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Israel tem vindo a dizer que a ajuda humanitária em Gaza tem sido apropriada pelo Hamas, que a usa para manter o controlo sobre a população e se financiar.
A ONU contesta, naturalmente.
Por causa disto, Israel decidiu avançar com um modelo alternativo de prestação de ajuda humanitária, com o objectivo explícito de impedir a sua apropriação pelo Hamas.
O modelo tem sido contestado, por não cumprir os princípios da ajuda humanitária (desde logo, por ter origem numa das partes em conflito).
Até aqui, nada de especial, faz parte da complexidade da situação em Gaza.
O problema, para mim, começa quando eu tento perceber, através do jornalismo, se realmente o modelo alternativo tem alguma utilidade, isto é, se realmente tem conseguido fazer chegar ajuda a quem precisa.
Vejo a ONU (ou pessoas ligadas à ONU, é inacreditável como a ONU tem permitido o uso da sua credibilidade por qualquer pessoa com o mínimo de ligação à organização), vejo jornalismo de referência e vou à procura de confirmar o que leio e, estupefacto, verifico que grande parte do que é afirmado num determinado momento, não tem qualquer confirmação segura posterior, sendo, nalguns casos, evidente que o relatado pela generalidade da imprensa não era verdade.
Não vou ao ponto destes senhores, e sei que estes senhores estão ligados a uma das partes mas, ainda assim, a distância do que me parece razoável admitir que seja a realidade, dentro da grande gama do que é possível que tenha acontecido em situações como esta, e aquilo que grande parte do jornalismo admite como hipótese, está muito para lá do que me parece razoável, já que se admite que o Hamas, e as suas múltipla ramificações mediáticas, é uma fonte aceitável de informação.
Lembro-me de uma teoria inicial (ultimamente tenho-a visto menos) completamente absurda (a de que este modelo de ajuda humanitária era conscientemente desenhado para ser uma armadilha ao serviço do genocídio do povo palestiniano) ser admitida como uma possibilidade, por grande parte do jornalismo.
Depois eram os problemas dentro dos centros de distribuição, que afinal se verificou que não existiam, existem sim problemas na envolvente não controlada pela organização que fornece a ajuda humanitária.
Vejo que a ONU, e grande parte das organizações comunitárias, se recusam a colaborar, por entenderem que a ajuda não respeita os princípios internacionais consagrados (calculo que para quem tem fome e não vê comida a chegar, isso deva parecer uma discussão bizantina, mas não sei, "no tengo hambre", como diria o Patxi Andión).
Tenho imensa dificuldade em encontrar jornalismo que admita que há problemas sérios com a ajuda humanitária (a anterior, e esta), que o modelo dos centros de distribuição deste modelo tem um efeito de atracção que implica expor as pessoas que a ele recorrem, e que esse efeito de atracção tem provocado incidentes nos seus acessos, não se sabendo que é responsável pelos ataques às pessoas que se dirigem aos centros para recolher caixas de alimentos (presume-se sempre que os disparos e afins são do exército israelita, há muita gente confortável com a ideia de que o Hamas não provoca problemas em Gaza).
E muito menos encontro quem, descrevendo esta realidade, diga que a hipótese mais provável é que seja o Hamas, o principal interessado em que o modelo falhe, a provocar incidentes, disparando sobre os desgraçados que desrespeitam a ordem do Hamas para recusar a ajuda através deste processo.
Há alguma razão para o jornalismo se ter tornado nisto, ser tão primário na defesa de um ponto de vista, tendo tanta dificuldade em admitir o contraditório?
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