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O fim da experiência liberal em Portugal

por Daniel Santos Sousa, em 28.05.25

28maio-1.jpg

28 de Maio de 1926, não é apenas o fim da "República velha", mas de um século de experiência liberal, de 1820 a 1926, com diversas interrupções, guerras civis e revoluções à mistura na fornalha ideológica saída dos compêndios iluministas. Foi o fim de um paradigma ideológico que acompanha o terramoto político europeu entre as duas guerras. A decadência anunciada desde a Geração de 70  encontrava ali um desfecho e, à falência institucional apenas agravada pela República, decidia-se uma resposta cirúrgica e imediata: a ditadura. Como correlativo apenas o golpe cesarista dos tempos finais da República Romana, ou o 18 do Brumário napoleónico. Contudo - e apesar das circunstâncias - não havia ali um César, mas um triunvirato de aspirantes ao lugar cimeiro. E como na história romana de Suetónio, seria igualmente marcada pela ascensão da autocracia do princeps senatus. Entre reviravoltas, o destino reservaria o consulado vitalício para um civil (não a um general); e à aspiração dos césares das espadas e esporas seguir-se-ia a prudência catedrática de borla e capelo.


5 comentários

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De cela.e.sela a 28.05.2025 às 10:38

alguma tropa ainda pretendeu evitar o golpe de 28 e 2 anos depois ainda tiveram veleidades.
a situação atual lembra o fim da 3ª república francesa: até o cheguismo lembra o pujadismo dos descontentes do «idiota inútil»
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De passante a 28.05.2025 às 17:27

autocracia do princeps senatus


Uma vil atoarda, o camarada Octaviano (Augustus) sempre insistiu que a República estava a funcionar normalmente, e ele era apenas um servo que o Senado insistia em carregar de trabalho.


Por isso é que morreu na cama, em vez de levar 27 facadas como o tio-avô. 
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De lucklucky a 29.05.2025 às 05:00

Tenho dificuldade em considerar aquilo liberal.
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De O apartidário a 29.05.2025 às 17:26

Sobre liberalismo em Portugal não sei nada,mas o dito liberalismo mais recente (nos anos antes do milénio e neste século) não é de confiar. Vejamos no caso dos  EUA  :

Quando tudo entra no caos(nos EUA) lembrem-se deste video(de dia 1 de Maio) , no canal Pablo Munoz Iturrieta

https://youtu.be/DMenKdnubF4?si=uzwPy-5mRtDrCpHB
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De Francisco Almeida a 29.05.2025 às 18:23

Talvez o maior pecado da maioria das ideias liberais, seja a falta de enquadramento. Quando Adam Smith escreveu "A Riqueza das Nações" o homem não era um indivíduo isolado mas antes enquadrado na família, na comunidade local (fortíssimas na Escócia e Inglaterra) e numa moral judaico-cristã tão universal e pressuposta que nem valia a pena ser discutida. E o mesmo ou semelhante para quase todos os teóricos do liberalismo político e da democracia liberal. Nesse sentido, se Adam Smith voltasse ao mundo, ser-lhe-iam  incompreensíveis, as votações da IL ao lado do BE, para citar um exemplo nacional.
Algo de  semelhante se podia dizer quanto à economia. No tempo de Adam Smith os modos de produção de bens industrial eram muito semelhantes enquanto a diferenciação na produção agrícola era apenas ditada pelas diferenças climáticas. Escolhendo novamente um exemplo nacional, os ideais liberais não resistiram à revolução industrial e ao fim da escravatura. Marcaram mesmo o início de um novo ciclo de imperialismo, com a Inglaterra como principal protagonista, com a política de canhoneira, e sentida em Portugal com o apoio a D. Pedro do Brasil e, anos depois, o Ultimato.
Só porque a história é escrita pelos vencedores é que que se chama liberal a D. Pedro, na realidade uma invenção da Inglaterra imperial. O mesmo para os liberais de 1820, de facto imperialistas sem imperador, com um ideário político decalcado de França. Foram eles que, com um colonialismo centralizador, tomaram medidas que agravaram o Brasil e provocaram a independência.
Cortando linha, se Adam Smith não se reveria no liberalismo português, muito menos se reveria no globalismo, com o marco da entrada da China na OMC, quando desde modos de produção não equivalentes - sem custos socias e até usando trabalho semi-escravo (uighurs e tibetanos, como exemplos) até à falta de uma ética comum (espionagem industrial e desrespeito de patentes, como exemplos).
Pessoalmente, entendo que o neoliberalismo de Milton Friedman (Escola de Chicago) privilegiando as multinacionais e desvalorizando (ou ferindo de morte?) o estado-nação, com as deslocalizações, é mesmo um anti-liberalismo, hoje bem implantado no Portugal actual.

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