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O Estado genocida

por henrique pereira dos santos, em 18.09.25

Nos comentários sobre a guerra de Gaza há de tudo, o mais estranho para mim é a insistência em argumentos sem qualquer aderência à realidade ou sem um contexto que permita compreender o que se passa.

Nem vou falar do facto das fotografias que documentavam a fome serem todas com crianças com condições médicas que nada tinham com a fome (só usa gente doente para documentar a fome generalizada quem pretende demonstrar uma coisa que não existe, parece lógico concluir. O que "não existe" não se refere à fome ou sub-nutrição em Gaza, deve existir, com certeza, em bolsas, como acontece em todas as zonas de guerra, o que "não existe", a julgar pela informação existente, é a fome generalizada de toda a população de Gaza e, muito menos, o uso da fome como arma de guerra).

Falemos dos 65 mil mortos em dois anos, que passa a vida a ser usado como demonstração de uma vontade genocida do Estado de Israel, que nunca são comparados com os mais de 200 mil mortos em Portugal no mesmo período. Claro que é preciso ter em atenção que Portugal tem cinco vezes mais população que Gaza, que tem uma população muito mais envelhecida e essas coisas todas, mas não tem guerra nenhuma e a verdade é que para ter a noção do que significam 65 mil mortes em Gaza, convém usar referenciais (a morte, nomeadamente em zonas de guerra, é uma constante histórica). Naturalmente nem me passa pela cabeça comparar os 65 mil mortos em Gaza, em dois anos, com os 150 mil, em ano e meio, no Sudão, porque estamos a falar de situações completamente diferentes (só os refugiados do Sudão em paises vizinhos são várias vezes mais que a população total de Gaza).

Outro dos argumentos, que teoricamente justifica a Global Sumud Flotilla que vai vagueando pelo mediterrâneo com imensa ajuda humanitária, é o de que Israel não deixa entrar nada em Gaza, um argumento completamente idiota, basta olhar para o que diz a ONU (e nem vou falar da distribuição diária de mais de um milhão de refeições pela Gaza Humanitarian Foudation) para ser evidente que entra, todos os dias, muita comida e medicamentos em Gaza.

E poderia continuar a desfiar argumentos sem pés nem cabeça que se usam para mostrar ao mundo a virtude dos que os usam, o que inclui desqualificar quem olha para o problema da guerra de Gaza de um modo diferente.

Diferente, mas igualmente legítimo, convém deixar claro.

Não tenho nada contra as pessoas que acham que Israel foi criado pelo Ocidente, empurrando palestinianos para fora da sua terra, para a dar aos judeus europeus que ninguém queria receber no fim da segunda guerra mundial, demonstram uma enorme ignorância sobre o assunto, mas o direito à asneira é sagrado e o facto de alguém demonstrar uma ignorância bíblica sobre um assunto não me faz insultar ou desqualificar ninguém, pode fazer-me discutir cada um dos argumentos que listei acima, explicar por que razão os acho completamente errados, mas não me faz considerar que essas pessoas têm como objectivo defender os massacres feitos pelo Hamas.

Questão diferente é responder aos idiotas que me acusam de defender genocídios e exterminações de populações como forma de me condicionar o suficiente para eu deixar de escrever o que me apetece sobre um assunto que me interessa.

Com esses, frequentemente, não tenho a menor paciência.


40 comentários

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De balio a 20.09.2025 às 15:55


deixou dar entender que foram os agressores


Não deixei dar a entender nada.


Eu escrevo de forma exata. O que eu escrevo é aquilo que está escrito, e não tem nada que subentender coisas que não escrevi.


Os judeus europeus que se instalaram na Palestina desde finais do século 19 cedo aquiriram consciência (veja-se os escritos de Jabotinski) de que, embora a sua instalação tenha sido feita de forma pacífica e com objetivos pacíficos, muitos os viam como invasores. (Se quiser, pode compará-los com os imigrantes que atualmente se instalam em Portugal. Muitos vêem-nos como invasores, embora eles se instalem pacificamente e com fins pacíficos.) E a partir dos anos 1920 perceberam que teriam de estar preparados para lutar de armas na mão para se defenderem. Por volta de 1940, então, já era para todos eles claro que a obtenção do Estado de Israel não seria sem luta (se não com os Estados árabes vizinhos, pelo menos com os árabes palestinianos). E prepararam-se para ela. Tinham armas armazenadas e treino militar. Em termos organizacionais, estavam melhor preparados do que os militares dos Estados árabes vzinhos, com exceção da Jordânia - o único país árabe que tinha um exército minimamente competente. Aliás, sendo originários da Europa, muitos sabiam como organizar um exército.

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