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9 de Maio de 1918, Sidónio toma posse como Presidente da República. Celebrizou um estilo, criou um mito, modernizou a política fechada em torno do eixo partidocrático viciosos, que mesmo na República se arrastava com outros nomes e protagonistas, contudo a mesma "clasa discutidora" (como apoucava Donoso) desde a monarquia dita liberal.
Dizem alguns que antecipou o século XX, ignorando que D. Carlos protagonizara brevemente um mesmo ensejo, a sua "revolução desde cima", também partilhada por João Franco e Oliveira Martins, vai ter em Sidónio um arauto. Dizem que foi "pré-fascista" ou antecipou Mussolini, o que parece exagerado, o modelo bonapartista era já um velho folclore, de Napoleão I a Napoleão III, até mesmo Bismarck. A manipulação do sufrágio universal para plebiscitar o poder, os banhos de multidão para legitimar a autocracia, em tudo o "cesarismo" definia um modelo. Nada de novo existe. 1800 anos antes de Napoleão, Júlio César emprestara o nome que mais tarde Augusto representou na definição de um sistema. A antiguidade clássica ensinou os modernos, como dizia Marx a Revolução Francesa fez-se "em vestes Romanas".
Em Portugal talvez fosse novidade, e nisso Sidónio teve repercussão. Mas reduzir Sidónio ao "ditador" deixa de fora muito da complexidade da sua acção. Afinal o que chamamos "populista" em Sidónio mais não era do que a dinamização democrática que procurava alargar a participação política às bases. Foi republicano convicto, nunca virou a casaca, mesmo quando o intitularam "Presidente-Rei" (epíteto poético sem dúvida que nada deve à sua verve) tal como Napoleão III fora o "Príncipe-Presidente" (fazendo-se depois plebiscitar Imperador).
No sentido castrense prussiano encontrou a pompa e glória. Bem concretizava as palavras de Oliveira Martins "uma ideia contendo um sabre". Ao contrário de Salazar alimentava-se das ovações populares, porquanto o futuro e perpétuo cônsul da República, o Presidente do Conselho, não tivesse ilusões relativamente às massas, pessimista como era em relação à condição humana.
Face ao manancial de referências, muitos ignoraram a influência do modelo político americano em Sidónio. Curioso, para alguém acusado de "germanófilo". O certo é que o executivo presidencialista de Sidónio regia-se já pelo figurino presidencialista dos Estados Unidos (conforme lembrou Armando Malheiro da Silva). Aliás, António Paes, filho de Sidónio, ofereceu a Luís de Freitas Branco o último livro lido pelo Presidente (seu pai) momentos antes de ser assassinado, nada mais do que uma obra sobre o Presidente Wilson. Pequenas notas marginais a um pensamento muito mais complexo e a um estilo político que terá ido beber a várias fontes.
Pena que um ano de presidência não baste para explicar tudo, nem para desenvolver muito, contudo as premissas fundamentais permaneceram: um executivo forte, um modelo carismático, a centralização do poder, o "populismo" como arma de legitimação. Sidónio foi um relâmpago (breve e fugaz) no século XX Português.
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