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Pessoas muito responsáveis falam do horror do que se passa em Gaza, e do massacre que está a ocorrer em Gaza.
Não são apenas pessoas que fazem vida da sinalização de virtude, como Guterres, são também pessoas como Meloni que, fazendo declarações políticas e com intuitos políticos, alinham habitualmente menos com a sinalização de virtude que Guterres ou Macron.
Estas pessoas reflectem uma ideia muito generalizada, e muito transversal, de que em Gaza está a ocorrer qualquer coisa sem precedentes, frequentemente concluindo que isso decorre de uma reacção desproporcional de Israel ao 7 de Outubro de 2023, insurgindo-se contra a punição colectiva da população de Gaza que entendem como um castigo excessivo imposto por Israel.
A famosa flotilha auto-justifica-se com a necessidade de quebrar o silêncio internacional que existe sobre Gaza, sem que ninguém lhes pergunte que silêncio é esse que existe sobre Gaza (como termo de comparação, veja-se o espaço ocupado pelo Sudão, Nigéria ao Haiti, onde há situações humanitárias que, provavelmente, são bem mais complicadas que as de Gaza).
E, no entanto, quando se pretende perceber o que tem Gaza de extraordinário que justifique que se possa falar de horror, massacre, genocídio, fome sem precedentes, bombardeamentos indiscriminados, sem apresentar quaisquer informações verificáveis, o que nos respondem é uma espécie de proposição de fé: basta ver as imagens que circulam por aí.
As imagens de circulam são as que o Hamas permite que circulem, portanto, não podem ser ignoradas, mas não podem ser tomadas como traduzindo fielmente a situação de Gaza (note-se como há dois anos nos dizem que Gaza está totalmente arrasada e, ainda assim, se continue a protestar com a demolição de edifícios de muitos andares na cidade de Gaza ocorrida há dias).
Por exemplo, há praticamente dois anos que se ouvem alertas de organizações como a Organização Mundial de Saúde, que os hospitais só têm recursos para as 48 horas seguintes (nunca percebi este fetiche com as 48 horas, nunca são 72 ou 24, são sempre 48).
Outro exemplo, a UNICEF diz que vão morrer milhares de crianças (insisto que crianças são pessoas até aos 18 anos, não são pessoas que ainda não atingiram a puberdade) à fome nos próximos dias, ciclicamente repetindo este alerta, mas nunca aparecem essas crianças mortas à fome (ao ponto de ter sido preciso ir buscar crianças com doenças várias para ilustrar essa fome, por ser difícil encontrar crianças saudáveis com indícios de fome aguda).
Os ditos bombardeamentos indiscrimandos sobre a população civil, de acordo com os números do Hamas, não só não se traduzem numa mortalidade excepcional (65 mil mortos, a que é preciso retirar pelos menos 20 mil que seria a mortalidade natural esperada, em dois anos, está muito longe de ser um número excessivo para uma situação de guerra urbana, em zona de elevada densidade populacional em que um dos beligerantes usa a população civil como escudo, o que aliás se vê bem no facto de, no mesmo período de tempo, em Portugal, terem morrido mais de 200 mil pessoas (sim, com uma população cinco vezes maior e muitíssimo mais envelhecida)), como está longe de reflectir a estrutura populacional, demonstrando uma sobrerrepresentação dos homens e crianças em idade de combater nessa mortalidade (falo em crianças em idade de combater porque o Hamas recruta sistematicamente crianças a partir dos 13/ 14 anos), como se pode ver neste gráfico.

Quer isto dizer que Gaza é um paraíso onde não se passa nada?
Não, não e não, Gaza é uma zona de guerra horrível, com bolsas de fome apesar de ser o maior destino de assistência humanitária do mundo, em que uma população inocente não tem para onde fugir, porque todos os países do mundo se têm recusado a receber refugiados, quer os vizinhos directos (Israel e Egipto), quer todos os outros, sendo apanhada entre dois fogos, com a agravante de um dos beligerantes (o Hamas) ter como objectivo potenciar a morte de inocentes como eixo central da sua estratégia de comunicação.
Gaza é uma zona de guerra, e a guerra é sempre suja, perigosa, injusta e imprevisível.
Questão diferente é a de saber se, em comparação com outras zonas do globo onde existem guerras e situações de conflito que não sendo guerras, têm ainda assim um grau de violência excessivo que afecta gente que não tem nenhuma relação directa com esses conflitos, Gaza se destaca por ser muito pior.
Nada, rigorosamente nada, na informação que existe permite tirar essa conclusão, desde os números da mortalidade, ao grau de assitência humanitária e à atenção do mundo sobre os beligerantes (com o que isso significa de travão aos abusos frequentes em situações de conflito, mesmo que um travão relativo), nada rigorosamente nada permite dizer que Gaza é a pior situação humanitária do mundo.
E isso, objectivamente, deve-se à auto-contenção das forças armadas israelitas, apesar do esforço do Hamas para as levar a proceder de forma menos ética (o que, aqui e ali, acontecerá, como acontece em todas as situações de guerra, incluindo nos comportamentos dos capacetes azuis em situações precedentes de intervenção armada da ONU).
Equivaler moralmente as forças armadas israelitas ao Hamas, como vejo gente bem intencionada fazer, é uma injustiça e uma indignidade que eu não compreendo.
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