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Confesso que ao contrário de algumas feministas eu gostava de ter tido direito a ouvir uns piropos. Julgo aliás que a coisa mais próxima dum piropo que alguma vez ouvi remonta aos tempos da minha tenra infância, quando eu ia ao talho ou à mercearia fazer um recado à minha mãe. Infelizmente os galanteios provinham invariavelmente de senhoras com idade para serem minhas bisavós. Verdade seja dita, a gracinha acabou antes de eu chegar à puberdade. Aliás, sempre me custou a perceber o porquê das vizinhas velhotas me acharem tanta graça ao mesmo tempo que as miúdas da escola teimavam ser sempre tão reservadas e distantes no que ao assunto diz respeito. Entendi mais tarde que havia uma questão de “papéis”: afinal competia-me a mim ser duro, destemido e cortejador. Não muito convencido disso, ainda tive esperança de usufruir de alguns benefícios da dinâmica igualitária da revolução sexual que teve particular impulso durante a minha juventude. Privilégios que fossem mais estimulantes do que lavar a loiça e cozinhar que então se juntavam aos tradicionais de ir buscar as minhas irmãs a casa das amigas, carregar com a bilha de gás e os sacos das compras. É muito azar: a revolução afinal foi demasiado lenta e não será certamente agora, pai de família careca e consumido por mais de cinquenta anos de erosão que me habilito a ouvir um piropo atrevido.
Vem isto a propósito desta notícia do DN, referindo que desde Agosto um piropo possui carácter de "propostas de teor sexual" com relevância criminal. É uma pena: se estou convencido de que não é com decretos-lei que se irá acabar com a perversão humana, acredito que com o moralismo se pode acabar com muita boa disposição.
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