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O cancelamento foi cancelado por causa do cancelamento

por José Mendonça da Cruz, em 17.04.24

Ao soar a campainha de alguma dessas agremiações cujos pronunciamentos são ignorados ou rejeitados por 90% dos eleitores portugueses, os jornalistas precipitam-se babados a beber-lhes as palavras. A esquerda radical para eles não existe, só a esquerda gloriosa e compassiva. Mas quando nacionalistas e conservadores se reunem em Bruxelas, numa conferência internacional, a NatCon Conference, os mesmos jornalistas cancelam: é a direita radical, não gostamos, não existe nas nossas activas mentes, cancela-se! 

Mas -- vida azarada -- o presidente da Câmara de Bruxelas, Emir Kir -- que há tempos acolheu com passadeira vermelha uns dignatários da teocracia islâmica -- resolveu cancelar a conferência. Não cancelar pela omissão, mas cancelando-a fisicamente, impedindo que houvesse, impedindo que os oradores reunissem e falassem. Veio então o chefe de Governo belga, Alexander DeCroo, explicar que não podia ser, que o país é livre, que a constituição não permite atentados à liberdade de expressão e reunião. Cancelado o cancelamento, a NatCon Conference continuou.

Cancelado também foi o cancelamento dos jornalistas portugueses, para quem uma reunião com antigos e atuais chefes de Estado e de governo, como Viktor Orban, ministros, comentadores de fama internacional como Douglas Murray, ou políticos destacados, como o governador da Florida, Ron de Santis, é coisa a calar absolutamente. Os jornalistas portugueses não gostam deles, logo não querem que deles se saiba.

Mas -- azares da vida -- dado o escândalo do cancelamento belga, tendo em conta que havia indignação internacional e geral (decerto inexplicável, para eles) lá tiveram que cancelar a omissão e noticiar. A arrastar os pés, evidentemente; com palermices à margem, é claro, como falar do catering, para dizerem que os conferencistas comiam salmão [«Salmão, percebem?» «Um luxo, percebem?» «Fascistas, percebem?» De certeza que vieram em «carros de topo de gama»]. Mas tiveram que noticiar. 

E as intervenções, as ideias, as declarações de antigos e actuais chefes de governo, antigos ministros, políticos no activo, opinion makers? Ah, isso não! Isso seria informação. Não se pode pedir tanto.

 


8 comentários

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De O apartidário a 17.04.2024 às 17:26

O Emir de Bruxelas resolveu cancelar a conferência? Não estou nada "emirado" com isso. 
Ao que chegámos nesta Europa made in UE e afins.
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De O apartidário a 17.04.2024 às 20:15

Devemos “garantir a segurança pública” e “a extrema-direita não é bem-vinda”, justificou o autarca de Saint-Josse, o socialista Emir Kir, na sua página no Facebook, enquanto ativistas antifascistas prometiam manifestar-se ao final do dia no local da conferência.

Após uma queixa dos organizadores, a justiça belga autorizou que a reunião fosse hoje reatada.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/meloni-critica-como-ataque-a-liberdade-interrupcao-de-reuniao-de-direita-conservadora
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De VV a 17.04.2024 às 17:35

O 25 de abril é nosso, a liberdade é nossa.......
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De Anonimo a 18.04.2024 às 08:03


As Europeias vão ser interessantes.
A esquerda fez um bom trabalho em associar o conservadorismo (seja o que isso for) aos movimentos de extrema direita. A comunicação social woke ajudou. As redes sociais fecharam o trabalho.
Infelizmente estamos reduzidos a um tribalismo em que a definição das comunidades não é feita por ideias ou políticas.
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De O apartidário a 18.04.2024 às 09:35

O Portugal que a televisão não vê
O jornalismo devia olhar para os órgãos da democracia, onde não há politólogos e palpites, há políticos eleitos e documentos oficiais. Talvez visse o país que não se vê nos estúdios da televisão.

18 abr. 2024, 00:20 no Observador

Cultura woke? Ditadura woke? Religião woke? Desde as eleições de 10 de Março, e após o descrédito que os resultados trouxeram ao jornalismo, as televisões discutem se existe ou não uma cultura woke em Portugal. Os comentadores e os principais intérpretes da esquerda dizem que não existe; é uma invenção da direita. O debate ferveu com a decisão do primeiro-ministro Luís Montenegro de reverter o logotipo do governo. Houve quem se exaltasse, Ricardo Costa, director de informação da SIC, acusou o primeiro-ministro de “alinhar nas guerras culturais que ameaçam as democracias na Europa”.

