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O Velho e os Burros

por José Mendonça da Cruz, em 09.11.16

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Como aqui escrevi há meses e mais recentemente aqui teria sido mais útil olhar para as eleições americanas com mais atenção, menos preconceito, menos palas nos olhos. Hoje, eleito Trump, os burros mais teimosos falam de «choque e pavor» (com o persistente erro de tradução que insiste que awe é pavor, e não assombro); os burros menos teimosos falam de surpresa, de coisas que «ninguém» esperava (com o persistente erro lógico de considerar que eles são toda a gente)

Trump ganhou porquê? Por duas razões, sobretudo.

Porque nesta eleição a mudança, a esperança, o yes we can era ele. Foi ele a usar um discurso acessível e prático, que os media se entretiveram a cominar de primário, em vez de repararem na novidade. Era ele que encarnava a revolta contra o establishment, o politicamente correcto, a língua de pau dos círculos de poder de que a América desconfia e estava cansada (a velha queixa de que «os políticos são todos iguais» talvez explique este ponto). Nesse sentido, é provável que a campanha anti-Trump e pro-Hillary dos Obama, dos media, de sectores republicanos, e da tropa fandanga de Hollywood e da Broadway tenha desajudado mais Hillary do que Donald. 

Porque, ao contrário do relato parcial e obtuso dos media (de lá e de cá) Trump tinha propostas concretas para a classe trabalhadora, as mulheres e as minorias, e projectos de combate a receios ou desamparos generalizados. Nesse sentido é particularmente surpreendente (e revelador) que os media tenham insistido no pavor de uma terceira guerra mundial, a propósito precisamente do candidato que anunciava pôr fim às aventuras internacionais americanas. Nesse sentido é interessante a escolha dos media de repisarem a tónica do machismo, precisamente a respeito do candidato que prometera às mulheres salário igual para trabalho igual no prazo de um ano. Nesse mesmo sentido é reveladora a alegria enganada do campo democrata (e dos media) com o aumento da percentagem de votantes hispânicos na Florida, uma interpretação exactamente contrária ao que realmente se passava.

Os burros mais teimosos insistirão agora na proclamação de calamidades americanas e universais. São duplamente burros, com toda a soberba da burrice. Porque julgam que um burro pode ser multimilionário e chegar a presidente dos EUA; por julgarem que o país mais livre, rico, cientifica e culturalmente avançado, e poderoso do Mundo é constituído por burros (ou «deploráveis», como dizem os mais tímidos).

Reagan também era só um cowboy e mudou o Mundo.


13 comentários

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De João. a 09.11.2016 às 18:00

Você gosta muito da palavra "burro" e nota-se que escreve apenas para a repetir. O ideia do seu post é repetir a palavra burro o mais vezes possível e portanto é palha para o burro.


Eis o novo presidente dos EUA:


https://www.youtube.com/watch?v=gTTe7fM8its (https://www.youtube.com/watch?v=gTTe7fM8its)



Portanto quero lá saber se ele foi eleito, é um idiota e ter sido eleito não muda isso.
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De José Mendonça da Cruz a 09.11.2016 às 21:54

«Quero lá saber se foi eleito», eu é que sei, os milhões que o elegeram não interessam para nada.
Obrigado pelo seu comentário. Ele é auto-explicativo. Já não preciso de escrever isso que diz que eu escrevo para repetir.
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De Xico a 10.11.2016 às 12:35

Cansamo-nos de ouvir que o voto do povo deve ser respeitado e agora perante milhões de votos tudo não passa de um embuste? O povo escolheu, bem ou mal, temos que respeitar!

Certos países de partido único sem eleições ou com eleições fantasma, é que são de considerar?
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De JSP a 09.11.2016 às 19:36

Certeiro.
Cpmts.
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De Anónimo a 09.11.2016 às 22:39

Excelente (e na minha modesta opinião, correctíssima) análise sobre a eleição de Trump. Parabéns.
Maria
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De Karpov a 10.11.2016 às 08:50


Aplidar de burros 100 000 000 de Americanos é uma forma fatídica de analisar alguém que tem pensar diferente. Ganhou Trump;
Mas já aconteceu anteriormente numa América imprevisível onde o actor Reagan não deixou margem para manobras.
Lá como cá, o povo começa a ficar farto de promessas fiadas. O que quer dizer que votar em um mentiroso dos Republicanos ou numa mentirosa dos Democratas, Trump, somente apareceu agora.
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De lucas a 10.11.2016 às 11:34

Até que enfim um texto sensato nesta temática. Gostei!
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De Nuno a 10.11.2016 às 12:12

http://internacional.elpais.com/internacional/2016/11/09/estados_unidos/1478724867_952520.html





Quem é o verdadeiro burro?
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De SS a 10.11.2016 às 14:33

Ganhou Trump, é verdade. E o que escreve no seu post é uma análise correta do que aconteceu. 
Mas por muitas ideias que Trump tenha no seu programa de relançar a economia e de tornar a America Great Again, o que não é de todo impossível de pôr em marcha, dado ser uma grande empresário,  o José Mendonça da Cruz identifica-se com esta pessoa que diz o que quer sobre mulheres , imigrantes, outras religiões? Acha que ele é uma "lufada de ar fresco" contra o establishment ? 
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De Campus a 10.11.2016 às 15:48

Os americanos vao ser governados por quem votaram, nós em Portuhal somos governados por quem não votamos e os burros são os americanos?  
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De PedroR a 11.11.2016 às 12:06

Nem mais!
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De Anónimo a 11.11.2016 às 17:32

Os americanos são burros por terem dado a vitória a Trump!
Que dizer dos portugueses que deram 5 vitórias a Cavaco?
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De António Canavarro a 11.11.2016 às 23:45

O problema da América é sistémico. Quem ganhou foi o modelo eleitoral, porque em votos a  menina Clinton foi vitoriosa. Ora, porém, isso não conta e dentro de quatro anos teremos ele, Trump, contra uma senhora de cor, Obama. E olhe que ela limpa-o bem  limpinho...
De facto, quem perdeu foi o partido Democrático. Foi um erro de palmatória! E nem preciso explicar porquê!

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