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"Temos de mudar, ir à procura do vírus e não do doente"
Esta frase de Filipe Froes resume o essencial e, infelizmente, é uma frase que reúne largos consensos entre profissionais de saúde que podem saber tudo sobre vírus, mas não sabem grande coisa sobre pessoas e sociedades.
A ideia é simples, apelativa e poderosa, mas tem um problema: não tem base factual nenhuma que garanta a possibilidade de ter algum sucesso.
Até hoje a humanidade conseguiu erradicar uma doença, a varíola, depois de anos e anos de programas de vacinação e muitas outras coisas.
Várias outras doenças, a humanidade conteve-as em níveis bastante aceitáveis, como a polio, o sarampo, e várias outras para as quais existem vacinas eficazes e cujo efeito é longo.
Em doenças infecciosas em que o efeito das vacinas é curto, como a família das gripes e afins - seis meses de validade, mais coisa, menos coisa - o mais que a humanidade conseguiu foi desenvolver complexos programas de saúde pública e vacinação que conferem algum grau de protecção maior a grupos mais vulneráveis, sobretudo nos anos em que se conseque acertar melhor com a vacina.
O que a OMS e grande parte dos serviços de saúde no mundo resolveram fazer, na sequência do que acham que foram os sucessos anteriores - sobretudo a MERS - foi promover a mudança de que fala Filipe Frois: concentrar-se em combater os vírus em detrimento do foco na doença.
Dentro de limites sociais aceitáveis, a ideia tem toda a validade, foi assim que se reduziram muito as infecções, mesmo antes dos antibióticos e das vacinas, ao promover a higiene dos espaços e das pessoas.
O que tem sido novo agora é a ideia de que é possível e razoável gerir as sociedades humanas em função do objectivo único de liquidar agentes infecciosos como instrumento para controlar doenças.
De tal maneira a ideia entrou na normalidade que houve, já há bastante tempo, uns académicos que suponho que são brilhantes - Harvard pode ter muitos defeitos, mas há um mínimo de qualidade académica que é sólido - que propuseram um sistema de vigilância que tinha como objectivo manter o desenvolvimento da doença dentro dos limites da capacidade de resposta dos sistemas de saúde.
A proposta era simples: fechava-se tudo até se atingir um limite de casos considerado gerível, depois abria-se a sociedade, acompanhava-se a evolução, quando os indicadores da doença - na verdade, da presença do vírus - atingissem de novo os níveis que se entendesse, voltava-se a fechar tudo e andava-se nete ió-ió até se encontrar uma vacina ou um tratamento eficaz.
Que estes investigadores desvalorizem os efeitos reais disto na vida das pessoas, o que isso significa de pobreza, disrupção, efeitos na saúde mental, etc., ao ponto de acharem normal determinar o funcionamento da sociedade com base neste modelo, é um bom indicador da loucura generalizada que faz um médico achar que ir atrás do vírus, e não da doença, não só é possível como é a maneira eficaz de gerir doenças infecciosas de elevada transmissibilidade.
E o essencial é mesmo isto: estamos a ser conduzidos por pastores que sabem tudo sobre como tratar as cabras do rebanho, mas nunca geriram rebanhos, o que lhes permite propôr medidas nunca testadas para que acabem as doenças no rebanho, sem ter a menor preocupação com o facto de, antes de tratar as doenças, ser preciso garantir que o rebanho é conduzido para onde haja pasto suficiente para que as cabras não morram de fome.
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