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Já terei escrito algures que me parece que Ventura tinha um objectivo estratégico muito bem definido: ter mais um voto que o PSD e, com isso, chegar ao Governo, a partir do qual tencionava tornar o Chega a força dominante da direita.
Os ventos eram favoráveis a esta hipótese, com o PS a alimentar o Chega numa manobra de tenaz sobre o PSD, com Montenegro, que não entusiasma ninguém, à frente do PSD e com a falta de credibilidade e influência da imprensa, que permitia a Ventura dizer o que lhe era útil em cada momento, sem grandes custos políticos.
A forte votação do Chega e a fraca votação do PSD (a votação do PSD é maior que a do Chega, mas para os padrões de um e de outro, a percepção é que o Chega teve um grande resultado e o PSD um péssimo resultado) permitiam ao Chega pressionar o PSD para entrar no Governo, quer para garantir estabilidade, quer para permitir a aplicação de um programa político verdadeiramente diferente do programa do PS (saúde, habitação, educação, segurança, imigração e fiscalidade poderiam de facto cavar as diferenças para o PS).
Montenegro, aparentemente, intuiu muito cedo o risco que ligação ao Chega representava para o PSD - se o Chega tivesse mais um voto que o PSD, em qualquer momento, o risco do PSD desaparecer ou tornar-se secundário era bem real - e optou por uma estratégia de risco que consistia em queimar todas as pontes com o Chega, usando a governação para reposicionar o PSD e alterar a relação de forças na Assembleia da República, tanto mais que ninguém conseguiria garantir que o Chega não roía a corda no momento em que lhe fosse mais favorável.
Ao que me parece, e é uma percepção muito pouco fundamentada em factos verificáveis, Montenegro terá optado não tanto por tentar ganhar votos mobilizando o eleitorado tradicional de Cavaco, mas por ir respondendo ao eleitorado moderado do Chega (que existe) e ao eleitorado moderado do PS (que também existe), ao mesmo tempo que deixava de dar razão aos eleitorados radicais dos dois partidos para se mobilizarem, adormecendo-os.
Ventura respondeu a esta estratégia radicalizando o seu discurso sobre Montenegro, procurando criar condições favoráveis a uma futura aliança Chega/ PSD sem Montenegro.
A queixa de Montenegro sobre os cartazes do Chega, um cartaz que me parece muito favorável a Montenegro (um ataque pessoal sem ponta por onde se lhe pegue, em que o contraponto a Montenegro não é Pedro Nuno Santos mas Sócrates, só pode beneficiar Montenegro), só pode explicar-se por este braço de ferro, com Montenegro a dar visibilidade ao cartaz e, ao mesmo tempo, reforçar a estratégia de queimar todas as pontes com Ventura, seguindo o velho princípio napoleónico de nunca impedir o avanço de um inimigo quando ele está a cometer um erro.
Veremos o que nos reserva o futuro, mas a mim parece-me que estamos mais longe de um PSD sem Montenegro, como pretendia Ventura, que de um Chega sem Ventura, como única forma de permitir desbloquear a conversa à direita.
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Passos tentou!?Aumentou impostos, criou novos. Alg...
Claro. Tudo será cabal e integralmente esclarecido...
> Tudo uma hipótese completamente absurda, clar...
Clara manobra de diversão para fingir que todos sã...
Vamos ver o que diz agora a imprensa sobre a dita ...