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O PS que não aprende

por henrique pereira dos santos, em 10.09.25

Nas democracias há eleições (não basta haver eleições para haver uma democracia, mas não há democracia sem haver eleições).

As eleições não servem para escolher os melhores e muito menos os mais puros, servem, em primeiro lugar, para remover os que as pessoas não querem no poder e, em segundo lugar, para escolher quem as pessoas querem ver, naquele momento, no poder.

As eleições são amorais, não são plebiscitos morais.

O PS, que perdeu a sua ligação à sociedade, evoluindo para um mero grupo de ocupação do poder, tem muita dificuldade em lidar com a ausência de poder, até porque não acredita que no quadro normal do combate político as suas hipóteses de voltar rapidamente ao poder sejam grandes.

Como confunde o que aparece na comunicação social com a sociedade, tem vindo a procurar ocupar o poder sem verdadeiramente convencer os eleitores, até porque teve um enorme êxito na última vez em que conseguiu fazer isso, quando António Costa, sem avisar os eleitores, formou um governo com um inesperado acordo político com forças políticas que no dia das eleições toda a gente estava convencida de que eram seus adversários.

Nessa altura, a generalidade da comunicação social engoliu a ideia de que era normal fazer-se uma coisa diferente do que o eleitorado pensava quando votou e o PS achou que o método dava menos trabalho que ganhar eleições, o que se tem manifestado numa deriva populista a propósito de questões morais, quer no caso Spinumviva, quer agora, a propósito do desastre do elevador da Glória.

O PS acha que uma peça como a deste jornalista, dizendo que Moedas mentiu, tem mais valor que o que diz Jorge Coelho ao minuto 2 desta outra peça, isto é, um jornalista acha que as pessoas comuns acreditam que que a única questão que se conhecia sobre a ponte de Entre-os-rios era o mau estado do pavimento e, por isso, tinha sido decidido fazer um ponte nova e o PS acha que conversa de treta desta faz as pessoas rejeitarem Moedas.

O problema de fundo do PS é que não consegue ganhar a câmara de Lisboa no combate político normal e, quando acontece um desastre, vê ali uma oportunidade para alterar os dados do problema, porque tem uma comunicação social justicialista a ladrar incessantemente às canelas de Moedas, sem se aperceber de que a credibilidade do jornalismo está abaixo da credibilidade dos políticos.

Perderam com Montenegro e o afunilamento da campanha eleitoral no caso Spinumviva e, mesmo assim, juntam um conjunto de pessoas em que ninguém confia (António Costa? Santos Silva? Alberto Martins? Ferro Rodrigues? Capoulas Santos?, a sério que é com estas pessoas a negarem o conhecimento que existia dos problemas da ponte de Entre-os-rios, largamente documentado, que o PS quer ganhar a câmara de Lisboa a Moedas?) para, com a ajuda da imprensa, negar a realidade e fazer um juízo moral que, evidentemente, não aplicam a um tal José Sócrates, o homem que nunca se demitia (e bem), mesmo que as conclusões posteriores apontassem para a extracção excessiva de areias, sector tutelado por este colega de governo que agora todos renegam, depois de anos a dar-lhe resultados eleitorais internos no partido que ultrapassam os 90% de apoio.

Todos ministros de um primeiro ministro que se demitiu para fugir do pântano, sem nunca assumir responsabilidades políticas nenhumas por ter deixado crescer o pântano.

Não aprendem mesmo, e isso gera uma chuva dissolvente sobre o PS, cujos estragos vão demorar a ser reparados.


27 comentários

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De henrique pereira dos santos a 10.09.2025 às 18:22

Haverá, o verbo haver não tem plural, no sentido em que o usou.
O resto tem o mesmo rigor.
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De Anónimo a 11.09.2025 às 11:56

"O resto tem o mesmo rigor", tal como tudo o que escreve, sempre que se atira para fora de pé.


Mas o que esperar de liberais ligados ao Estado?


Quanto ao português, o tempo existe, se no sentido não deve ser usado, irei esclarecer a questão com quem mais sabe.
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De Manel a 12.09.2025 às 16:25

E o que esperar de socialistas e comunas ligados ao estado é capaz de explicar?
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De Anónimo a 12.09.2025 às 17:35

Não sei, não me enquadro em nenhum dos grupos.
Nem sei  sequer o que é ser empregado do Estado.

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