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O mito da oposição que não presta

por henrique pereira dos santos, em 23.07.23

Não sei como funciona nos outros países que eu não me consigo libertar deste meu provincianismo ("o que quer que vistas, pareces que vens sempre da rega", na judiciosa observação de um dos meus irmãos, penso que quando eu estava a chegar a um casamento).

O que sei é que em Portugal é normal alguém dizer que Costa tem estado a governar pessimamente porque a oposição é miserável.

Alguém acha mesmo que Passos Coelho ganhou as eleições a Sócrates, por fazer uma oposição galvanizadora?

Alguém acha mesmo que a primeira maioria relativa de Cavaco se ficou a dever ao enorme entusiasmo e qualidade da sua oposição ao governo a que se opôs?

Alguém acha mesmo que Sócrates, acabado de chegar ao topo do partido, ganhou as eleições a Santana Lopes porque fazia uma oposição de alta qualidade?

Alguém acha que Costa foi para o governo, acabado de fazer um golpe de Estado no partido (pese a incoerência de um golpe partidário, por definição, não ser de Estado), e continuando a opção golpista de fazer uma coligação que nunca anunciou na campanha eleitoral dessas eleições, por causa da excelente oposição que fez a Passos Coelho, o tal que foi arredado da chefia do seu partido ao som do coro partidário e mediático de que estava gasto e não conseguia fazer oposição de geito a Costa e à geringonça?

A mim parece-me mais simples pensar que um primeiro ministro que opta por condicionar um Conselho de Estado para ir ver um jogo de futebol, sem que isso tenha qualquer consequência para si próprio, para além de alguns resmungos como o deste post, é o primeiro ministro de um país que se está completamente nas tintas para as suas instituições e para a sua base colectiva institucional, razão pela qual o governo controla sempre, sempre, sempre, a evolução política e a base eleitoral de que depende.

Na medida em que o governo conseguir não descolar completamente da sua base eleitoral, o partido de que depende ganha eleições, na medida em que perder a ligação à sua base eleitoral, ou em que for obrigado a tomar decisões que impactam o dia a dia da sua base eleitoral de forma que essa base eleitoral considere negativa, perde as eleições.

António Costa é um rolha que, aparentemente, sabe mais sobre a arte de não fazer ondas que qualquer outro.

Essa é a razão pela qual acha mais importante tratar a selecção feminina de futebol de forma como trata a selecção masculina (de futebol, para o resto está-se nas tintas, como o país) que levar a sério um Conselho de Estado que nem os membros desse Conselho de Estado levam suficientemente a sério para baterem com a porta quando António Costa os trata da forma como tratou e Marcelo deixa que sejam tratados assim.


16 comentários

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De Anonimo a 23.07.2023 às 14:32

A Oposição não presta, como nunca prestou. Porque apenas e sempre se opõe. Verdade também é que, quando apresenta algo, é de imediato trucidada pela Oposição à Oposição, seja Governo seja bancada oposta. No fundo estão bem uns para os outros.
Casos concretos, o PSD não chega lá porque ainda é conotado como os tipos que roubaram o subsídio de férias e cortaram pensões. Porquanto, havendo pensionistas, FP e subsidiados de qualquer espécie a granel, o PS está garantido.
Já Costa, tem aquilo a que na bola se chama arbitragens simpáticas. As tropelias que ele e os seus fizeram já o tinham mandado abaixo como 10 Santanas e referenciado como o pior fascista desde o senhor de Santa Comba. Mas a CS (a que se junta uns quantos opinadeiros) prefere realçar a maravilha que é cabazes e electricidade subsidiada chegarem a 3 milhões, como se o elogio da miséria fosse novo desígnio nacional.
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De Martim Moniz a 23.07.2023 às 16:29

E o que resta é areia para os olhos. https://custojusto.pt/lisboa
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De Carlos a 23.07.2023 às 19:32

E o senhor anónimo não sabe que quem cortou nos salários da função pública foi o Sócrates. Tome memofante, amigo.
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De Anonimo a 24.07.2023 às 10:46

Tem toda a razão, nao deveria ter escrito que o Passos Coelho cortou nos salários da FP. Bem visto.
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De Zé raiano a 23.07.2023 às 15:09

« Países subdesenvolvidos possuem baixos indicadores de desenvolvimento social, são pouco industrializados e vulneráveis economicamente »


conselho aos dirigentes

Não olhes para trás que para trás mija a burra

(https://visao.pt/opiniao/a/antonio-lobo-antunes/2019-03-01-nao-olhes-para-tras-que-para-tras-mija-a-burra/)
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De Zé raiano a 23.07.2023 às 15:45

LA CORRUPCIÓN Patología Colectiva Edmundo González Llaca
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De Antonio Maria Lamas a 23.07.2023 às 16:01

Brilhante. 
A culpa desse desprezo também tem que ser imputada a Marcelo. 
Não tenho dúvidas que com qualquer dos anteriores presidentes, Costa não tinha a coragem (ou lata) de fazer metade do que tem feito. 
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De lucklucky a 23.07.2023 às 17:26

Só há duas oposições em Portugal, a realidade que é a principal e os jornais estes são de esquerda e extrema esquerda e pensam o mesmo sobre tudo.

