Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Um croquete de jeito é um croquete que tem o sabor e a consistência que se pretende, o que implica encontrar um delicado equilíbrio entre a necessidade de se manter firme e hirto durante a fritura, mas macio e delicado na mordedura.
Assim são os grandes acordos internacionais, têm de, ao mesmo tempo, serem sólidos para durarem, e flexíveis para se adaptar a realidades muito diferentes e em mutação constante.
Lembrei-me disto porque estava exactamente na enésima tentativa de conseguir fazer uns croquetes de jeito feitos por mim quando recebi uma mensagem com a "executive order" de Trump que retira os Estados Unidos do acordo de Paris.
Tenho a certeza de que muitos dos meus amigos acharão esta decisão catastrófica, porque acham que a única forma de lidar com alterações climáticas é através de um acordo supranacional, vinculativo, que obrigue os governos a aplicar as medidas necessárias para gerir os problemas relacionados com o assunto.
Eu, que há muito me rendi à lucidez de Deng Xiao Ping, e portanto acho que tanto faz a cor do gato, o que interessa é que cace ratos, deixei-me destes fervores sobre a bondade do multilateralismo como solução única, sobretudo se vinculativa, para garantir uma vida boa às pessoas comuns (se ainda tivesse dúvidas, ter-me-ia bastado acompanhar a inacreditável deriva da ONU em relação ao conflito na palestina para me vacinar contra qualquer crença na bondade das burocracias internacionais).
A mim parece-me evidente que o esforço destas burocracias internacionais e plutocráticas (vão lá estudar as origens sociais dos decisores destas burocracias, se tiverem dúvidas) para impor a linha justa aos estados, preferencialmente de forma vinculativa, acabaria sempre por gerar movimentos de sentido contrário no sentido dos estados resgatarem o poder que tinham cedido a organizações complexas, opacas (frequentemente as decisões são justificadas com a ciência que se produz atrás de biombos que as pessoas comuns não conseguem entender) e dificilmente escrutináveis, cujas chefias não são produzidas por processos democráticos (por exemplo, o Secretário-Geral das Nações Unidas depende mais do voto de ditaduras que de governos legítimos).
Trump, deste ponto de vista, não é nenhuma novidade, é apenas a reacção aos excessos multilateralistas que deram origem ao Brexit e outras coisas que tais.
Se esperarmos tempo suficiente, o pêndulo volta a andar no sentido inverso.
No entretanto, como sempre, as sociedades vão-se adaptando aos novos contextos em que vivem, incluindo os que resultam de alterações climáticos, como mais ou menos choro e ranger de dentes, como sempre.
centrais nucleares: China- 54
|
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Os democratas nunca lidaram bem com a derrota. Não...
«Dizer que a administração norte americana é anti ...
Trump está a fazer um enorme trabalho, e isso é qu...
Luís, vê se ganhas algum juízo
Há muito que sei da criatura. O que gostava de ver...