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Há vários anos, estava o processo do Freeport ao rubro, recebi um telefonema inesperado de Pedro Adão e Silva, que eu conhecia do surf.
Uma das minhas filhas era conhecida no meio do surf e Pedro Adão e Silva era dos poucos intelectuais nesse mundo, com presença regular nos campeonatos a que me levavam as minhas obrigações familiares, e acabámos a escrever no mesmo blog, enfim, conhecemo-nos e, não sendo absurdo, não estaria à espera que o Pedro me telefonasse a convidar para almoçar.
Como normalmente só digo que não a quem me convida para qualquer coisa com razões fortes, lá fomos almoçar.
O Freeport veio à baila, naturalmente, e em determinada altura eu devo ter dito que de concreto não sabia de nada - a minha opinião sobre o assunto era conhecida e pública - mas era voz corrente que relacionado com a aprovação do Freeport havia uma questão de financiamento partidário, tendo eu o cuidado de dizer que eram boatos e por isso nunca falava dessa hipótese em público.
O Pedro disse uma coisa que nunca me tinha passado pela cabeça: há muita conversa em torno disso, relacionada com a corrupção, mas é muito difícil saber, quando alguém pede uma comissão que diz ser para o partido, se realmente se trata disso ou se, na verdade, está a pedir uma comissão para si, e a justificar-se com o partido, e não há maneira de um partido se defender disso.
Lembrei-me desta história a propósito das buscas a Rui Rio e ao PSD.
Quando a IL, que eu apoio, elegeu oito deputados tentei, com a minha parca influência, chamar a atenção para a necessidade da IL não afunilar no seu grupo parlamentar e manter a sua característica até então, de um partido de pessoas que vão dizendo o que pensam e sentem que isso tem utilidade.
Não me parece que eu tenha nenhuma influência na IL, tanto que acabei por desvincular dos grupos do whatsapp da IL em que estava envolvido, exactamente porque achei que estavam a tratar os participantes como assessores do grupo parlamentar, a quem pediam análises de propostas parlamentares e coisas que tais, em vez de tratar como iguais a quem se pediam contributos para a definição das políticas de raiz liberal para problemas concretos das pessoas comuns.
Este tipo de processos são naturais, ocorrem com todos os partidos, que são máquinas de poder, e tendem a fechar-se (e também outras organizações, passa-se exactamente o mesmo com as ONGs, que tendem a alinhar cada vez mais a sua acção com os seus profissionais que com os seus sócios), criando uma distância relevante entre a bolha da realidade partidária e a vida das pessoas comuns.
E nisto, todos os partidos (insisto, também outras organizações) são semelhantes e tendem a ser cada vez mais semelhantes à medida que têm mais história e que a sua estrutura de apoio profissional se cristaliza.
É por isso que histórias como as que agora estão na berra, no PSD, tenderão a repetir-se e é muito difícil pôr-lhes termo, porque na verdade todos os partidos (mesmo que os seus chefes, em tese, queiram outra coisa) estão interessados nos mecanismos que lhes permitam aumentar o seu financiamento, sem ter a chatice de estar sempre a pedir dinheiro aos seus militantes.
Mas é também por isso que é fundamental ser rigoroso na aplicação do dinheiro do parlamento.
Não vale a pena achar que isso é uma questão de honestidade das pessoas, é o resultado normal das regras existentes.
Regras essas que poderiam mudar de muitas maneiras.
Por mim, poderíamos começar por ter uma regra diferente da actual: os deputados serem eleitos uninominalmente e dependerem, em primeiro lugar, dos seus eleitores e não do chefe do partido.
Esses deputados, provavelmente, resistiriam mais ao desvio do dinheiro destinado à sua actividade, de que dependem para voltar a ser eleitos, para a actividade do partido.
E isso seria bom.
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