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O pecado do tabaco (e outros)

por henrique pereira dos santos, em 15.05.23

"A sustentabilidade do sistema de saúde depende, por demais, da promoção da saúde e prevenção da doença. ... Devemos assumir, como outros países já fizeram, uma meta de tabagismo zero. As propostas de medidas são boas, mas ainda terão de ir mais longe ... Mais do que proibir a venda em máquinas que, obviamente, não deverão estar disponíveis em determinados locais, será bom considerar que a venda de tabaco, em locais autorizados, só se faça através de máquinas automáticas com controlo de idade por documento como o cartão de cidadão e com limitação do número de maços passíveis de aquisição por dia (1 a 2). Infelizmente ... a educação para a saúde tem funcionado para incentivar os adultos a deixar de fumar e não tem sido capaz de conter a entrada no vício de novos fumadores jovens. ... Não podemos criticar a falta de resposta dos serviços de saúde e, ao mesmo tempo, não apoiar as medidas de combate ao tabaco e álcool. Ainda nos falta avançar no combate ao álcool com a proibição de consumo na via pública (como se fez durante a pandemia) ... Haja coragem e força para lutar pelo que é cientificamente certo e socialmente justo. ... Neste caso, de defesa de uma garantia constitucional, não é relevante saber quando muda o Governo, nem discutir se a questão é de esquerda ou de direita. É de todos e é para avançar já! Sem hipocrisias."

Gosto de ler as opiniões de Fernando Leal da Costa quando são sobre saúde e sistemas de saúde.

Mas, ao contrário do que se possa pensar, as opiniões acima não são sobre saúde ou sustentabilidade de sistemas de saúde, são opiniões morais e de orientação moral, nada mais que isso.

A ideia central é a de que a sustentabilidade do sistema de saúde depende das escolhas de vida de cada pessoa e, consequentemente, é legítimo ao Estado (se quisermos ser mais moderados, à sociedade) a imposição de medidas coercivas de limitação da liberdade dos indivíduos para garantir um bem maior: o direito à saúde de terceiros, que se materializa pela sustentabilidade dos sistemas de saúde.

Num passe de mágica, os sistemas de saúde deixam de servir para apoiar as pessoas, tal como elas são e escolhem viver, são as pessoas que têm de ser obrigadas a comportar-se de acordo com os limites de sustentabilidade dos sistemas de saúde.

Sobre isso, tenho algumas novidades a dar, apesar de serem novidades com milhares de anos.

Os interditos existem desde que existe gente, os sistemas de repressão sobre quem viola esses interditos também, as razões - o que é científico e socialmente justo - também, mas desde sempre as pessoas violaram esses interditos, mesmo quando lhes estavam associadas penas tão graves como a pena de morte.

"Por serem fiéis a um deus, a um pensamento, a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas à fome irrespondível que lhes roía as entranhas, foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido, ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória."

Não, esta citação já não é de Fernando Leal da Costa, é de Jorge de Sena, que sabia o que era a "a fome irrespondível que lhes roía as entranhas", um pormenor que Fernando Leal da Costa resolve rapidamente com um "É de todos e é para avançar já! Sem hipocrisias".

Não, meu caro, não é de todos, é de cada um e é a cada um que compete decidir o que quer fazer da sua vida.

O limite não é o que é científico e socialmente justo, o limite é "a fome irrespondível" do outro, nada mais que isso.

Não entro sequer na discussão sobre o que há de científico em ter praias livres de fumo, nem o que há de socialmente justo em obrigar os velhotes das aldeias a inventar soluções para ter acesso a tabaco quando a tabacaria mais próxima está a dez quilómetros de distância (eu sei, eu sei, vão nascer tabacarias como cogumelos pelo país, não sei o que distingue uma tabacaria de um café, mas de certeza que haverá um cantinho do café que rapidamente, com um tabique qualquer, passa a tabacaria, todos sabemos disso e todos sabemos que na verdade este tipo de medidas maximalistas são essencialmente sinalizações de virtude, a que a inventividade das pessoas comuns se encarregará de dar uma resposta que sirva as pessoas comuns), o que me interessa é mesmo o essencial: com que direito moral o Estado ou a sociedade se arroga o direito a impôr, coercivamente, uma visão moral a terceiros cujas escolhas só afectam o próprio?

