejected. This obsession spawns an ideology that explains everything in terms of the goal, rationalising all obstacles that may arise and all forces that may contend with the state. The resulting popular support permits the state the widest latitude of action of any form of government. Any dissent is branded evil, and internal political differences are not permitted. Because pursuit of the goal is the only ideological foundation for the totalitarian state, achievement of the goal can never be acknowledged.".

A minha opinião é de que o essencial do que é dito acima caracteriza a cobertura que o Observador faz da epidemia, o que está muito longe de querer dizer que a redacção do Observador, e muito menos o Observador, são totalitários, ou defendem qualquer totalitarismo - não é de mais sublinhar o facto de terem publicado o meu texto.

Sobre isso, o que tem Miguel Pinheiro a dizer?

1) Que eu confundo as opiniões dos jornalistas sobre a actualidade com jornalismo. É verdade, neste ponto Miguel Pinheiro tem toda a razão, eu, e a generalidade das pessoas, acham que se há um programa em que os jornalistas analisam a actualidade, isso faz parte da oferta informativa, mas Miguel Pinheiro tem razão na distinção formal entre isso e a publicação de notícias. O corolário da aceitação dessa distinção formal é a de que não se compreende para que raio convidam jornalistas para fazer programas de opinião sobre a actualidade se não é jornalismo mas opinião, e a sua condição de jornalistas é irrelevante, não havendo outra que os qualifique para emitir opiniões sobre o que quer seja.

2) Miguel Pinheiro pretende que eu sou um conspiracionista, baseando-se numa interpretação abusiva do que escrevi. Miguel Pinheiro diz que sugiro que a redacção do Observador tem um comando central que determina a forma como a redacção cobre a epidemia. Simplesmente isso não está no meu texto - eu limito-me a constatar que a redacção adoptou o princípio base de pôr toda a gente com uma única ideia na cabeça, em lado nenhum sugiro, sequer, que isso resulte de qualquer comando na redacção e não da livre opção de cada um dos jornalistas, é o que habitualmente se chama "jornalismo de rebanho". Não há nada de conspiracionista nisto, é uma mera opinião que pode facilmente ser contestada mostrando onde estão as peças da redacção do Observador que saiam do padrão geral em que se chega a afirmar que uma variante com uma letalidade de 4% é mais letal que outra variante com uma letalidade de 5%. Sobre isso, Miguel Pinheiro, aos costumes disse nada.

3) Miguel Pinheiro, em vez de responder aos meus argumentos, passa grande parte do texto a fazer comentários pessoais, alguns bastante estranhos como dizer que colaborei brevemente com a redacção do Observador quando fiz parte de um painel de não jornalistas que conversavam sobre ambiente num programa da Rádio Observador. É verdade que na única reunião que tive com Miguel Pinheiro, no âmbito da preparação desse programa, essa foi uma das promessas de Miguel Pinheiro aos participantes no programa - alguma interacção com a redacção do Observador para mútuo benefício no tratamento de questões ambientais - mas sucede que isso nunca aconteceu, portanto nem percebi a que propósito essa conversa aparece no texto de resposta ao que escrevi.

4) Miguel Pinheiro entra depois num registo bem mais grave. No meu texto digo que não se entende por que razão, ao fazer um livro branco sobre a epidemia, o Observador não escolheu nenhum epidemiologista com provas dadas. É uma crítica geral aos métodos da redacção do Observador, não faz a menor referência aos conteúdos expressos por esses especialistas. Miguel Pinheiro confirma que quatro dos cinco especialistas ouvidos não são epidemiologistas - sem perder tempo a explicar esse estranho critério de elaboração de um livro branco - e refere um quinto como sendo mesmo epidemiologista e, evitando dizer de quem fala, acrescenta "aliás, é membro do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge". Por exclusão de partes, devo conluir que se trata de Ricardo Mexia, que é médico de saúde pública (sim, eu sei que se apresenta também como epidemiologista), ou seja, Miguel Pinheiro, em vez de explicar por que razão o único epidemiologista ouvido é Ricardo Mexia, não só tem o desplante de omitir o nome do visado, como me atribui a mim intenções escusas ao fazer uma pergunta simples: que critérios usa o Observador para ouvir quem ouve e para escolher quatro não epidemiologistas e meio, mais meio epidemiologista sem trabalho reconhecido pelos pares nessa especialidade, para apoiar um livro branco sobre a epidemia? Não, meu caro Miguel, não se trata de eu gostar ou não gostar das opiniões das pessoas escolhidas (por exemplo, gosto imenso de ouvir Roberto Roncón, sobretudo naquilo em que tem verdadeira competência, e é perfeitamente justificado que o ouçam no capitulo sobre a resposta do SNS à epidemia), trata-se da obrigação do Observador explicar por que razão, na elaboração de um livro branco sobre a epidemia, resolve não ouvir epidemiologistas com provas dadas. E convenhamos que é ridículo dizer que ao referir "com provas dadas" eu esteja a querer dizer "com os quais concordo". Trata-se de um truque de retórica de Miguel Pinheiro para manter o seu registo de comentários sobre mim, para responder a uma opinião sobre o Observador, fugindo ao que seria útil: discutir os argumentos de substância que estão no meu artigo, como por exemplo, erros crassos (sempre no sentido da catástrofe) ou a escolha da citação de Henrique Oliveira, em assuntos que não fazem parte das suas competências e que as conclusões do livro branco contrariam de forma muito sustentada.

