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O dia da Liberdade

por João Távora, em 25.04.19

Liberdade.jpeg

O 25 de Abril de 1974 cujo aniversário curiosamente este ano se celebra numa madrugada de quarta para quinta-feira como há quarenta e cinco anos, teve seguramente um grande impacto na minha vida, ao despertar-me aos doze anos para o valor primordial da Liberdade. Até àquela idade eu não tinha a mais pálida noção da realidade política em que vivia, a não ser uma vaga ideia de que vivíamos numa república e que isso não era muito dignificante. Nos dias seguintes à revolução, para lá da desconfiança do meu erudito Pai cuja mundividência alcançava outras eras, fui levado através do convívio com os meus familiares e amigos a acreditar que o tempo era de celebração e de expectativa (sim, também eu trauteei muita cantiga de “intervenção”). Celebração essa que, passado pouco tempo, se tornou em suspeita e de seguida virou receio e sobressalto: no final do ano de 1974, com 13 anos, já eu me envolvera na política e militava no Partido da Democracia Cristã de Sanches Osório e me apercebera que a minha gente era “non grata” à facção extremista que se apoderara do novo regime e da minha Liberdade - o partido, que não sendo de esquerda ou de centro era moderado, foi banido a 11 de Março de 1975. No espaço de um ano estive várias vezes sequestrado, apanhei pelo menos uma sova (no liceu) e houve um período em que com a família vagueei na clandestinidade em casas incógnitas com os passaportes nos bolsos para a eventualidade de termos de fugir do país. Só com o 25 de Novembro nos foi possível retomar uma vida com alguma normalidade.
É por tudo o que atrás referi que posso afirmar sem qualquer hesitação de que foi o 25 de Abril que me ensinou a dar valor à Liberdade e a respeitar os outros e a diversidade das suas ideias e perspectivas. Não há muitos valores pelos quais eu sinta que valha a pena dar a vida, mas por conhecimento de experiência feito, sei que a Liberdade dos meus filhos é um deles. Ironicamente, essa lição devo-a ao 25 de Abril.


7 comentários

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De Anónimo a 25.04.2019 às 15:57

O Sr.Marquês é um grande Homem, um grande "Democrata"!! Parabéns...
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De João Távora a 25.04.2019 às 16:12

Ora essa?! Marquês não sou. 
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De Anónimo a 25.04.2019 às 19:05

fudeu-me a vida
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De Anónimo a 26.04.2019 às 08:06

As verdades incomodão 
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De Luís Lavoura a 26.04.2019 às 09:56

Até àquela idade eu não tinha a mais pálida noção da realidade política em que vivia

Eu sou um ano mais novo do que o João Távora e posso dizer que por essa altura já tinha ouvido queixumes, na minha família, por vivermos numa ditadura (e explicações do que isso era).

para lá da desconfiança do meu erudito Pai em relação ao andar dos acontecimentos

O meu pai, pelo contrário, saudou a revolução. Lembro-me de nessa madrugada ter ouvido dele "parece que é desta que isto vai", com alegria.
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De Fernando SILVA a 27.04.2019 às 15:45

E por essa altura também já tinha ouvido, da sua familia, dizer que o comunismo era ainda bem pior ?!... 


No dia 25 de Abril e nos dias imediatos, quase toda a gente saudou o fim do regime vigente, qualquer que fosse a razão e o sentimento.
O problema é que nem toda a gente tinha então a mesma ideia sobre como e para onde aquilo deveria "ir" !...
Depois percebeu-se melhor que a desconfiança do Pai do João Távora até fazia todo o sentido !   
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De Anónimo a 28.04.2019 às 09:36

É um Marquês democrata e muito humano. Um Marquês democrata e que gosta de comer  brioche e croissant - assim como nós todos também gostamos. A democracia nasce lá por dentro, connosco. Não se vê por fora...

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