Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Vera Novais e José Carlos Duarte escreveram uma coisa a que o jornal Observador (não sei como funciona, não sei se tem editores que olhem para o que os jornalistas fazem e escolhem títulos, não sei se tem um director que se responsabiliza por tudo o que lá se passa, não sei, e por isso não sei quem escolheu o título) deu o seguinte título: "Ordem dos Médicos instaura processo disciplinar contra médico negacionista de Coimbra".
O que escreveram pode resumir-se no seguinte: O Observador teve acesso a denúncias recebidas pela Ordem dos Médicos que acusam o médico de pertencer a associações, dizer umas coisas e fazer umas caminhadas, o que se traduz numa campanha contra a vacinação da Covid19. Após a análise destes factos, a seccção regional do Centro da Ordem dos Médicos decidiu avançar para um processo disciplinar.
Não me interessa nada discutir estes factos em si (eu sei, deveria interessar-me saber por que razão uma ordem profissional institui processos disciplinares por delito de opinião, mas já desisti dessa discussão) mas interessa-me discutir a notícia a partir do meu ponto de observação.
Diogo Cabrita, o médico em causa, era um dos irmãos mais novos (um ano de diferença) de um dos meus colegas da escola primária (uma das pouquíssimas fotografias minhas em criança, que conheço é exactamente numa festa de anos do Pedro Cabrita), e nunca mais o vi desde 1974. Mas há poucos anos restabelecemos contacto por via electrónica, através de um amigo comum, também meu colega de turma e vizinho do lado dos Cabritas em Lourenço Marques (hoje Maputo), razão pela qual vou acompanhando o que o Diogo tem vindo a fazer e escrever.
Durante bastante tempo, no início da epidemia, o Diogo era uma das pessoas a quem mais recorria para ter informação concreta sobre o que se passava nos hospitais, exactamente porque trabalhava na urgência de um dos hospitais de referência covid, aliás o único exclusivamente dedicado à covid. Para negacionista não está mau, como experiência sobre a doença.
Também por essa proximidade acompanhei o episódio em que o Diogo esteve nos cuidados intensivos, algum tempo depois de ter sido vacinado (nada mau, para quem, de acordo com os jornalistas, faz campanhas contra a vacinação), por causa de uma reacção estranha do seu organismo. O Diogo sempre disse que não podia atribuir esse episódio, em que quase bateu a bota, à vacina, embora também não pudesse dizer que as duas coisas não tinham relação, tratava-se de uma reacção do sistema imunitário que poderia ser desencadeada por qualquer coisa que foi impossível identificar, e foi depois desse episódio que o Diogo, no contexto da sua recuperação, fez uma caminhada de Coimbra a Lisboa, defendendo que não se vacinassem crianças e adolescentes e, já agora, alterou radicalmente a sua alimentação como medida profilática, tanto quanto percebi.
Os jornalistas omitem, na sua peça, todo este contexto: compreende-se, era desagradável escrever o que escreveram ao mesmo tempo que diziam que se tratava de um médico que fazia urgências covid - a que não era obrigado - quando muitos dos seus colegas mais novos arranjavam desculpas para não se exporem ao risco de uma doença sobre a qual se sabia muito pouco na altura.
O meu problema não é bem com os jornalistas.
Acho que o direito à asneira é sagrado e com certeza os jornalistas em causa têm o direito a:
omitir quem tem feito estas queixas sistemáticas à Ordem dos Médicos;
omitir que a própria Ordem dos Médicos tinha um parecer que escondeu do público durante meses e que o presidente do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica da Ordem dos Médicos (Manuel Mendes da Silva) negou peremptoriamente que existisse, para rapidamente passar a dizer que se tinha esquecido da sua existência quando confrontado com a sua assinatura no dito parecer, parecer esse que dizia basicamente o mesmo que Diogo Cabrita;
omitir todo o trabalho de Diogo Cabrita relacionado com a covid,
e o mais que quiserem.
O jornal é que, se quer ser respeitado e ter credibilidade, não pode deixar de perguntar aos jornalistas, antes da publicação:
o que é um negacionista?
quem determinou que Diogo Cabrita é negacionista?
que critérios foram usados para falar de questões laterais (quem esteve ou deixou de estar na caminhada que fez de Lisboa a Coimbra) ao mesmo tempo que se omitem questões centrais da sua actividade?
que esforços foram feitos para ouvir o visado antes de publicar a peça em causa?
e por aí fora.
Dêem as voltas que derem, isto é jornalismo de treta.
Escusam de vir com a falta de meios, com as redacções pequenas e essas coisas todas, escolher fazer esta peça assim, escolher umas informações em detrimento de outras não é uma questão de mais ou menos meios, é uma questão de brio profissional e de qualidade do que se faz.
E peças destas não têm qualidade nenhuma, são lixo.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
O Norte do distrito de Aveiro é área metropolitana...
Pedro, já se subiu outro patamar. ao que consta ta...
Continuação Para esta manipulação do parlamento co...
A 29 de Julho de 1976 o comunista José Rodrigues V...
Por essa lógica, mais depressa votaria um holandês...