Em síntese, obrigado Miguel Pinheiro pelo grande fair play em publicar o que escrevi e, mais ainda, muito obrigado pela eloquente demonstração do que digo no meu artigo que a sua resposta é.


26 comentários

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De Anónimo a 25.03.2021 às 10:37

Pela primeira vez, pelo menos que me tenha apercebido e talvez até possa estar errado, não é possível comentar dois textos de opinião no Observador.
Ou melhor, um texto de opinião e uma espécie de desmentido publicado no minuto seguinte! É interessante que o Observador e o seu Director Executivo sejam tão lestos a reagir a alguém que, de forma legitima, os critica e não aplique os mesmos critérios noutros textos e "opiniões" que são publicados no jornal.
Por outro lado, as criticas, a meu ver legitimas, são desconsideradas por análises do tipo: "dizes que não são epidemiologistas mas tu também não és", muito ao jeito de o meu carro anda mais que o teu!
É triste ver que o Observador, aos poucos, começa a entortar a sua linha editorial cada vez mais para o mesmo lado, muito à semelhança do que já vimos noutros jornais impressos, dos quais me salta logo à vista e à memória o Público!
É pena, pois muito de nós julgávamos que existia alguma "coragem" naquela redacção, sobretudo depois daquele murro na mesa, em Março de 2020, ao recusar os apoios encapotados do estado. Para os mais distraídos, é interessante notar que, a partir daí, muita coisa tem, infelizmente, vindo a mudar!
De qualquer modo, não podendo comentar a sua publicação no Observador, peço as minhas desculpas por o vir fazer aqui, ainda que se possa justificar por este post abordar exactamente a publicação que fez nesse jornal.
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De Anónimo a 25.03.2021 às 11:05

Bom dia, não foi por inépcia sua, os comentários á publicação do Miguel Pinheiro estão impedidos!
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De MV a 26.03.2021 às 00:53

Neste momento há comentários a ambos os artigos no site do Observador.
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De Anónimo a 26.03.2021 às 23:53

Não vi e não vejo comentários.
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De pitosga a 25.03.2021 às 12:24


HPS, tudo seria muito belo. Mas não ligo nada a este tipo de postal. Como já o informei, na Porta da Loja publicam-se páginas inteiras de coisas que acham importantes. No caso do observácôr, muito a Porta da Loja me ajudado pois eu não ponho os pés no dito site há dois anos [atrás].
Querem $$$ para jornalismo de qualidade quando nem sequer sabem escrever em Português.
É mais um outro «Luta Socialista».

Henrique, acredito que tem cabeça para pensar. Mas conheça como disseminar, elegante e com segurança, as suas ideias.

Eu aprendi, há mais de 25 anos, com Luís Hífen Conraria. A postar os links, justificando quer as afirmações quer as negações.

Abraço
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De Anónimo a 25.03.2021 às 14:26

Há muito que o Observador perdeu a qualidade que tinha no início. 
Só vale a assinatura por alguns artigos de opinião. 
É pena e muitos parabéns pelas suas análises. Obrigada.
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De Susana V a 25.03.2021 às 14:44

Gostei imenso do seu artigo no Observador. Escreveu aquilo que eu tenho vontade de dizer à redação do Observador. E uma vez que não posso comentar lá comento aqui. 
Também ouvi esse programa em que a Sara Antunes de Oliveira criticou Marta Temido. E nem queria acreditar na sobranceria. Quando finalmente a ministra mostra algum discernimento chovem logo as criticas dos jornalistas.
E também fiquei estupefacta com a composição do painel no livro branco da pandemia.
O trio pesadelo no Observador é composto pelo Miguel Pinheiro, a Sara Antunes de Oliveira e a Filomena Martins, com especial destaque para o Miguel Pinheiro. Eles sabem tudo e percebem tudo. Os que deles discordam ou são estúpidos ou negacionistas. 
De qualquer modo acho vergonhoso as caixas de comentários ter sido indisponibilizadas tanto no seu artigo como resposta.  O Miguel Pinheiro gosta de ter a última palavra. E no Observador pode. O que é pena. 