Escusam de vir com a conversa da sobrecarga dos serviços de saúde: a antecipação da morte aumenta muito a sustentabilidade dos sistemas de segurança social.



44 comentários

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De Anonimo a 15.05.2023 às 09:27


Há dois pontos na discussão: a protecção própria, e a de terceiros.
Quanto à segunda, nada a dizer. Os fumadores que fumem para si. Quando estão numa esplanada, que mantenham o cigarro próximo de si e dos seus, para absorver tudo o que tem de bom. Ainda sou do tempo (.....) em que havia nos comboios carruagens para fumadores e não fumadores. EStas rapidamente esgotavam, mas não era que a meio da viagem bastantes passageiros se levantavam para ir fumar nos locais próprios? Nunca percebi, se fumam, por que não apreciam totalmente as consequências.
Quanto à primeira... não quero um Estado que imponha o que devo ou não devo fazer, desde que não prejudique terceiros. Tabaco, álcool, enchidos, reality shows, cada um faz as suas escolhas e vive com elas. E o peso no SNS? Ora se vamos viver segundo uma lei da saúde, já agpra que se imponha o exercício físico obrigatório.
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De Anónimo a 15.05.2023 às 12:44


Vejamos:
https://visao.sapo.pt/visaosaude/2021-09-21-medicamento-que-simula-efeitos-do-fumo-do-cigarro-reduz-a-capacidade-do-sars-cov-2-de-entrar-nas-celulas/
Ou então:

https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.06.12.20129825v1.full.pdf

Quando apareceu a palermia, os fariseus anti-tabágicos apressaram-se a procurar fumadores nas estatisticas COVID.
A surpresa foi grande: os fumadores não apareciam, ou em percentagens muito abaixo das esperadas ou relacionadas à proporcionalidade da população...
Sou fumador, não é de qualquer forma uma apologia do acto de fumar, mas ilustra como esta "ciência" dos "iluminados"... tem coisas.
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De Ricardo A a 15.05.2023 às 14:58

"com que direito moral o Estado ou a sociedade se arroga o direito a impôr, coercivamente, uma visão moral a terceiros cujas escolhas só afectam o próprio?" ---------------- Excelente questão. 

O Estado françês(agora como exemplo não relacionado à saúde e à questão do tabaco) diz por meio do seu actual governo centrista-globalista que 'quer sancionar jogadores que se recusaram envergar camisola com as cores do arco-íris '.  Do sapo executive digest. 
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De Zé raiano a 15.05.2023 às 09:33

o desgoverno devia preocupar-se com o crescimento económico e o bem estar dos sem abrigo.
com a falta de água ainda vão proibir os contribuintes de mijar.
em vez de cereais vão autorizar a cultura da Cannabis.

Sebastian Brant - Das Narrenschiff 

(https://www.projekt-gutenberg.org/brant/narrens/narrens.html)
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De balio a 15.05.2023 às 09:34


a antecipação da morte aumenta muito a sustentabilidade dos sistemas de segurança social


Exatamente. O vício tabagista é muito benéfico para a Segurança Social. No limite, acontece como a uma (aliás excelente) pessoa que conheci, que morreu aos 66 anos de cancro do pulmão sem ainda ter atingido a reforma.
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De balio a 15.05.2023 às 09:38


uma visão moral a terceiros cujas escolhas só afectam o próprio


Isso não é bem assim. O tabagismo afeta bastante as outras pessoas, embora tanha afetado ainda muito mais no passado. Ainda há três dias ardeu uma pequena parte de um eucaliptal meu (felizmente estava limpo, o dano terá sido nulo) devido, com 95% de probabilidade, a uma beata que terá sido lançada de um automóvel em movimento. E são sem conta as vezes que tenho que parar no meio da rua, à espera que se afaste de mim uma pessoa que vai a fumar, espalhando o seu caraterístico fedor.
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De G. Elias a 15.05.2023 às 13:41