Logo estamos num regime de partido único na prática. 
Sócrates só caiu porque a realidade interveio e os jornais de esquerda não tinham força suficiente para proteger o governo PS da intensidade dessa realidade. Já o tiveram em Pedrogão que teria derrubado qualquer governo de direita.
Nunca um governo de direita poderá governar com um programa de direita. Os jornalistas não vai deixar.


Mas a razão de fundo é porque a maior parte dos portugueses não pensa e tem preguiça em pensar  limitando-se a copiar as ideias mais populistas do momento. Socialismo é a mais Populista das ideologias.


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De passante a 23.07.2023 às 21:36

Os jornalistas não vai deixar.


Coitados, tristes coisas, cantam o que lhes mandam, se quiserem comer.



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De O apartidário a 23.07.2023 às 22:17

Os "jornalistas"(muitas aspas) não deixam,nem os bildebergs. 
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De Anónimo a 23.07.2023 às 20:21

Ora aí está! Até que enfim vejo alguém tocar nesse ponto. Como se pode consentir que uma instituição de Estado seja achincalhada e que seus membros sejam destratados? Pasmo como ninguém se levantou e bateu com a porta, num gesto de protesto e de indignação! E devia ir-se ainda mais longe: não bastava o gesto. A  seguir, dirigia-se a qualquer TV e em conferência de imprensa  explicava «à cidade e ao mundo» o escândalo e o que motivou  o  "incidente" de abandono do Conselho de Estado pelos seus membros. 
Ou então parece que o "habituem-se está a ter efeito...
Julgo que está na hora de este sujeito ser posto na ordem e no seu lugar. Se ele não sabe... pelo menos os portugueses ficavam a saber que há atrevimentos que, em democracia, não se admitem e têm de ser travados, por quem tem poderes institucionais para tal. 


E depois  a "central de comunicação e propaganda" que fizesse o seu trabalhinho _ de suar as estopinhas_ para tentar salvar a pele do provocador.

 
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De Anónimo a 24.07.2023 às 15:01

Não sei se a oposição é miserável ou não, mas sei que é demasiado  civilizada ou "bem comportada" para o calibre e estofo moral deste sr.que gosta da bola. Portanto, a oposição recusa-se a usar as mesmas armas e devia fazê-lo: "para vilão, vilão e meio". Logo, perdeu uma boa oportunidade de fazer manchetes com um escândalo destes de forma a causar uma irrupção súbita de indignação nacional. O dr.Costa, que não gosta de fazer ondas e encontra sempre formas escorregadias de se esgueirar de responsabilidades. Mas desta vez ia ver-se em apuros sem qualquer escapatória. 
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De Anónimo a 24.07.2023 às 10:02

 Marcelo apara todos os golpes baixos e desconsiderações de Costa. 
 Costa, como não tem uma visão institucional sobre nada, "esquece-se" que as  guerrilhas pessoais (que gosta de exibir publicamente),  ferem e humilham a imagem pública e pessoal de Marcelo. E as atitudes de Costa são reveladoras de um absoluto desconhecimento da separação dos órgãos de Estado e desrespeito pelas Instituições e seus representantes. É uma das fragilidades de Costa: confunde e mistura, por uma total incapacidade de separar a pessoa de Marcelo do cargo e funções que ocupa. Costa acaba por fazer um "pleno": desconsidera e desafia ostensivamente  todos eles _ a pessoa, o cargo, a função de Presidente da República e a própria Instituição que Marcelo representa. 
  
E os portugueses, que a tudo vão assistido, lá no fundo, percebem que Marcelo se pôs a jeito para perder a respeitabilidade que o lugar exige. Abdicou do seu dever de distanciamento e de imparcialidade e com isso perdeu a «gravitas». Tal como Costa, também confundiu os papéis: de tão colaborante, não percebeu a sua outra "função" mais institucional. Exagerou no seu apoio incondicional a qualquer arranjo-de-governo-Costa, como se o Presidente também pertencesse àquela "sociedade"!!! E o Costa, por sua vez, que desconhece o que é «cooperação»_ porque jamais se associaria ou apoiaria alguém a não ser que lhe servisse os seus intentos _ considerou Marcelo o seu idiota útil, o seu serviçal, cooperante, maleável e sem vestígio de espinha dorsal.  Costa, o cínico (incapaz de gratidões e pouco dado a "elevações" ou nobrezas de espírito) uma raposa oportunista que sabe farejar as suas conveniências, serviu-se de Marcelo enquanto pôde espremer-lhe  tudo o que este lhe podia dar. Hoje, Marcelo é um homem descartável. O habilidoso farsante já conseguiu tirar do corvo o seu bom naco de queijo.


