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O problema do PSD

por Pedro Picoito, em 09.11.19

O problema do PSD é que a pessoa mais ou menos certa, ou certa assim-assim, ou sejamos-mesmo-muito-generosos-quase certa, tem a estratégia errada e as pessoas erradas têm a estratégia certa. Entre Rio e dois maçons, não tenho qualquer dúvida em votar Rio. Sim, é um preconceito, mas a vida ensinou-me algumas coisas e tenciono mantê-lo enquanto me restar um mínimo de racionalidade e decência (duas condições nunca definitivamente seguras, sobretudo na minha pessoa). Reparem que eu não disse que Montenegro e Pinto Luz são pretos ou gays (duas condições definitivamente seguras, embora não na minha pessoa, com as quais convivo bastante bem). Disse que eles são maçons e que não gosto disso, pelo menos enquanto me restar etc.

Ora, acontece que a estratégia de aproximação ao PS em nome das famosas reformas estruturais, criticada pelos não-pretos e não-gays Montenegro e Pinto Luz, é um erro monumental. Não apenas em termos eleitorais, como se viu, mas em termos políticos. Com o encosto da laranja à rosa e a queda no abismo do CDS, abriu-se à direita um enorme espaço que foi explorado pelos novos pequenos partidos. O Aliança não pegou, a Iniciativa Liberal não vai crescer muito porque já tem o que queria (alguém no Parlamento, como explicou o seu ex-Presidente quando foi tratar da vidinha), mas o Chega chegou para ficar. E isto já não é só um problema do PSD - é um problema do país.

Os temas do Chega são os clássicos da extrema-direita: desemprego, insegurança, imigração, antiparlamentarismo, "decadência do Ocidente". O nacionalismo ainda é pouco visível, mas há-de aparecer. A direita conservadora-liberal tem que lhes dar resposta, e uma resposta obviamente conservadora-liberal. Não vale a pena insistir que todos os indicadores estatísticos mostram que Portugal, comparado com outros países, não tem um desemprego tão alto, ou uma criminalidade que se veja, ou uma imigração que possa causar chatices, como faz a extrema-esquerda (à qual, de resto, interessa o crescimento do Chega, primeiro para colar a direita ao fascismo, um velho exercício autolegitimador, segundo porque lhes dá mais jeito combater uma direita que é o seu reflexo tribal no espelho partidário). Tudo isso  é verdade, mas estamos no terreno dos preconceitos alimentados pela CM-TV, de onde André Ventura saiu direitinho para S. Bento. Preconceitos muito mais irrealistas do que os antiaventalinhos. Mas, se tal vos tranquiliza a consciência, então esperem pela multiplicação dos Venturas. Ou das desventuras.

Não é preciso ser um génio (aliás, basta ser um Montenegro ou um Pinto Luz) para perceber que, se o PSD inflectir demasiado ao centro, caminha para o desastre. E com ele o país, repito. É esse o problema.

 

 


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