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O Casamento Real e “A Liberdade Portuguesa” *

por João Távora, em 17.09.23

Não queremos outra liberdade senão a liberdade portuguesa.
Mas também não queremos outro Portugal senão o Portugal dos homens livres. E é ao procurar a práxis desta teoria que aclamamos o rei.

Henrique Barrilaro Ruas, 1971

HERÁLDICA_DUARTE E FRANCISCA.jpg

No próximo dia 7 de Outubro terá lugar na Basílica do Palácio Real de Mafra, pelas 15:00 horas, o primeiro casamento na Família Real Portuguesa em mais de 25 anos, o feliz enlace de S.A. a Infanta Dona Maria Francisca com Duarte de Sousa Araújo Martins. À maneira das ancestrais bodas reais que pautaram os 800 anos da monarquia portuguesa, esta grande solenidade significará o retorno da noiva à sua ancestral casa de família, monumento erigido pelo seu 7º avô, Dom João V. A essa celebração comparecerão numerosos convidados, entre os quais personalidades de destaque da vida social e política nacional e internacional, incluindo membros de famílias reais estrangeiras. Os célebres carrilhões assinalarão sonora e vibrantemente o início e o término desta grande festa portuguesa, que extravasará as fronteiras do Concelho de Mafra e do Distrito de Lisboa para Portugal inteiro.

Este casamento, que contará com ampla cobertura mediática e transmissão televisiva, sucede a três enlaces reais portugueses ocorridos em república, com a diferença que não se realizará no exílio, e muito menos na clandestinidade. Os monárquicos amam a Liberdade. Lembremos que o rei Dom Manuel II casou-se a 4 de Setembro de 1913 com a Princesa Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen no Sul da actual Alemanha, banido da sua pátria pelos revolucionários republicanos três anos antes – como sabemos morreu tragicamente vinte anos depois, exilado em Londres, sem geração. Trinta anos mais tarde, em 1942, é a vez de Dom Duarte Nuno, neto do rei Dom Miguel, ainda impedido pelas leis do Estado português de entrar em Portugal, celebrar o seu matrimónio com SA Dona Maria Francisca, Princesa de Orléans e Bragança, bisneta do Imperador Dom Pedro II do Brasil, a 15 de Outubro, na Catedral de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ainda condenada ao exílio pátrio, a nova família instalar-se-ia na Suíça até 1952, quase dois anos após a revogação da Lei do Banimento. Por causa das ambiguidades do Estado Novo, não foram tempos fáceis os da acomodação da Família Real em território nacional, questão que exigiu aos monárquicos da época grande empenho na procura de uma solução condigna para a sua querida Família Real finalmente de retorno à Mãe Pátria, um desejo antigo de Dom Duarte Nuno. Definitivamente o governo da república não se sentia confortável com a fixação de residência dos Duques de Bragança em Lisboa, tendo Suas Altezas por isso vivido os primeiros anos na freguesia do Canidelo, em Vila Nova de Gaia, antes de se instalarem 5 anos depois em São Silvestre do Campo, nos arredores de Coimbra, numa parte dum antigo mosteiro de São Marcos, por muitos anos local de festiva peregrinação, pelos muitos dedicados monárquicos, a cada dia 1 de Dezembro. Entretanto os tempos mudaram, e ainda há muita gente que se lembra com comoção e carinho, do casamento de Dom Duarte Pio, actual Chefe da Casa Real Portuguesa, com Dona Isabel, nos Jerónimos, que levou a Belém uma colorida e participada festa, no qual fizeram questão de tomar parte entre tantos distintos convidados, imaginem só, o então presidente da república Mário Soares e o primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva. Os monárquicos acima de tudo amam a “Liberdade Portuguesa”.

