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Cego, completamente inapto para qualquer cargo governativo, coube a este homem, Teixeira de Sousa, salvaguardar o regime e defender a dinastia de Bragança, no dia 5 de Outubro de 1910. Misto de cacique de província e burguês obtuso, grosseiramente liberal e alheado de qualquer princípio, de carácter bovino e pedante, pode perfeitamente representar o que de pior produziu aquele liberalismo. O jornalista Joaquim Leitão escreveu a propósito: "Quem uma vez passou em Trás-os-Montes traz os ouvidos cheios destes dois nomes: filoxera e o sr. Teixeira de Sousa". A ascensão de um enviesado apenas pode ser explicada pela rápida liquidação dos principais líderes políticos (Hintze Ribeiro, Vilhena, Campos Henriques e Wenceslau de Lima) e pela profunda crise que se abateu entre os partidos do regime.
De forma insólita, Teixeira de Sousa pactuou com a desordem. Não terá sido um traidor, como lembrou um antigo colaborador do seu governo, mas apenas "burro". Ajuizando à distância das emoções, não podemos acusá-lo inteiramente, nem lançar culpas ciclópicas aos ombros de um pigmeu. Não foi o único responsável, certamente, nem isenta outras forças que deviam ter defendido o rei. Porém, coube-lhe a maior responsabilidade - o que impede qualquer comoção face à alarvidade do homem. Na sua lógica, para “desarmar a revolução”, era preciso “realizá-la” (a perfeita contradição na mais bárbara das formulações).
A data que todos os anos o regime republicano celebra, não podia ter sido mais insólita, mais bizarra, recheada de contradições, traições e cobardias - de tudo aconteceu. Longe do heroísmo, foi uma fatalidade, uma comédia trágica que exilou uma dinastia secular. Apesar de todas as críticas que possamos fazer, Teixeira de Sousa foi, ao mesmo tempo, produto de um sistema, a perfeita consequência da revolução liberal, a realização de uma ideologia que originou os seus próprios inimigos.
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