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As últimas sondagens da Católica apontam para o que já é normal há alguns anos na Europa: a fragmentação do espectro partidário. Maior sofisticação dos votantes? Causas cada vez mais particulares e menos ideológicas? A penalização dos partidos tradicionais hegemónicos (que até têm desaparecido)? Não importam as razões num quesito importante: a governabilidade, cada vez mais difícil.
Em Espanha assistimos ao mais gritante fenómeno de mercantilismo eleitoral que culminou com a compra de uma maioria, pelo PSOE, por bem mais do que um prato de lentilhas, contribuindo para o acelerar da perda de prestígio da democracia. Espanha, neste momento, é apenas uma democracia constitucional para quem tenha muito boa vontade.
Na Holanda, os resultados das eleições ainda aprofundaram as dificuldades já antigas, de conseguir geringonças cada vez mais esdrúxulas. Já não há grande centro e os radicalismos são muito próprios e dificilmente conciliáveis. Entramos no domínio do contra natura por natureza.
Em Portugal, António Costa introduziu o princípio de que o que importa para governar é ter maioria parlamentar, uma lógica absolutamente democrática mas que esbarrava no principio dos partidos do arco da governação antes seguida: sem maiorias claras, competiria ao bloco central formar governo ou viabilizar o governo do outro partido de centro. Rui Rio e agora um dos candidatos a secretario geral do PS, abriram a porta para voltar a essa prática, que, não obstante não parece ser o sentimento de tempos mais radicais, ou clarificadores, inaugurado em 2015. A mudança, representa um terramoto no panorama Portugues que conduz a uma radicalização ou clarificação da identidade politica que conduz inevitavelmente para o fim do centrão.
Montenegro, eventualmente por um tacticismo eleitoral, declara só governar se for o partido mais votado. Acrescenta uma complicação absurda (se não for uma mentira assumida) : se o PS for o partido mais votado mas a “direita” for maioritária? Fará sentido um governo do PS com o apoio do PSD? A tradição recente nega esta solução e seria claramente o suicídio político do PSD.
Um bloco central, nas actuais circunstâncias de maior radicalização, seria provavelmente o fim simultâneo do PS e do PSD enquanto grandes partidos. Nenhuma organização aposta no seu fim.
Maiorias absolutas de um partido são, cada vez mais, anacronismos. Resta a solução de António Costa: o bloco esquerda ou direita que tenha mais votos, independentemente da falta de consistência ideológica que tenham, governa. Restará então perceber se é possível conciliar diferenças em cada um dos blocos, já que nenhum partido quer desaparecer. Correndo bem, a diferença entre esquerda e direita será maior do que nunca, deixaremos de ter o centro, como já acontece desde 2015. Correndo mal, como já aconteceu com a geringonça, teremos maior ingovernabilidade.
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