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Como aqui escrevi há meses e mais recentemente aqui teria sido mais útil olhar para as eleições americanas com mais atenção, menos preconceito, menos palas nos olhos. Hoje, eleito Trump, os burros mais teimosos falam de «choque e pavor» (com o persistente erro de tradução que insiste que awe é pavor, e não assombro); os burros menos teimosos falam de surpresa, de coisas que «ninguém» esperava (com o persistente erro lógico de considerar que eles são toda a gente)
Trump ganhou porquê? Por duas razões, sobretudo.
Porque nesta eleição a mudança, a esperança, o yes we can era ele. Foi ele a usar um discurso acessível e prático, que os media se entretiveram a cominar de primário, em vez de repararem na novidade. Era ele que encarnava a revolta contra o establishment, o politicamente correcto, a língua de pau dos círculos de poder de que a América desconfia e estava cansada (a velha queixa de que «os políticos são todos iguais» talvez explique este ponto). Nesse sentido, é provável que a campanha anti-Trump e pro-Hillary dos Obama, dos media, de sectores republicanos, e da tropa fandanga de Hollywood e da Broadway tenha desajudado mais Hillary do que Donald.
Porque, ao contrário do relato parcial e obtuso dos media (de lá e de cá) Trump tinha propostas concretas para a classe trabalhadora, as mulheres e as minorias, e projectos de combate a receios ou desamparos generalizados. Nesse sentido é particularmente surpreendente (e revelador) que os media tenham insistido no pavor de uma terceira guerra mundial, a propósito precisamente do candidato que anunciava pôr fim às aventuras internacionais americanas. Nesse sentido é interessante a escolha dos media de repisarem a tónica do machismo, precisamente a respeito do candidato que prometera às mulheres salário igual para trabalho igual no prazo de um ano. Nesse mesmo sentido é reveladora a alegria enganada do campo democrata (e dos media) com o aumento da percentagem de votantes hispânicos na Florida, uma interpretação exactamente contrária ao que realmente se passava.
Os burros mais teimosos insistirão agora na proclamação de calamidades americanas e universais. São duplamente burros, com toda a soberba da burrice. Porque julgam que um burro pode ser multimilionário e chegar a presidente dos EUA; por julgarem que o país mais livre, rico, cientifica e culturalmente avançado, e poderoso do Mundo é constituído por burros (ou «deploráveis», como dizem os mais tímidos).
Reagan também era só um cowboy e mudou o Mundo.
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