So me resta repensar a minha assinatura no Observador. Faz jornalismo da treta. Só me tenho mantido assinante por causa dos artigos de opinião. 


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De balio a 25.03.2021 às 15:36


É curiosa essa ideia, de ser assinante de um jornal por causa dos artigos de opinião.
Eu diria que a mais-valia de um jornal deveria ser, assim a priori, a informação que ele presta. Não é?

Opiniões há muitas, e em princípio não deveriam ter especial valor, digo eu.
Não deixa de ser esquisito que um jornal valha pelas opiniões que publica, e não pelas informações que veicula. É que, opiniões podem-se ouvir em qualquer café. No limite, pode-se telefonar a uma pessoa para saber a opinião dela. Pelo contrário, informação verdadeira é coisa que, em princípio, é escassa.
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De Susana V a 25.03.2021 às 16:01

"Eu diria que a mais-valia de um jornal deveria ser, assim a priori, a informação que ele presta."



Não deixa de ter razão Balio. Mas quanto à informação já me desenganei.
É preciso cavar muito para chegar a algo parecido com informação. 
Pelo menos os textos de opinião não pretendem passar por informação.

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De balio a 25.03.2021 às 16:27


os textos de opinião não pretendem passar por informação


Nem sempre. Muitas vezes os textos de opinião tomam como certas informações erradas. É preciso ter cuidado. Frequentemente os opinion-makers estão todos a discutir, ardentemente, factos que é tudo menos certo que sejam verdadeiros e comprovados, e dessa forma transformam em informação aquilo que não passa de areia atirada para os olhos.



Eu diria que isto ocorre em mais de 50% dos debates de opinião que ouço nas manhãs do Observador (entre as 8 e as 9 horas). Em mais de metade desses debates, as pessoas estão a debater coisas cujo estatuto de veracidade é muito dúbio.
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De Susana V a 25.03.2021 às 17:49

Estamos de acordo Balio. Eu também oiço diariamente esses programas. A questão é que a opinião é uma visão por definição subjectiva dos factos, da sua importância e das suas consequências. Enquanto que a informação se devia abster a fazer juízos de valor. E é disso que eu sinto a falta no Observador. Disso e do contraditório. Os jornalistas são como padres a fazer o seu acto de fé e a guiar o rebanho de acordo com o que eles consideram ser o bem comum. Mas não têm legitimidade nesse mandato.
Uma coisa é dizer "o numero de casos diminuiu". Outra totalmente diferente é dizer "o número de casos diminuiu por causa do confinamento".
Quando li o livro branco da pandemia o problema era precisamente a falta de contraditório. Era como se não houvessem muitas visões sobre um assunto tão complexo. Ainda por cima o Observador já tinha entrevistado o Jorge Torgal (na rádio), que tem uma visão muito crítica sobre as medidas tomadas contra a pandemia.  "A ciência diz" é um absurdo. Os cientistas é que dizem. E há uns cientistas melhores que outros. Um livro branco, para ser honesto, deve incluir as diferentes visões. É isto que eu espero de um artigo jornalístico premium.
Para terminar, acho muito grave que não sejam permitidos comentários naqueles dois artigos de opinião. Extremamente grave. Espero que tenha sido um erro. Mas duvido... Vou escrever sobre isto para os contactos do Observador. 


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De balio a 25.03.2021 às 15:40


O trio pesadelo no Observador é composto pelo Miguel Pinheiro, a Sara Antunes de Oliveira e a Filomena Martins


O pesadelo no Observador é a dicção do José Manuel Fernandes e o som do computador da Filomena Martins.


