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O escândalo do progresso

por João Távora, em 22.08.24

Carris.jpg

Os chamados “Americanos” eram carruagens de tracção animal para transporte público colectivo que começaram a circular em Lisboa sobre carris, tendo os primeiros sido instalados num trajecto, entre Santa Apolónia e Santos o Velho, inaugurado em Novembro de 1873.  

Foi no dia 31 de Agosto de 1901 que saiu do Cais do Sodré utilizando a mesma estrutura de carris, o primeiro carro movido a electricidade com destino a Algés. As obras de electrificação das vias, tendo decorrido ao longo do ano de 1900 causaram grande polémica nos salões, cafés e imprensa da época. Anteviam-se grandes desastres e electrocuções na via pública, já para não falar do protesto que gerava a proliferação de uma teia infindável de cabos eléctricos aéreos que poluíam a paisagem. O povo habituou-se à paisagem e em 1907 a Carris contava já com 240 carruagens que, de forma económica e alucinantemente rápida, interligavam toda a cidade. Com o advento do motor de explosão, o automóvel, vir-se-iam definitivamente a extinguir os mal-cheirosos detritos animais que por décadas se espalhavam por toda cidade. Foi uma profunda revolução nos hábitos e costumes da cidade.

Pela minha parte, confesso que caso tivesse onde o guardar e recarregar, gostava muito de ter um Tesla ou veículo similar.


20 comentários

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De Anonimus a 22.08.2024 às 14:48

Todos gostariam de ter um Tesla em vez de um gasolinas
Não haveria era electricidade ("verde") para todos, mas isso é outra história 
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De César a 22.08.2024 às 15:50



Nas zonas  áridas da América do Sul onde é realizada a mineração, a água – um recurso escasso – é desviada das comunidades locais para as operações mineiras, causando uma poluição grave devido ao ácido sulfúrico e ao hidróxido de sódio, para além de escassez de água. São necessários 2,1 milhões de litros de água para refinar cada tonelada de lítio. 

Mas, claro, chama-se progresso e o povo habitua-se à paisagem...
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De João Távora a 22.08.2024 às 18:57

O ser humano vai dar cabo disto tudo. 
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De César a 22.08.2024 às 19:40

Claro que não. Tendo um Tesla onde se possa guardar e recarregar o futuro(verde e cheio de unicórnios) está garantido. Palavra de Santa Greta dos aflitos
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De Anonimus a 22.08.2024 às 20:36

Se o ser humano guiar um tesla, puser um painel solar no telhado, só comer legumes, reciclar,  reutilizar e reduzir, vai ficar tudo bem. Convém é serem todos a fazê-lo, não apenas alguns sacrificados.
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De marina a 24.08.2024 às 23:24

não se canse , estão obnubilados pela propaganda e publicidade.  ainda estão no estágio ego , não conseguem perceber quando estão a ser manipulados pelos comerciantes.
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De Filipe Costa a 22.08.2024 às 17:48

Carros eléctricos, nem dados, pelo que tenho visto no plano internacional (aqui não há noticias e quando há, omitem a verdade) os veiculos eléctricos (carros, trotinetes, bicicletas, etc.) pegam fogo em qualquer lugar, ligado ou desligado e arde tudo o que estiver por perto. Numa garagem colectiva deve ser uma festa. Os GPL não podem parquear em garagens mas os eléctricos podem, lindo!!!


Além disso, os locais para carregar são escassos, demoram uma eternidade e em termos de preço é equivalente. Carregar em casa é um mito urbano, numa noite inteira carrega 20% da bateria.


Para esse peditório, não dou.
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De IMPRONUNCIÁVEL a 22.08.2024 às 18:00

Uma coisa é certa, estes veículos hoje, o PAN vinha logo berrar, que não.
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De Anonimus a 22.08.2024 às 18:11

Há o progresso tecnológico e o progresso social. 
O tecnológico tem a ver com o avanço do cavalo para o carro, do carro para o tesla, etc. Os carros s gasolina hoje são muito menos poluentes e mais eficientes e seguros que os de 1950. Podia o modo de propulsão do veículo ter avançado ainda mais? Talvez... em comparação andou-se mais nas comunicações e IT, desconheço motivos, mas o progresso existiu.
Depois há o social. Que é o de o carro deixar de ser um bem de luxo e passar a ser não só essencial como acessível. E como somos 8 mil milhões e cada um teria em teoria direito a um popó... é fazer as contas sobre a capacidade de geração de energia, seja combustível oj electricidade. 
No fundo, o progresso não pode chegar a todos, há quem tenha que se ficar pela carroça.
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De João Távora a 22.08.2024 às 18:54

Mas diga-me: há outra coisa que não seja o progresso tecnológico e científico? Eu não conheço 
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De Anonimus a 22.08.2024 às 19:04

O social.


Relacionado com o acesso das massas ao progresso tecnológico. 
Pof exemplo, existia linguagem escrita. Mas poucos tinham acesso. Só através do progresso social ela se tornou acessível a todos.
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De João Távora a 22.08.2024 às 19:53

Eu não sei o que é isso de "social". Tem a ver com socialismo?
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De Anonimus a 22.08.2024 às 20:23

Ora, se não sabe, nunca é tarde para aprender. O conhecimento nunca é demasiado. 
Mas para homem da ciência que é,  fica mal fazer suposições sobre algo que desconhece por completo. 
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De Silva a 23.08.2024 às 13:24

Social é tudo o que está relacionado ao envolvimento do individuo com a sociedade nos seus mais variados contextos.
Socialismo é o caminho para a pobreza, miséria e morte. Deve ser combatido de forma inteligente e o mais simples é implementar, rapidamente e em força, reformas estruturais, a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seguindo-se outras reformas estruturais.
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De IMPRONUNCIÁVEL a 22.08.2024 às 20:36

Progresso...