Curiosidade minha, qual é a base para concluir que uma beata foi a causa e já agora como se chega ao valor de 95%?
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De balio a 15.05.2023 às 14:24


A propriedade ardeu num fundo onde não passa nenhum caminho, mas que dá para uma via rápida. (Aliás, a via rápida está vedada por arame farpado.)
Só há duas alternativas, ou um cigarro atirado da via rápida, ou fogo posto por alguém que foi de propósito para ali pô-lo naquele canto.
Mas pôr fogo ali é estúpido, porque qualquer pessoa que passe na via rápida vê a arder e chama os bombeiros.
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De umnome a 15.05.2023 às 09:48


O tabaco provoca muitos AVC, frequentemente incapacitantes. Aliás muitas vezes um AVC incapacita 2 pessoas, quem o tem e quem de cuidar de quem o tem.

Há estudos na área da saúde pública sobre o real custo do tabaco para a sociedade e para as contas públicas. O saldo é fortemente negativo.

Restringir o consumo do tabaco é a consequência lógica de de termos saúde pública. 
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De henrique pereira dos santos a 15.05.2023 às 10:11

Todos esses estudos omitem o ganho para a segurança social que advém da morte prematura.
O que está em causa no post não tem nenhuma relação com as vantagens da restrição do consumo de tabaco, mas sim com a imposição coerciva de limitações à liberdade de terceiros, evidentemente não há nenhuma relação entre haver ou não praias livres de fumo e as despesas dos sistemas de saúde.
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De balio a 15.05.2023 às 12:06


a imposição coerciva de limitações à liberdade de terceiros


Quais terceiros?


O Estado (primeiro agente) coage a liberdade do fumador (segundo agente). Os transeuntes (os terceiros agentes) não ficam com a sua liberdade coagida.


Eu, que sou um terceiro, não vejo a minha liberdade limitada, de forma nenhuma, pelo facto de um fumador ser impedido de fumar à porta do restaurante que frequento.
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De Anonimo a 15.05.2023 às 13:04


"Todos esses estudos omitem o ganho para a segurança social que advém da morte prematura."


Esse ganho só é calculado com métricas a olho. Se alguém  morrer antes da idade da reforma, deixa de contribuir (despesa). Se alguém for diagnosticado em idade contributiva, deixa de contribuir e recebe baixa (despesa). Falecendo quando "só dá despesa", há que contabilizar a diferença para a esperança de vida, mais subsídio de viuvez (despesa). Não é só somar 2 e 2.


"mas sim com a imposição coerciva de limitações à liberdade de terceiros,"


De terceiros não mamarem com fumos em estabelecimentos de restauração ao ar livre? Certo...


A possibilidade de não se fumar em locais PÚBLICOS é apenas o Estado a confirmar que faz leis e não as consegue cumprir. Sendo o problema a beata na areia ou no eucaliptal do balio, já existem leis que punem esses actos. Só que como em 99% do palavreado do DR, é para ler, não para fazer.
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De henrique pereira dos santos a 15.05.2023 às 10:14

Quanto aos AVC, não sei se reparou que esse argumento serve para proibir a televisão (o sedentarismo tem muito mais relevância para os AVC que o tabaco), ou os elevadores (para obrigar as pessoas a subir escadas), ou os carros (para obrigar as pessoas a andar a pé), as batatas fritas, o sal, o açúcar, etc..
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De umnome a 15.05.2023 às 18:04


Por alguma razão os carros e os combustíveis estão tão penalizados fiscalmente. O açúcar começa a sê-lo agora e vai ser ainda mais no futuro.