A Filomena tem um computador (através do qual fala, em teletrabalho) com um som tão horrível que mal percebo metade do que ela diz. E o José Manuel Fernandes pronuncia tão mal as sílabas da sua língua materna, que fica na mesma.
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De Antonio Maria Lamas a 25.03.2021 às 16:32

Uma coisa é certa. O Observador é imparcial e aberto à discussão e respeitador o direito de opinião.
Duvido que outros meios de CS o fizessem, a começar pelas TV'S. 
Há quanto tempo o HPS não é convidado para comentat seja o que for nos telejornais, ou em programas de informação? 
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De Anónimo a 25.03.2021 às 18:03


Excelente texto!

Uma pergunta ao Henrique: há vários dias que não consigo aceder à sua página no Facebook, ela não aparece nas pesquisas. Hoje, de manhã, tendo eliminado os cookies, lá consegui aceder mas, ao fazer "refresh", pimba, aparece informação de que o conteúdo já não está disponível.
Já mais alguém lhe reportou o mesmo? Obrigado.
JVC
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De henrique pereira dos santos a 25.03.2021 às 18:18

Isso são idiossincrasias minhas, eu desactivo muitas vezes a minha conta facebook
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De Anónimo a 25.03.2021 às 19:00

OK, obrigado pela informação.
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De Anónimo a 25.03.2021 às 22:33


Boa noite.
Infelizmente as pérolas não só não acabaram como se multiplicam:


https://observador.pt/2021/03/25/variante-britanica-tem-indice-de-transmissibilidade-maior-mas-o-confinamento-ajuda-a-diminuir/


Mais um texto jornalístico escrito com os pés e que, espremido, é zero.


ou este:
https://observador.pt/especiais/como-esta-a-correr-o-desconfinamento-no-reino-unido-com-vacinacao-a-todo-o-vapor-novos-casos-ainda-nao-subiram-significativamente/


E mesmo em âmbitos alheios à pandemia, as pérolas repetem-se:


https://observador.pt/especiais/residentes-nao-habituais-como-os-suecos-nao-pagam-impostos-em-irs-iva-e-imt-renderam-200-milhoes-em-2018/



Este último, é, na minha opinião, um dos textos mais vergonhosos já escritos no Observador, no que respeita à promoção da propaganda do Governo de Portugal.


Eu, reduzo as minhas razões: assino o observador porque gosto de ajudar a pagar o salário de 3 ou 4 pessoas que lá escrevem. O resto é m*#da.
 
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De Júlio Sebastião a 26.03.2021 às 12:29

Acompanho-o na sua última frase.
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De Anónimo a 25.03.2021 às 23:07

Ajuda:
«(...)
mostram que existe um certo número de filtros, ligados à propriedade (...) dos media, à necessidade da publicidade, à acção de grupos de influência, etc., que têm como resultado uma visão enviesada do mundo veiculada pelos media, mas tudo isso funciona um pouco como a ideologia em Marx: um processo sem sujeito.

É de certa forma confortante pensar que existem manipuladores conscientes que, porque dirigem, sabem para onde vai o Mundo! Infelizmente, há relações de poder, mentiras e vieses ideológicos, mas não há piloto no avião.
(...)»
[Jean Bricmont]
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De Elvimonte a 25.03.2021 às 23:07

Eucalipto, pinheiro, carvalho, no defunto jornalismo já pouco importa. O jornalismo morreu e a esmagadora maioria dos jornalistas morreu com ele, apenas ainda não se aperceberam do facto - mas enquanto jornalistas estão mortos e tão mortos que o cheiro a podridão é indisfarçável. 


Uma podridão intelectual, ética e profissional que dá largas à adjectivação, prefere a opinião e classifica de negacionistas todos os dissidentes da narrativa dominante. Uma podridão que prefere a "verdade" - a verdade do credo que professam e no qual crêem - aos factos.  Factos que, a bem do jornalismo, deviam limitar-se a relatar.


Hereges, infiéis, dissidentes, negacionistas - tudo expressões do pensamento único que outrora, em tempos de trevas, nos foi imposto e que agora regressa sob disfarces politicamente correctos pseudo-democráticos.


Não é por isso de estranhar semelhantes reacções de eucaliptos, pinheiros e carvalhos ao seu artigo. Afinal os mesmos que escrevem títulos como "Expresso | Juiz negacionista suspende julgamento porque procurador se recusou a tirar a máscara" e "Covid-19: Juiz negacionista suspenso preventivamente - Atualidade - SAPO 24".


"Any dissent is branded evil, and (...) differences are not permitted.", tal como cita. E quem não consultar primeiro o Brookings Institute ou o Center for American Progress sobre os títulos e as notícias que devem ser divulgadas e as críticas que devem ser apresentadas, fica sem trabalho.

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