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Que me desculpem o “reductio ad hitlerum”, mas creio que o paralelismo pode ajudar a enquadrar a situação. Hitler chegou ao poder por via eleitoral e, quando invadiu a Polónia, contava com o esmagador apoio da população alemã, não apenas no sentido geral de sustentar o regime, mas também relativamente a essa ação bélica concreta.
As consequências para os civis alemães foram devastadoras. Muitas das ações dos Aliados tiveram pouca justificação do ponto de vista militar. No Ocidente, o bombardeamento de Dresden tornou-se o episódio mais emblemático. No Leste, sucederam-se horrores: do afundamento do Wilhelm Gustloff, a maior tragédia marítima civil da História, com cinco vezes mais vítimas do que o Titanic, ao massacre de Nemmersdorf, onde se registaram violações e assassinatos em massa de civis, incluindo mulheres, idosos e crianças.
Quando, a 7 de outubro, o Hamas, também ele eleito para governar Gaza, desencadeou o massacre em Israel, obteve igualmente o apoio da população (há estudos que confirmam que, em larga escala, a iniciativa foi acolhida com aprovação).
Hoje, Israel conduz uma operação militar com o objetivo de decapitar e desarmar o Hamas, além de libertar os reféns. Trata-se de uma guerra urbana, em que hospitais e escolas são deliberadamente utilizados como bases terroristas, o que torna inevitável um elevado número de baixas civis.
Ainda assim, Israel procura reduzir ao mínimo os danos colaterais, emitindo avisos prévios de ataque, uma prática que lhe custa o fator surpresa. O Hamas, pelo contrário, não só nada faz para proteger os civis como os utiliza sistematicamente como escudos humanos. Para eles, cada vida perdida não é uma tragédia, mas um recurso estratégico que alimenta a indignação do Ocidente “civilizado”. Sabem que, “por cá”, a sensibilidade é outra, e exploram-na com cinismo. Assim, cada lamento contra Israel, cada apelo ao boicote, transforma-se numa vitória para o Hamas, que lucra tanto com a morte dos jovens israelitas massacrados num festival de música como com a morte dos seus próprios conterrâneos.
Por que motivo evoquei os sofrimentos do povo alemão na Segunda Guerra Mundial? Não porque considere que um povo que apoia ofensivas bárbaras deve ser condenado a punição infinita. Não acredito nisso. Os horrores de Dresden ou de Nemmersdorf foram crimes em si mesmos. O que pretendo sublinhar é que, independentemente dos juízos morais, quando um povo apoia ataques bárbaros contra um adversário muito mais forte, deve ter consciência de que inevitavelmente se expõe a sofrer consequências terríveis, mesmo que esse adversário esteja “do lado certo” da História.
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