Após os efeitos devastadores (materiais e imateriais) da dita «2.ª Guerra Mundial, 1939-45» a palavra «Progresso» tornou-se maldita. E foi substituída pela palavra «Desenvolvimento».

Maldita, porque pressupunha a convicção de que o desenrolar do tempo, do passado para o futuro, seria um caminho inexoravelmente linear do mais atrasado (‘inferior’) para o mais evoluído (‘superior’). Essa noção de ‘Progresso’, influenciada pelo conceito de evolução de Darwin, foi usada abusivamente para hierarquizar os países e os seres-humanos (em ‘superiores’ e ‘inferiores’). E, essas assimetrias sociais e económicas, teriam sido uma das causas subjacentes dessa «Guerra Mundial». A qual, perante a devastação que provocou, seria a prova de que não há um determinismo linear e progressivo na vida individual e social, como pressupunha a ‘ideia de Progresso’.


Por contraponto, a ‘ideia de Desenvolvimento’, nascida desse pós-guerra, tenta substituir a 'ideia de progresso' pela 'ideia de transformação'. No PNUD (‘Programa Mundial para o Desenvolvimento Humano’, apoiado pela ONU), em 1996, pode ler-se: “O desenvolvimento humano é o fim, o crescimento económico é um meio. O progresso que perpetue as desigualdades actuais não é sustentável nem merece ser sustentado” (ibidem, p.4).


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De IMPRONUNCIÁVEL a 22.08.2024 às 20:37

Progresso versus Desenvolvimento

Evolução versus Transformação


Por contraponto à 'ideia de Progresso', a ‘ideia de Desenvolvimento’, nascida desse pós-guerra, tenta substituir a 'ideia de progresso' pela 'ideia de transformação'. No PNUD (‘Programa Mundial para o Desenvolvimento Humano’, apoiado pela ONU), em 1996, pode ler-se: “O desenvolvimento humano é o fim, o crescimento económico é um meio. O progresso que perpetue as desigualdades actuais não é sustentável nem merece ser sustentado” (ibidem, p.4).


Todavia, essa ‘ideia de Desenvolvimento’ foi forjada num longo período de disputas e discussões, que começou no ‘Romantismo Alemão’ do séc. XIX, na crítica que faz aos efeitos de ‘revolução industrial’ no Ambiente e na vida social. Mas, neste «pós-1945», existem três contributos que não podem ser esquecidos:

--- A Encíclica “Populorum progressio”, publicada em 1967 pelo Vaticano.

--- O ‘Seminário’ realizado em junho de 1971, em Founex, no cantão suíço de Vaud, que reuniu entre outros, Gamani Corea, Marc Nerfin, Barbara Ward, e Ignacy Sachs. O qual antecedeu e preparou a ‘Conferência Mundial sobre o Ambiente Humano’ realizada em Estocolmo em 1972.

--- E, também em 1972, o “Relatório sobre os Limites ao Crescimento” publicado pelo “Clube de Roma”.



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De Anónimo a 22.08.2024 às 20:39

A Ford "suspendeu o programa" ( American Corporative parlance...) de produção de carros eléctricos...
Aguardemos...
Quanto ao "progresso" , todos de acordo : a vela de sebo já o foi...
Juromenha
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De IMPRONUNCIÁVEL a 22.08.2024 às 22:42

Todavia, parece-me que João Távora neste Post queria ir um pouco mais longe.


Os ‘Humanos’ podem tentar substituir a Natureza pela Palavra(s). Mas há sempre qualquer coisa que corre mal nessa tentativa.


Será que, desde o início da Vida neste planeta, há mais de 3400 milhões de anos, não houve ‘evolução’ nem ‘progresso’? O projecto ‘LUCA’ (acrónimo de ‘Last Universal Common Ancestor’), ou a filogenia dos seres-vivos, não farão sentido? Darwin estará errado, ao olhar para a Vida e achar que há nela ‘evolução’ e ‘progresso’? A actual definição de Vida adoptada pela NASA estará errada? Esta visão linear da existência será um erro humano de percepção e de cognição?


A resposta a estas perguntas -- procurada por milhares de cientistas e não-cientistas há milhares de anos -- ainda não obteve um consenso universal, e uma prova irrefutável.


Há quem considere que não há ‘evolução’, mas sim um 'processo' (ciclo) que não vai do passado ao futuro. Em que as diferenças são apenas uma permanente «resubstanciação-recombinação-interpermutação» do Mesmo. Em que tudo é Presente, eternamente. Tal como uma coisa não deixa de ser o que é, por passar do estado sólido, ao líquido, ao gasoso, e assim sucessivamente. Um processo (ciclo) do Mesmo que, no hinduísmo, se traduz pela sucessiva destruição que Shiva faz àquilo que Brahma constrói, e que Vishnu não deixa que termine.


Quem tem razão, e possui a verdade definitiva acerca disto?


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De Anonimus a 23.08.2024 às 12:03

O progresso não é necessariamente bom. Ou mau. Há um pouco de parolice saloia em aceitar algo porque é novo, quanto o recusar algi porque é novo.
O que não falta aí é progresso que nos querem vender, nas mais diversas áreas, e que se calhar são "um escândalo".
Touradas (acabar com) é um exemplo de progresso, dizem.
Os telemóveis, e ter tudo o que precisamos no bolso, digitar em vez de escrever, é um progresso (mais social que tecnológico), dizem. Há quem desminta e discorde, malditos velhos do Restelo.

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