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O PS que não aprende (outra vez)

por henrique pereira dos santos, em 25.09.25

Mais uma vez, quando o Ministério Público torna público que está a fazer uma investigação que envolve alguém que o PS entende que deve estar acima da lei, os dirigentes do PS reagem com processos de intenção em relação ao tempo em que essa divulgação é feita e coisas que tais.

A razão é simples, o PS especializou-se em fugir de responsabilidades políticas, para disfarçar o facto de ter passado a ser uma máquina de ocupação do poder, para quem as políticas são o que der jeito a cada momento.

Um dia destes, Alexandra Leitão, que se tornou conhecida por destruir escolas que funcionavam bem e tinham integração social para as substituir por escolas que funcionavam pior gastando mais dinheiro (no fundo, a mesma opção de Marta Temido em relação às PPP da saúde), com base na ocultação da informação sobre custos por aluno e na mentira de que se iria poupar dinheiro ao Estado, zangava-se num debate de cada vez que alguém falava das responsabilidades do PS na gestão da Câmara de Lisboa.

O argumento, que foi um dos argumentos centrais da campanha eleitoral de António para as eleições que perdeu para Passos Coelho, é de que não vale a pena falar das responsabilidades do PS anteriores às últimas eleições porque isso já foi julgado nas últimas eleições (o que não a impediu, minutos depois, de falar da gestão de Santana Lopes e Carmona Rodrigues, claro, porque para o PS as regras aplicam-se aos outros, para o PS há sempre uma excepção perfeitamente justificada).

Esta opção não é uma opção pontual de Alexandra Leitão, pelo contrário, é uma opção de fundo da cúpula dirigente do PS que não aprende e que, por isso, nunca assumiu responsabilidades pelas opções políticas dos governos de Sócrates (as questões legais são outro assunto, mas a opção de gastar dinheiro à maluca, sem ter instrumentos para gerir a dívida, é uma opção política de Sócrates e do PS sobre a qual o PS nunca assumiu qualquer responsabilidade política, bem pelo contrário, assinou o memorando com a troica e logo que saiu do poder contestou todas as medidas de política que resultavam desse memorando assinado e negociado pelo PS).

Pedro Nuno Santos resolveu fazer uma demonstração clara desta cultura de irresponsabilidade política.

Disse Pedro Nuno Santos que havia um conflito insanável dentro do Conselho de Administração da TAP e que por isso concordou com uma rescisão em termos que lhe garantiam ser legais.

O que Pedro Nuno Santos se terá esquecido é de dizer que essa opção, que parece legítima a um leigo, e que é sem dúvida uma opção política, foi ocultada para evitar que a responsabilidade do pagamento fosse atribuída ao Governo, escolhendo sacrificar a Presidente do Conselho de Administração da TAP, usando-a como pára-raios político, atribuindo-lhe toda a responsabilidade pela situação.

Naturalmente, o bode expiatório revoltou-se e disse que era tudo treta, que havia responsabilidade política do Governo, e foi dessa divergência que resultou todo um imbróglio seguinte que poderá resultar numa indemnização muito maior ao bode expitaório usado como pára-raios para desviar a responsabilidade política.

Se Pedro Nuno Santos tivesse, desde a primeira hora, assumido a responsabilidade política que hoje demonstra no seu comunicado sobre a operação cheque in (a polícia judiciária deveria ganhar um prémio especial da Sociedade Portuguesa de Autores pela sua longa escolha de nomes fantásticos das operações em que participa), nem um décimo do estendal de absurdos associados à esta história teriam acontecido.

Fuga à responsabilidade política que não foi apenas de Pedro Nuno Santos, continuou por João Galamba, Fernando Medina e António Costa, como é habitual na cultura política do PS.

A coisa foi funcionando, mesmo que não muito bem, enquanto havia dinheiro e habilidade para ir distribuindo esse dinheiro de forma eleitoralmente eficaz, mas acontece que o contexto mudou e, aparentemente, o PS não percebeu.

Se continuar assim, a erosão eleitoral que o tem perseguido irá acentuar-se.


16 comentários

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De Pedro Oliveira a 25.09.2025 às 12:55

O partido socialista (português) está a caminho de se tornar irrelevante, tal como o gémeo francês, o parti-socialiste.fr 
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De Anónimo a 26.09.2025 às 17:07

Deus o ouça!
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De Carneiro a 25.09.2025 às 14:11

Tudo verdade.


Agora, pelo andar da actual governação, resta saber se a “erosão eleitoral” será só na encosta socialista ou também na encosta social democrata? Saber se esse estuário de enjeitados políticos terá capacidade para acolher a sedimentação?