A ductilidade de Marcelo e a sua subserviência ao governo é hoje a sua marca e assim ficará colada à sua imagem pública, no futuro.
Aos poucos transformou-se na sua própria caricatura. O homem das selfies que queria ser "acessível" e cultivava a imagem de proximidade tornou-se hoje o homem que (compulsivamente) se presta ao ridículo de não resistir a qualquer microfone.  Às vezes vejo com alguma pena, que os jornalistas o abordam com demasiada descontracção, como uma pausa no trabalho para se "divertirem" um pouco. Não seria mal de todo, não fora a malícia...
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De Francisco Almeida a 24.07.2023 às 12:27

Independentemente de motivos, Costa tem Marcelo no bolso há muito. Se calhar ainda antes, mas o caso Cravinho foi já claro. Quando da demissão sem causa do almirante Mendes Calado para abrir caminho a Gouveia e Melo, Marcelo, que não foi previamente informado, não gostou e praticamente acusou Cravinho de deslealdade para com ele como comandante-chefe das Forças Armadas. Pouco depois, soube pela imprensa (oficialmente teria sido uma fuga) que Cravinho ia ocupar os Negócios Estrangeiros, a pasta que mais proximamente contacta com a presidência e cujo ministro acompanha o presidente nas visitas externas. Uma sequela, foi Cravinho, ultrapassando a Assembleia - única com legitimidade - e o próprio Marcelo - que foi obrigado a ir a reboque - convidar Lula para o 25 de Abril na AR.
Depois a confirmação estrondosa com Galamba, que Costa não só não demitiu depois de Marcelo o ter fortemente sugerido, como sujeitou Marcelo ao vexame público de ver Galamba em destaque nas comemorações do 10 de Junho. 
Assim, no Conselho de Estado, Marcelo reagiu como habitualmente. Engolio.
Os outros conselheiros, não terão tido coragem de uma atitude que implicava o público desrespeito a Marcelo. Respeito institucional, provavelmente.
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De balio a 24.07.2023 às 17:35


Costa tem Marcelo no bolso há muito


Sempre teve, constitucionalmente.


O nosso sistema político é parlamentar. O Presidente da República não tem nada que gostar (ou desgostar) do Governo, dos seus ministros nem da política que ele segue. De acordo com a Constituição, o Presidente da República é obrigado a dar posse aos ministros que o Primeiro-Ministro lhe ordenar; não é necessário que goste ou desgoste deles. O Presidente da República não tem o direito de demitir ministros nem de os nomear: tem que aceitar as ordens do Primeiro-Ministro, e calar.


É o mesmo que, por exemplo, o Rei de Espanha faz em relação ao Governo espanhol: aceita os ministros que o Primeiro-Ministro lhe sugere, quer goste deles quer não.


Desde a revisão constitucional de 1982 que o nosso sistema político deixou de ser semi-presidencialista, como era com a Constituição original de 1976, e passou a ser puramente parlamentar.


Há pessoas que ainda não repararam neste facto.
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De balio a 24.07.2023 às 16:11


um primeiro ministro que opta por condicionar um Conselho de Estado para ir ver um jogo de futebol


Estou de acordo com o Henrique em que o primeiro-ministro não deveria, de forma nenhuma, ter ido à Nova Zelândia ver o jogo de futebol.


Mas discordo que ele tenha condicionado o Conselho de Estado.


Quaisquer conselheiros de Estado têm o direito de faltar, no todo ou em parte, a reuniões do Conselho. Não são obrigados a estar lá todo o tempo. A reunião decorre na mesma sem a sua presença. Esta reunião durou quatro horas, que é um tempo perfeitamente adequado, e não podemos de forma nenhuma assumir que ela terminou antes do tempo por o primeiro-ministro ter decidido sair dela. O primeiro-ministro saiu da reunião (tal como poderia, por exemplo, ter adormecido a meio dela), e a reunião poderia perfeitamente ter prosseguido na sua ausência.


O Conselho de Estado serve para aconselhar o Presidente da República, não para o primeiro-ministro dar a sua opinião ou escutar as opiniões dos outros. Os outros conselheiros poderiam perfeitamente ter continuado a dar os seus conselhos ao Presidente na ausência do Primeiro-Ministro.

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