O sal pode ser bom ou mau, conforme a quantidade usada. O tabaco é sempre mau.



Dou-lhe o conselho que dá aos outros quando eles falam das áreas da sua especialidade. Não julgue que os estudos estão mal feitos, que quem os fez foi incompetente.

Cada vez mais o cancro é uma doença crónica.
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De henrique pereira dos santos a 16.05.2023 às 07:21

Eu não disse se os estudos são bons ou maus, disse uma coisa que pode verificar: a generalidade desses estudos omitem os ganhos da morte prematura para o sistema de segurança social.
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De Maria Manuela a 16.05.2023 às 03:07

Subscrevo completamente!!!
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De Anónimo a 15.05.2023 às 12:26

O custo para a saúde pública das comorbilidades geradas pelo consumo de veneno em estado líquido chamado Coca Cola e plástico a embrulhar carne fétida chamada Mc Donalds já estão quantificados há muito, em abundantes estudos. E daí? Alguém se preocupa?
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De Maria Manuela a 16.05.2023 às 03:09

Exactamente!!! E muitos outros exemplos poderia ter dado.
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De Anónimo a 16.05.2023 às 18:46

A Coca-Cola tem ph=2.7 e toda a gente bebe daquilo aos litros com o estômago vazio...
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De G. Elias a 15.05.2023 às 13:46

O governo não pretende reduzir o consumo de tabaco, aliás nem lhe convém, porque o imposto sobre o tabaco ainda representa uma boa maquia em termos de receita fiscal.


O que o governo quer é fingir que quer reduzir o consumo de tabaco e por isso inventa umas medidas que supostamente vão ter um grande impacto e depois na prática fica tudo igual.


"If we want everything to stay as it is, everything has to change.", Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Il Gattopardo
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De balio a 15.05.2023 às 10:12


a sobrecarga dos serviços de saúde


Não é para mim claro que o tabagismo sobrecarregue os serviços de saúde. Os tabagistas tendem a morrer de cancro do pulmão, o qual quase sempre é detetado irremediavelmente tarde, não chegando a ser tratado e levando à morte em poucos meses, dando pouco trabalho aos serviços de saúde. Se as pessoas não fumassem envelheceriam mais e provavelmente acabariam por ter outros cancros que exigiriam tratamentos mais prolongados e dispendiosos do que o do cancro do pulmão.
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De Maria Manuela a 16.05.2023 às 03:11

Tal e qual!
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De Alexandre N. a 15.05.2023 às 11:42

Este tipo de medidas não é mais que uma forma de mostrar o que é a nova democracia.
Ao cidadão, a pouco a pouco vão sendo retiradas liberdades e o povo aplaude.
Agora é o tabaco, amanhã será o álcool, depois a carne, depois até o café e quando se derem conta estão reféns de uma minoria que decide por uma maioria.
O livre arbítrio está a desaparecer.
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De lucklucky a 15.05.2023 às 13:07


"...it is unquestionable better they continue to die at present rate.."

"...because of those smokers, who voluntarily laid down their lives for their friends (to fund our social medical services.) ..."

https://www.youtube.com/watch?v=p1DviQ9mva0



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De gap a 15.05.2023 às 15:21

Olhem mais um muito preocupado com a saúde dos outros.
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De Anónimo a 15.05.2023 às 16:14

Isto está tudo pelas horas da morte. É a carestia, é a inflação, é essa lei vergonhosa do tabaco... Há dias veio a terreiro a descriminalização do proxenetismo, a actividade do proxeneta a que vulgarmente chamamos chulo.O chulo é o gajo marginal que selecciona umas quantas putas e vive da actividade das ditas, a prostituição. 
Acho bem. Vamos dar espaço a essa virtuosa profissão de chulo. Vamos às putas.

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