A erosão, como o fogo, é tramada. Não perdoa arrogância e segue nas direcções que lhe convier!
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De cela.e.sela a 25.09.2025 às 14:48

o PS baseia-se no culto da personalidade e da irresponsabilidade.
30 anos depois do 'saloio de Boliqueime' ser defenestrado de PM por Soares das «DUAS BANCARROTAS» a dívida pública duplicou.
Sócrates « 3ª BANCARROTA» continua à solta. PNS destruiu o PS com a fobia Spinunviva montenegrina. Carneiro não acerta em relação ao futuro. para a candidata Leitão o mundo é todo seu tal como fizeram as 'cópulas' anteriores.  
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De Anónimo a 25.09.2025 às 23:22

Mais um burro que não sabe quem estava no governo anterior à bancarrota de 1983.
Essa é do PSD oh asno. As duas restantes são do PS.
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De cela.e.sela a 25.09.2025 às 15:30

Cencio Ognissanti, il protagonista, è un giovane di sinistra che decide di votare Silvio Berlusconi, il leader del centrodestra. Le ragioni che espone e i fatti incredibili che accadono in quegli anni consentono altresì di mettere a nudo tutti gli errori di una sinistra che non riesce a produrre il nuovo tanto atteso.
Bartolomeo Di Monaco in Cencio Ognissanti e la rivoluzione impossibile


Utopia de Tomás Morus
De optimo reipublicae statu, deque nova insula Utopia


ridendo castigat mores

"ridendo castigat mores"

"Mais vale um burro que me carregue do que um cavalo que me derrube". Esta frase encontra-se na "Farsa de Inês Pereira" da autoria de Gil Vicente 
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De Carlos Sousa a 25.09.2025 às 16:42

O PS terá culpas, claro. Mas culpar o PS por todos os males nacionais já parece aquele vizinho que reclama do barulho do elevador e põe a culpa no governo. A cultura política portuguesa é, toda ela, um festival de atirar responsabilidades como se fossem brindes no Santo António. O que vale é que os outros todos são uns anjinhos.
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De Anónimo a 25.09.2025 às 18:54

Mas quem nos governou durante os últimos 30 anos?
Remova os 4 anos do Pedro Passos Coelho em que foi a troika a governar, que foi o PS quem a chamou, o que lhe fica?
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De Luis a 25.09.2025 às 19:36


Lá vem a tentativa de branquear e desculpabilizar as "brincadeirinhas" do nosso tão querido Péiêsse. Eles fizeram umas maldades e terão as suas culpas mas... 
Do género, aquele gajo matou o Manuel mas estava a brincar e pensava que a arma não estava carregada, coitadinho!


Não foi o PS quem liderou o governo do país durante mais de 2/3 do tempo nas últimas 3 décadas? Então quem é o grande responsável pelas más governações? O PS que esteve todo esse tempo no poder e nos centros de decisão ou os outros que estiveram fora de ambos durante boa parte ou mesmo todo o tempo, dependendo do partido em questão?
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De Carlos Sousa a 26.09.2025 às 09:53

Se o PS governou mais tempo, é porque as pessoas foram lá, levantaram-se do sofá e votaram neles — talvez porque os “outros” partidos, nos raros intervalos em que se chegaram à frente só fizeram javardice.A culpa do PS é apenas ter restituído o dinheiro que o PSD roubou.
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De Anónimo a 26.09.2025 às 12:10

Não me diga que os que se levantaram do sofá disseram ao PS para governar mal e só fazer porcaria, e também disseram que queriam o Bloco e do PCP juntos com o PS.
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De Anonimo a 25.09.2025 às 18:16

Concordo a 101% com hps
Destruir escolas so porque são privadas e entregar hospitais com gestão de excelência ao sns por mera ideologia é crime lesa-patris.
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De vasco riobom a 25.09.2025 às 21:55

Dizer que o PS se está a tornar irrelevante parece-me perigoso,vejo "PS" camuflados por todos os cantos , aliás com apoio do PC / BE/ Livre!
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De Francisco Almeida a 26.09.2025 às 11:52

Concordando no essencial - a cultura de desresponsabilização do PS - discordo no fundamental. Diz HPS que o PS que a dada altura o PS tornou-se uma máquina de ocupação do poder. Mas a questão é que sempre o foi e sempre por motivos venais. Desde as negociatas de Macau às relações com a UNITA, nunca o PS foi outra coisa.
Mesmo o galardão maior do PS, a luta de Mário Soares contra o PC e a extrema-esquerda em 1975 foi por ter percebido que, se triunfassem, ocupariam o poder que o PS desejava. Se as motivações tivessem sido ideológicas e democráticas, nunca o PS teria aceite o branqueamento e recuperação dessa extrema esquerda sem ser responsabilizada pelos crimes do PREC. Aliás, quem pontificou na comissão nomeada pelo Conselho de Revolução para contrariar o "Relatório as Sevícia" foi Jorge Sampaio. Nem teria deixado o PC manter o poder sindical, nem Mário Soares teria demitido António Barreto de ministro da Agricultura.
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De Anónimo a 27.09.2025 às 05:41

Há muita verdade neste post mas como diria o outro; houve muita vida para além dessa verdade 


A "ocupação do poder" é uma verdade, de resto é genética geral, muita vezes é só tachismo para a rapaziada, mas o sistema SNS e isto é só um exemplo, é no essencial uma criação PS. 


Foi e é uma grande coisa e com todos os seus defeitos, um motivo de orgulho nacional. 


Idem para a educação que continuou e alargou o caminho iniciado no regime anterior.


E ao olhar o passado não esqueçamos O y Gasset "; é o homem e a sua circunstância".


Cabe aos homens de agora corrigir erros eventuais e continuar o caminho. 


Convém é que nao esqueçam os livros e sendo ao leme mais do que eles, estejam á altura. 
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De Anónimo a 01.10.2025 às 10:49

É tão verdade o que está no post que algum comentário contraditório é apagado.
É assim que os labregos reagem.

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