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O pior cego

por henrique pereira dos santos, em 08.02.21

"Quem observar os números pode observar uma coisa , que sempre quiseram negar, muitos, o brutal efeito que teve o fecho das escolas na diminuição dos contágios... Se abrirem nas mesmas condições e sem testagem voltaremos ao mesmo!"

Este é um comentário num post anterior aqui do Corta-fitas, mas comentários destes são aos pontapés em todo o lado. Ontem era alguém a dizer, noutro lado, que não é preciso ter um QI muito elevado para perceber que haver dois milhões de pessoas que deixam de circular, claro que tem de ter impacto.

Só que isto não é uma questão de QI, é uma questão de informação.

Portanto, o melhor é ir aqui, onde estão os relatórios semanais do Instituto Ricardo Jorge sobre a curva epidémica e a transmissibilidade, e ver com os próprios olhos o que lá é dito sobre a curva epidémica - não a dos gráficos fatelas que eu uso para ir, rápida e grosseiramente, procurando entender o que se passa, mas sim a curva corrigida com a recolocação dos casos em função do início de sintomas - em cada semana, incluindo o cálculo do famoso R(t), que mede a transmissibilidade da infecção em cada momento (é preciso ter a noção de que este parâmetro é calculado indirectamente e à posteriori, portanto a sua leitura tem de ser feita com algum cuidado).

A curva epidémica aponta para um pico de casos no dia 18 de Janeiro (esperarei pelo relatório do dia 12 para me certificar que o pico continua aqui, do que duvido) e do R(t) é dito:

"Recentemente observou-se um aumento acentuado do R(t) em poucos dias (6 dias), tendo passado de 0,96 (IC95% 0,95 a 0,98) a 25.12 para 1,21 (IC95% 1,19 a 1,24) a 30.12, ou seja, um aumentou 0,25. Este aumento do R(t) indica o início de uma nova fase de crescimento da incidência de SARS-CoV-2.

Depois de dia 01.01.2021 observou-se um período de decréscimo do R(t), tendo passado de 1,23 (IC95% 1,20 a 1,26) a 01.01.2021 para 1,12 (IC95% 1,10 a 1,14) a 12.01.2021. Entre 12.01.2021 e 18.01.2021 observou-se um aumento do R(t) de 1,12 para 1,16.

Desde dia 18.01.2021 que se observa uma redução acentuada do R(t) de 1,18 (IC95% 1,16 a 1,20) para 0,87 (IC 95% 0,86 a 0,88) a 31.01.2021 (em 14 dias diminuiu 0,31). Este resultado representa uma tendência decrescente da incidência de SARS-CoV-2 em Portugal."

A menos que alguém esteja disposto a explicar como é que um acontecimento a 22 de Janeiro tem efeitos a 18 de Janeiro, parece evidente que "quem observar os números" só pode concluir que o fecho de escolas pode não ter sido inútil (no sentido que poderá, em tese, ter acentuado a descida do R(t), embora não se veja na curva o menor sinal de se ter alterado a partir desse dia), mas seguramente não foi nem a causa da descida da transmissibilidade, nem teve um efeito decisivo no que se está a passar.

Claro que para quem não queira ver, não há luz suficientemente forte que permita revelar a realidade.

PS - O que era de valor era o Instituto Ricardo Jorge publicar o mesmo gráfico do R(t) onde coloca umas barras verticais com medidas administrativas, substituindo as medidas administrativas pela alteração das condições sinóticas ao longo do tempo, sempre se avaliava o que adere melhor às variações do R(t). Podiam pedir ajuda ao Instituto Dom Luís, que tem muita prática de avaliações desse tipo


8 comentários

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De Antonio Maria Lamas a 08.02.2021 às 09:04

O próprio Dr. Simas veio  ontem dizer, e disseminado por toda a comunicação social, que Portugal ficava na história como o país que mais rápidamente tinha controlado a (chamada ) terceira vaga.
Não tendo o senhor como parvo nem estupido, só posso crer ser uma tentativa (conseguida?) de encobrir e desculpar o erro do fecho das escolas.
Ou seja, o confinamento "light" era mais que suficiente, parece-me a mim um reputadíssimo ignorante na matéria, mas não iletrado e com capacidade de compreender que 2 é menos que 4.
PS. Obrigado ao HPS de partilhar connosco os seus artigos.



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De balio a 08.02.2021 às 12:10


Portugal ficava na história como o país que mais rápidamente tinha controlado a (chamada ) terceira vaga


Se se olhar para a curva do número de novos casos em



https://www.google.pt/search?sxsrf=ALeKk017EdcFlUgSrjzwZ6cWhiPuMlIIyA%3A1612785923363&source=hp&ei=AykhYMn9E8mV8gKZpISgCQ&q=covid-19+numbers&oq=&gs_lcp=CgZwc3ktYWIQARgDMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnMgcIIxDqAhAnUABYAGDcEWgBcAB4AIABAIgBAJIBAJgBAKoBB2d3cy13aXqwAQo&sclient=psy-ab


vê-se que, com alguma sorte, em menos de uma semana teremos regressado ao número de casos diário que tínhamos no princípio da terceira vaga, isto é, a 28 de dezembro.


Põe-se então a importante questão: que fará o governo nessa altura? Continuará a torturar a população - especialmente as empresas - com medidas restritivas, nessa altura já injustificáveis? Ou eliminará essas medidas?
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De Anónimo a 08.02.2021 às 16:01

Eu sei que o gajo é estúpido e parvo. Bastará ler as 'galgas' que tem escrito.
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De Anónimo a 08.02.2021 às 10:03

As pessoas que defendem as escolas fechadas ou não trabalham ou não têm filhos... e pior nem se dão ao trabalho de analisarem dados que demonstram que não é por se fecharem em casa que o vírus eventualmente não as possa atingir.
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De balio a 08.02.2021 às 10:25

O comum das pessoas não olha para os cálculos de R(t) do Instituto Ricardo Jorge. O comum das pessoas (incluindo eu) vê que o pico de novos casos foi atingido a 28 de janeiro, cerca de uma semana após o encerramento das escolas.
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De Tiro ao Alvo a 08.02.2021 às 12:37

Cado um só vê o que quer ver. Mas os cegos vão veem  nada...
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De Anónimo a 08.02.2021 às 19:44

Antes do pico do dia 18/1, tinha havido um pico a 4/1, uma descida, e depois uma subida do R(t). Ou seja, a descida iniciada a 4/1 revelou-se não sustentada. Já a descida iniciada a 18/1 veio não só a revelar-se sustentada mas também acentuada. Que fator contribuiu para a sustentabilidade da descida iniciada a 18?
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De Anónimo a 08.02.2021 às 19:56

A análise dos números é extremamente importante, e os relatórios do IRJ dão um contributo muito relevante para a discussão informada. E têm sido disponibilizados muitos dados sobre n. de infetados, R(t), ..
Mas neste debate sobre o papel da escola estranho não serem disponibilizados dados sobre o n. de alunos infetados, alunos de quarentena, professores infetados, de baixa e de quarentena, turmas confinadas, ... Talvez ajudasse a perceber que o "confinamento" das escolas não começou efetivamente a 22. Porque é que não são disponibilizados esses dados?

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