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De uma coisa que tem o título "A look at how five key demographic groups voted", retirei duas informações.
Cerca de 80% dos que votaram em Trump são brancos (na estranha definição americana de branco, note-se) e 66% dos que votaram em Kamala também.
53% das mulheres votaram em Kamala, contra 46% em Trump.
É uma curiosidade, como seria uma curiosidade avaliar quantos usam óculos, quantos são bonitos ou quantos pesam mais de 90 quilos.
Há, no entanto, um conjunto de pessoas que em vez de olhar para isto como sendo curiosidades mais ou menos irrelevantes, pretendem que estas informações se relacionam com "identidades", consideram que existem identidades negras, ou femininas ou o raio que os parta.
Por acaso vi nestes últimos dias um filme do Robert Redford ("The company you keep", no original, não me lembro de como se chama em português), um filme mediano que se vê bem (desde que não se vá à espera da beleza de Robert Redford ou Julie Christie, o filme é relativamente recente, o suficiente para isso já ter sido chão que deu uvas).
O que aqui me interessa é a centralidade que no filme tem o facto de alguém ter filhos, explicitamente se dizendo que ter filhos altera a forma como se vê o mundo.
Curiosamente, este tema é uma trivialidade em muita literatura, cinema e, até, alguma sociologia, mas para os defensores das identidades é um escândalo ser referido politicamente (ver o micro-escândalo criado à volta de um dos candidatos se ter referido às "cat ladies" que dominavam o Partido Democrata, criticando o facto de haver demasiada gente (ou mulheres) sem filhos a tomar decisões sobre o futuro).
Para esta gente das identidades, isto é inaceitável, embora não percam tempo a explicar em que medida ser mulher ou homem, ser preto ou branco, é mais relevante para definir a identidade de uma pessoa concreta, num determinado momento, que ser, ou não, responsável concreto, durante muitos anos, por outras pessoas que confiam nela.
É gente que acha que os negros (na bizarra definição americana que leva à classificação de Kamala como negra ou Alexandria Ocasio-Cortez como não branca) são um grupo social homogéneo e temporalmente imutável, em que cada pessoa, antes de ser quem é, é negro (ou mulher, ou homossexual, ou trans, o que se escolher) e por isso tem, genericamente, interesses, opiniões, visões do mundo que a aproximam dos negros, como se a visão do mundo da ultra-privilegiada Kamala estivesse mais próxima dos subúrbios negros de Chicago que das elites universitárias em que cresceu, só pelo simples facto de algures lá atrás, na família, haver uns ascendentes que vieram de África e as circunstâncias concretas da sua vida real fossem irrelevantes.
Por mim, podeis continuar a responder aos anseios e problemas dos grupos sociais em que quiserem segmentar os eleitorados, mas depois não se espantem que outros, que sabem que em qualquer sociedade é melhor ser bonito, rico e saudável que feio, pobre e doente, ganhem as eleições procurando responder ao que a generalidade dos eleitorados quer: a paz, o pão, a habitação, saúde e educação, de preferência garantindo que pertence ao povo o que o povo produzir.
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