Não é verdade. Quem alinhou nessas guerras culturais foi António Costa, quando decidiu mexer em símbolos estabilizados há séculos e aceites pacificamente pelas pessoas. Costa decidiu removê-los com o propósito específico de tornar o logotipo “mais inclusivo”; linguagem e motivação woke. Como se o brasão ou as armas nacionais excluíssem alguém. De resto, que se saiba ninguém lhe pediu, nenhum grupo ou sector da sociedade manifestou em público desconforto com estes símbolos – as tais “quinas e castelos” que Ricardo Costa, na televisão, ridicularizou. Portanto, o gesto de António Costa foi uma ofensa espontânea aos símbolos nacionais. Esperava-se que as pessoas não reagissem? Luís Montenegro reverteu à primeira ordem, como tinha prometido. Não é um assunto secundário nem um gesto de lana caprina, como se vê pelas reacções de um lado e do outro. As pessoas dão importância aos símbolos.

Agora a esquerda em peso diz que a cultura woke não existe em Portugal, nem cancelamentos, nem falsificações dos livros, nem falsificações da história, nem nenhuma das suas indignas e estrondosas materializações. Existirá nos EUA, em Inglaterra, talvez em certas partes da Europa rica. Mas aqui, nada. É pura invenção da direita. Ou, como disseram em Novembro de 2022 os directores de informação dos nossos caríssimos canais televisivos, na entrevista conjunta que deram a Maria João Avillez, é uma invenção saída da cabeça “paranóica” dos “colunistas do Observador”.

Continua
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De O apartidário a 18.04.2024 às 09:59

Ai sim? Só existe no Observador? Também não é verdade. Na próxima semana, a Assembleia Municipal de Lisboa vai discutir um Voto de Repúdio, apresentado pelo PSD, contra o activismo do princípio de Março na FCSH da Universidade Nova, em cujos muros os activistas escreveram que “faculdade progressista não paga salário a fascista”, e acrescentaram os nomes dos dois professores “fascistas” que eles queriam despedir. Mas a Assembleia Municipal de Lisboa já discutiu e aprovou dúzias de documentos contra o vandalismo woke, na versão do clima, das mulheres, da “racialização”, da “descolonização da linguagem”, dos assuntos LGBT, e todo o sortido de idiotias que o activismo acrescenta cada semana. Discutiu e votou contra o “revisionismo literário”, que é a falsificação dos livros. Discutiu e votou contra quando os activistas interromperam o trânsito com as próprias costas, repousadas no asfalto durante as horas de ponta, nos acessos ao trabalho das pessoas. Discutiu e votou contra quando entupiram com cimento os buracos do Campo de Golf do Lumiar, porque era um “desporto de ricos”; e quando vandalizaram com tinta encarnada a fachada dos Paços do Concelho, a favor da Palestina; e quando vandalizaram e agrediram funcionários e clientes do Finalmente, o bar gay mais antigo de Lisboa, por ter feito uma festa gay organizada pela Embaixada de Israel; e quando impediram o Prof. Jaime Nogueira Pinto de falar numa conferência, ou, mais recentemente, de debater com Pacheco Pereira sobre banda desenhada numa pequena feira do livro organizada pela Junta de Freguesia de Arroios.

Tudo isto aconteceu na Assembleia Municipal de Lisboa ao longo dos últimos dois anos. Quem manda no jornalismo devia dar atenção ao que se passa nos órgãos da democracia, pelo menos os que reúnem em Lisboa, ao lado das redacções onde os senhores directores passam os dias ao telefone. Porque ali não há politólogos e palpites, há políticos eleitos e documentos oficiais. Talvez os directores de informação compreendessem que o país, mesmo visto a partir de Lisboa, é muito diferente do que eles vêem nos estúdios da televisão.

Margarida Bentes Penedo no Observador
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De Anonimo a 18.04.2024 às 11:16

Existe wokismo em Portugal, claramente. De esquerda e de direita
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De anónimo a 18.04.2024 às 18:07


"...Portanto, o gesto de António Costa foi uma ofensa espontânea aos símbolos nacionais....". 
Imagina-se que mandou fazer emblemas com aquela bandeira africana para ostentar orgulhosamente nas suas reuniões em Bruxelas. Arrisca-se a ser banido das reuniões da UE e conduzido para as reuniões da União Africana....



Normal para quem na noite das eleições saltou, saltou feliz com o seu umbigo, afirmando-se de esquerda, sempre. Ontem, hoje e amanhã. A esquerda sabe que destruindo a memória de uma sociedade fica com campo aberto para impingir a sua, virtuosa, crença e óbviamente consolidar o seu poder. 
Será que ao fim de 50 anos o eleitorado por cá aprendeu alguma coisa sobre o como votar e escolher quem irá mandar nisto?.

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