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O que é um croquete de jeito?

por henrique pereira dos santos, em 21.01.25

Um croquete de jeito é um croquete que tem o sabor e a consistência que se pretende, o que implica encontrar um delicado equilíbrio entre a necessidade de se manter firme e hirto durante a fritura, mas macio e delicado na mordedura.

Assim são os grandes acordos internacionais, têm de, ao mesmo tempo, serem sólidos para durarem, e flexíveis para se adaptar a realidades muito diferentes e em mutação constante.

Lembrei-me disto porque estava exactamente na enésima tentativa de conseguir fazer uns croquetes de jeito feitos por mim quando recebi uma mensagem com a "executive order" de Trump que retira os Estados Unidos do acordo de Paris.

Tenho a certeza de que muitos dos meus amigos acharão esta decisão catastrófica, porque acham que a única forma de lidar com alterações climáticas é através de um acordo supranacional, vinculativo, que obrigue os governos a aplicar as medidas necessárias para gerir os problemas relacionados com o assunto.

Eu, que há muito me rendi à lucidez de Deng Xiao Ping, e portanto acho que tanto faz a cor do gato, o que interessa é que cace ratos, deixei-me destes fervores sobre a bondade do multilateralismo como solução única, sobretudo se vinculativa, para garantir uma vida boa às pessoas comuns (se ainda tivesse dúvidas, ter-me-ia bastado acompanhar a inacreditável deriva da ONU em relação ao conflito na palestina para me vacinar contra qualquer crença na bondade das burocracias internacionais).

A mim parece-me evidente que o esforço destas burocracias internacionais e plutocráticas (vão lá estudar as origens sociais dos decisores destas burocracias, se tiverem dúvidas) para impor a linha justa aos estados, preferencialmente de forma vinculativa, acabaria sempre por gerar movimentos de sentido contrário no sentido dos estados resgatarem o poder que tinham cedido a organizações complexas, opacas (frequentemente as decisões são justificadas com a ciência que se produz atrás de biombos que as pessoas comuns não conseguem entender) e dificilmente escrutináveis, cujas chefias não são produzidas por processos democráticos (por exemplo, o Secretário-Geral das Nações Unidas depende mais do voto de ditaduras que de governos legítimos).

Trump, deste ponto de vista, não é nenhuma novidade, é apenas a reacção aos excessos multilateralistas que deram origem ao Brexit e outras coisas que tais.

Se esperarmos tempo suficiente, o pêndulo volta a andar no sentido inverso.

No entretanto, como sempre, as sociedades vão-se adaptando aos novos contextos em que vivem, incluindo os que resultam de alterações climáticos, como mais ou menos choro e ranger de dentes, como sempre.


10 comentários

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De M.Sousa a 21.01.2025 às 12:33

Caro Henrique, há mais uma executive order a deixar os seus amigos floquinhos apopléticos: os EUA saem da OMS e deixam de pagar aquilo...
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De cela.e.sela a 21.01.2025 às 15:19

por cá a esquerda fechou a central do Pego e devolveu a central nuclear experimental de Sacavém
centrais nucleares:
China- 54
Rússia-38
Japão -33
Coreia do Sul- 24
75% da energia da França é nuclear

«18 jun 2024 — Mais de 800 centrais eléctricas alimentadas a carvão em economias de mercado emergentes 

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De M.Sousa a 21.01.2025 às 19:58

Assim como a Central de Sines ... 
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De Anonimo a 21.01.2025 às 16:07

Começaram a soprar novos ventos 
Os socialistas estão em pânico 
Até porque sabem quem paga o festim
Próximo passo, acabar com regulações da treta que só tiram competitividade. 
Drill, baby drill.
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De Anonimo a 21.01.2025 às 17:16


Eis um exemplo


https://www.youtube.com/watch?v=DvCmBOenfsQ
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De jo a 21.01.2025 às 20:23

As alterações climáticas não são algo que se possa dicidir unilateralmente. Todos têm de controlar as emissões se um estado desiste de controar as emissões, todos vamos pagar. 

No curto prazo o petróleo é mais barato do que as alternativas. Podemos sempre alegar que no longo prazo estamos todos mortos, é uma filosofia possível. Não sei se será muito ética.
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De M.Sousa a 22.01.2025 às 14:21

As alterações climáticas não se devem ao CO2 ou a qualquer outro gás qualquer em particular.  Além disso, como pode um gás residual como o CO2, cuja concentração na atmosfera é 0,04% (400 partes /milhão), torricar o planeta? 
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De anónimo a 22.01.2025 às 00:01


"...o Secretário-Geral das Nações Unidas depende mais do voto de ditaduras que de governos legítimos". Exacto. 
Só lhe resta dimitir-se ... ou aceitar depender dos interesses de tal gente.
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De Francisco Almeida a 22.01.2025 às 13:19

O Acordo de Paris sempre foi uma treta. Na medida em que beneficiava a China e era incumprido em muitos países, era "de facto" um instrumento antiocidental. Ambos assinaram o Acordo de Paris mas enquanto a Alemanha fechava centrais nucleares, a China ainda abria centrais a carvão.


Um primo meu, embaixador reformado, escreveu num livro de memórias que grande parte da actividade diplomática, iniciava-se com salamaleques e acabava com croquetes.
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De O apartidário a 22.01.2025 às 18:48

Entretanto hoje um indivíduo chamado Sanchez (dizem que é Presidente do Governo espanhol) foi dizer a Davos que "as empresas tecnológicas estão a minar a democracia" . 
Na página do sapo onde li isto está também reportado o seguinte abaixo  linkado(se calhar os alemães vão dar mais  importância a esta realidade que às palavras dos Sanchez's desta Europa na hora de votarem em fevereiro,digo eu não sei): 


Um esfaqueamento na cidade de Aschaffenburg, no sul da Alemanha, causou a morte de duas pessoas esta quarta-feira(22-01), um homem de 41 anos e uma criança de dois. Outras duas pessoas ficaram gravemente feridas e estão a receber tratamento hospitalar.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/ataque-com-faca-na-alemanha

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