Por todos estes motivos e mais alguns queremos que a festa do casamento da Infanta Dona Maria Francisca com Duarte de Sousa Araújo Martins em Mafra, a decorrer no Terreiro Dom João V engalanado com as cores e a heráldica que simbolizaram durante séculos esta Nação improvável, seja motivo de adesão de todos os Portugueses. Pela minha parte, empenhado com a Real Associação de Lisboa na organização das actividades no exterior da Basílica, convido todos quantos ali se queiram juntar, na tarde do próximo dia 7. Para os mais curiosos existirão dois ecrãs gigantes com transmissão do interior da Basílica, e para ajudar à festividade, serão distribuídas centenas de bandeiras e contaremos com a actuação de mais de 500 elementos de doze Grupos Folclóricos representando várias regiões do país.

Este, que será o primeiro casamento dos nossos infantes, Afonso, Maria Francisca e Dinis, é desde já promessa da continuidade desta Instituição, valioso activo identitário da nossa sempre periclitante Pátria, mesmo em república. Por isso reclamamos o reconhecimento e abraçamos a Casa Real Portuguesa. Muitos empedernidos republicanos, cem anos depois da revolução, reconhecem a importância desta tradição como factor de comunhão Nacional. Quanto ao mais, sei por experiência própria como os portugueses, nas ruas das nossas cidades, vilas e aldeias, reconhecem com simpatia, a sua querida Família Real.

 *Do título de uma antologia de textos de Barrilaro Ruas

Texto publicado originalmente no Observador.

Na imagem: a heráldica dos noivos desenhada por Luís Camilo Alves, ilustrador oficial do Instituto da Nobreza Portuguesa.


10 comentários

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De urinator a 17.09.2023 às 13:37

esforçam-se por me convencer que Portugal só existe depois do 25 de Abril de 1974.
nasci depois e apenas como contribuinte.
parece que: Cavaco continua a fazer estragos entre os 2 carrilhões de 'soberania' (palavra cheira a monarquia e urna de voto a funeral)
'muita parra, pouca uva'
até o pm se encaixa na soberania
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De Anónimo a 17.09.2023 às 17:00

Qual casamento real? Portugal é uma REPÚBLICA. Não existem casamentos reais em Portugal. Aceita que dói menos.
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De Anónimo a 18.09.2023 às 05:46

REPÚBLICA das e dos Bananas _ esqueceu-se de acrescentar.
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De Anónimo a 18.09.2023 às 13:45

O rapaz não dá a cara, é anónimo. 
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De Anónimo a 19.09.2023 às 00:42

A República existe. Já a monarquia é uma fantasia incestuosa que acabou em 1910.
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De Albino Manuel a 17.09.2023 às 18:21

A Fundação da Casa de Bragança contribui para a boda? Não? Porquê?
Parece que não se entendem lá muito bem com suas altezas.


Só não entendo a ligação feita entre o último rei e os austríacos, seus primos em N grau. Parece que ao morrer Dom Manuel II terá dito que era o último rei de Portugal. Podia ter deixado testamento a favor de Dom Duarte Nuno. Mas não, enterrou tudo numa Fundação para evitar a dispersão dos bens. 
Para a Fundação o 25 de Abril parece ter sido mesmo uma carta de alforria.
Enfim, viva a festa! Bifanas a 5 euros e imperiais a 2! Há sempre lacaios duspostos a servir.
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De pitosga a 18.09.2023 às 10:54


Explique-me o porquê do símbolo do Leão nestas armas. Que eu saiba é o símbolo do reino de Leão e que fez parte do símbolo de Isabel a católica e do de Cristóbal Colón.
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De balio a 18.09.2023 às 16:24

Na imagem que ilustra o post, a heráldica da direita é a de Portugal e suponho corresponder à noiva. E a heráldica da direita, é do noivo? O noivo é de alguma casa "nobre"? Ou é um "plebeu", como as que se casaram, por exemplo, com os atuais reis de Espanha e da Noruega?
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De pitosga a 19.09.2023 às 11:16


«Se a estupidez pagasse imposto estavas todo carimbado» (Raúl Solnado).
Ó pá, vai-te katar.
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De Anónimo a 19.09.2023 às 12:12

O brasão inclinado geralmente representa filho ilegítimo. A casa de Bragança é várias vezes bastarda, a outra não conheço.

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