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"Quem observar os números pode observar uma coisa , que sempre quiseram negar, muitos, o brutal efeito que teve o fecho das escolas na diminuição dos contágios... Se abrirem nas mesmas condições e sem testagem voltaremos ao mesmo!"
Este é um comentário num post anterior aqui do Corta-fitas, mas comentários destes são aos pontapés em todo o lado. Ontem era alguém a dizer, noutro lado, que não é preciso ter um QI muito elevado para perceber que haver dois milhões de pessoas que deixam de circular, claro que tem de ter impacto.
Só que isto não é uma questão de QI, é uma questão de informação.
Portanto, o melhor é ir aqui, onde estão os relatórios semanais do Instituto Ricardo Jorge sobre a curva epidémica e a transmissibilidade, e ver com os próprios olhos o que lá é dito sobre a curva epidémica - não a dos gráficos fatelas que eu uso para ir, rápida e grosseiramente, procurando entender o que se passa, mas sim a curva corrigida com a recolocação dos casos em função do início de sintomas - em cada semana, incluindo o cálculo do famoso R(t), que mede a transmissibilidade da infecção em cada momento (é preciso ter a noção de que este parâmetro é calculado indirectamente e à posteriori, portanto a sua leitura tem de ser feita com algum cuidado).
A curva epidémica aponta para um pico de casos no dia 18 de Janeiro (esperarei pelo relatório do dia 12 para me certificar que o pico continua aqui, do que duvido) e do R(t) é dito:
"Recentemente observou-se um aumento acentuado do R(t) em poucos dias (6 dias), tendo passado de 0,96 (IC95% 0,95 a 0,98) a 25.12 para 1,21 (IC95% 1,19 a 1,24) a 30.12, ou seja, um aumentou 0,25. Este aumento do R(t) indica o início de uma nova fase de crescimento da incidência de SARS-CoV-2.
Depois de dia 01.01.2021 observou-se um período de decréscimo do R(t), tendo passado de 1,23 (IC95% 1,20 a 1,26) a 01.01.2021 para 1,12 (IC95% 1,10 a 1,14) a 12.01.2021. Entre 12.01.2021 e 18.01.2021 observou-se um aumento do R(t) de 1,12 para 1,16.
Desde dia 18.01.2021 que se observa uma redução acentuada do R(t) de 1,18 (IC95% 1,16 a 1,20) para 0,87 (IC 95% 0,86 a 0,88) a 31.01.2021 (em 14 dias diminuiu 0,31). Este resultado representa uma tendência decrescente da incidência de SARS-CoV-2 em Portugal."
A menos que alguém esteja disposto a explicar como é que um acontecimento a 22 de Janeiro tem efeitos a 18 de Janeiro, parece evidente que "quem observar os números" só pode concluir que o fecho de escolas pode não ter sido inútil (no sentido que poderá, em tese, ter acentuado a descida do R(t), embora não se veja na curva o menor sinal de se ter alterado a partir desse dia), mas seguramente não foi nem a causa da descida da transmissibilidade, nem teve um efeito decisivo no que se está a passar.
Claro que para quem não queira ver, não há luz suficientemente forte que permita revelar a realidade.
PS - O que era de valor era o Instituto Ricardo Jorge publicar o mesmo gráfico do R(t) onde coloca umas barras verticais com medidas administrativas, substituindo as medidas administrativas pela alteração das condições sinóticas ao longo do tempo, sempre se avaliava o que adere melhor às variações do R(t). Podiam pedir ajuda ao Instituto Dom Luís, que tem muita prática de avaliações desse tipo
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