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O significado dos impostos

por henrique pereira dos santos, em 28.03.25

Há uma discussão sistemática entre quem defende que é melhor o dinheiro estar nos bolsos dos contribuintes e quem diz que é preciso que o Estado tenha recursos para atender a quem é deixado para trás pela sociedade.

Provavelmente os dois estão certos, o problema está no ponto de equilíbrio que respeita a maior eficiência de cada um de nós a alocar os recursos para o que queremos, sem deixar de haver recursos para os que não se conseguem aguentar neste ambiente económico e social.

Eu sou presidente do conselho fiscal da Montis, que terá uma Assembleia Geral amanhã para aprovar contas e ao olhar para os documentos que foram enviados para todos os sócios não deixei de fazer a ligação com a questão dos impostos.

A Montis é uma pequena associação que tem um orçamento anual em torno dos 130 mil euros.

Cerca de metade das despesas dizem respeito a pessoal, por volta dos 60 mil euros.

Destes 60 mil euros, são 9 mil e quinhentos euros directamente para o Estado, sob a forma de Taxa Social Única.

Para além das outras despesas com pessoal, ficam 43 mil e quinhentos para remunerações, mas o Estado não ficou satisfeito com os primeiros 9 mil e quinhentos e a estes 43 mil e quinhentos que são os ordenados, vai ainda buscar mais 11% de TSU (pouco menos de 5 mil euros) e o IRS, que vamos admitir que são outros 5 mil euros, ou seja, dos 60 mil euros iniciais referentes a despesas com pessoal que a Montis tem, cerca de um terço, uns vinte mil, correspondem a uma avença paga pela Montis ao Estado.

Ou seja, por cada euro que a Montis consegue angariar (consignação do IRS, quotas, donativos, acordos de parceria), 15 cêntimos marcham directamente para o Estado.

Apesar do Estado reconhecer a utilidade pública da Montis, o certo é que os 25 euros de quota que os sócios pagam correspondem, na melhor das hipóteses (na verdade não estou a falar dos impostos cobrados no resto das despesas que não dizem respeito a despesas com pessoal, que não devem andar longe do mesmo nível, por exemplo, para alugar uma casa por 100 euros por mês, a Montis tem de pagar 140, porque o Estado cobra 28% de impostos ao senhorio), a 21,25 porque o Estado cobra uma comissão de 3,75 euros.

A questão aqui não é a Montis, uma pequena organização, a questão é o conjunto da sociedade que tem de carregar às costas este nível de taxação, que será tão socialmente mais negativo quanto mais o Estado for ineficiente na forma como gasta os recursos assim angariados.

Havendo eleições dentro de pouco tempo, a mim parecer-me-ia muito mais útil que o jornalismo político moesse o juízo dos candidatos com perguntas sobre o que isto significa que discutir as magnas questões do cabeça de lista de este ou aquele, neste ou naquele distrito, matéria que só interessa aos directamente envolvidos.


6 comentários

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De Anonimo a 29.03.2025 às 13:47

Estado mínimo 
Economia de mercado
Fundos de pensões. Cada um desconta/contribui para o seu futuro
Privados na saúde e educação sem competição injusta de entidades subsidiadas pelo contribuinte 
Acabar com institutos e observatórios 


DOGE em Portugal precisa-se
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De Anónimo a 29.03.2025 às 16:22

Essa ideia de cada um descontar para a sua velhice é muito bonita, mas não corresponde àquilo que sempre se fez nas sociedades humanas. Aquilo que sempre se fez foi as pessoas no ativo sustentarem os idosos. Os filhos sustentam os pais idosos, tal como no passado os pais sustentaram os filhos.
Além disso, põe os idosos dependentes de uma economia financeira que já hoje é grande de mais e que a qualquer momento pode dar o estouro.

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