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Antes de mais, gostaria de deixar claro que não faz sentido nenhum admitir-se que há uma cabala, só pessoas psicologicamente perturbadas, como Sócrates, é que se socorrem de teorias de conspiração para se defenderem de acusações.
De resto, nesta história toda de Montenegro, o único sítio em que se discute a teoria da cabala é num texto do Observador, sem uma única citação identificável, portanto, sem nenhuma certeza de que não seja tudo invenção do jornalista, incluindo as citações de terceiros que nem temos a certeza de que existam.
Este post começou a nascer na minha cabeça com uma notícia do Observador.
Depois de um dia ou dois a ser encharcado com a abertura de uma averiguação preventiva pelo ministério público, em função de três denúncias anónimas sobre a empresa da família Montenegro, fico a saber que denúncias são essas.
A primeira esgota-se no envio de uma fotocópia da primeira página do Expresso, nada mais que isso.
A segunda, é uma denúncia de de procuradoria ilícita, uma invenção de Alexandra Leitão (não a denúncia, mas a interpretação jurídica que suporta a acusação), denúncia essa sempre inútil porque a investigação do crime depende de queixa de interessados ou da Ordem dos Advogados.
A terceira é uma coisa qualquer de Ana Gomes sobre o papel dos casinos no branqueamento de capitais, sem nenhuma relação concreta com o assunto.
Acresce que li a primeira página do Expresso ("Montenegro prometeu, mas não entregou faturas da casa de Espinho à Polícia Judiciária"). Tanto quanto percebi, parece que o Expresso tem duas primeiras páginas diferentes.
Fui ler a notícia e parece que Montenegro entregou tudo à câmara e ao fisco, que a polícia judiciária consultou tudo e concluiu que não havia problema, mas o jornalista (e toda a estrutura editorial do Expresso) acha muito relevante que Montenegro tenha dito que ia entregar tudo à justiça e afinal tenha entregado às entidades competentes.
Para além de continuar a não dizer quanto foi o custo final da casa, coisa que o jornalista acha muito importante.
Para já não falar nas notícias diárias do Correio da Manhã, sugerindo esquemas (hoje era que os fiscais da câmara de Lisboa tinham sido aconselhados a não ir fiscalizar as obras das casas de Montenegro) levados a cabo por Montenegro, mas que nunca são confirmadas posteriormente, pelo menos, nos termos apresentados pelo jornal.
E ainda vou lendo comentadores, como Susana Peralta, hoje, no Público, que escreve esta coisa extraordinária "Mas será inconcebível que o lucro de uma empresa represente 87% da facturação?", sugerindo que é isso que se passa na empresa da família Montenegro, quando a informação sobre facturação e resultados líquidos é conhecida desde o debate da moção de censura do Chega, informação prestada por Montenegro nessa altura, e não tenho nenhuma relação com o que escreve Susana Peralta. Note-se que um zé dos anzóis como eu, a escrever num blog obscuro como eu, pode confundir conceitos económicos base ao ponto de chamar lucro a outra coisa qualquer, mas Susana Peralta é uma economista, professora de economia, numa das melhores escolas de economia e gestão do país.
A que propósito é que alguém convida Ana Gomes para comentadora do que quer que seja, se toda a gente sabe, de ginjeira, como funciona, ao ponto de não ser surpreendente que Ana Gomes apresente uma denúncia anónima sobre o matéria lateral, com o único objectivo de denegrir terceiros? Ou Anabela Neves?
Tenho ali guardada uma intervenção recente de Manuel Pinheiro para a ver depois das eleições do dia 18 de Maio, para ver se se confirma a minha tese de que a arrogância e auto-convencimento dos que decidem na comunicação social é um dos factores mais relevantes na promoção deste pântano mediático que se está nas tintas para a realidade, desde que possa ir alimentando histórias.
Sim, o nosso sistema político é fraquinho e muito permeável ao tráfico de influências e à corrupção, mas, em grande parte, limita-se a reagir a um contexto social, em que os jornalistas têm fortes responsabilidades na qualidade do debate público, que é miserável.
Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para a forma como a generalidade da imprensa triturou Passos Coelho tanto quanto conseguiu, para agora o usar no papel de D. Sebastião para triturar Montenegro.
E para a forma simpática como sempre tratou Sócrates e António Costa, ao contrário de António José Seguro.
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Passos tentou!?Aumentou impostos, criou novos. Alg...
Claro. Tudo será cabal e integralmente esclarecido...
> Tudo uma hipótese completamente absurda, clar...
Clara manobra de diversão para fingir que todos sã...
Vamos ver o que diz agora a imprensa sobre a dita ...