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O caminho para o abismo

por João Távora, em 12.04.23

bandeira_rasgada (1).jpg

Tenho para mim que a dissolução do parlamento pelo presidente da república é um golpe de Estado, mesmo que constitucionalmente legitimo - não mudo de opinião por mudarem os protagonistas. A “bomba atómica” trata-se dum absurdo confronto entre duas legitimidades, uma unipessoal - a do presidente da república (imaginem que ele era um tonto egocêntrico), e outra colegial, esta última legitimada pelos votos de comunidades nos seus representantes no parlamento há pouco mais de um ano.

Com isto não quero dizer que não reconheça a degradação do ambiente político por via de oito desgastantes anos de poder socialista empenhado a distribuir benesses às suas clientelas e gerir a popularidade pelo ilusionismo. Na minha opinião a discussão sobre a dissolução do parlamento só serve para alimentar audiências na comunicação social e aos comentadores que vivem da especulação e intriga política. Mas o pior de tudo é que a simples ameaça da dissolução que Marcelo exibe como como bomba-relógio corre o risco de resultar num sentimento de acrescida inimputabilidade do governo, paralisado pelo medo de si próprio, da sua incompetência, da sua sombra. Numa democracia avançada, com uma maioria parlamentar eleita há pouco mais de um ano, o governo ver-se-ia obrigado a enfrentar os seus erros, a regenerar-se e a trabalhar – veja-se o caso paradigmático do governo conservador em Inglaterra na sequência dos escândalos de Boris Johnson e da crise que lhe sucedeu.

Pior do que vivermos num país manso e socialista é a arquitectura do regime semipresidencialista e das suas degradadas instituições em que já ninguém acredita. Nisso ninguém quer mexer... porque gostam. 


11 comentários

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De balio a 12.04.2023 às 14:27


A “bomba atómica” trata-se dum absurdo confronto entre duas legitimidades, uma unipessoal e outra colegial



Não. Nada disso.


A dissolução do Parlamento pelo Presidente da República é a forma de eliminar parlamentos que se tornaram ilegítimos por já não estarem de acordo com o desejo e o sentir do povo. O Presidente da República vê as sondagens, fala com as pessoas e, se vê que o clima político se deteriora de mais e que o povo já favorece uma outra solução, então dissolve o parlamento.
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De Anonimo a 12.04.2023 às 15:15


- Vê sondagens
Sondagens não são resultados eleitorais


- fala com as pessoas
Quais pessoas? Todas as pessoas, algumas pessoas, pessoas que representam pessoas?


- o povo já favorece uma outra solução
o povo? Quem é esse "povo"?


Essa teoria balia é a do PcP, as ruas isto, as ruas aquilo, basta meter uns milhares de sindicalizados a berrar que o governo está frágil. Agora são as redes sociais, que expressam a opinião das maiorias ( éle ó éle) e não sei mais o quê das diversas comunidades.


O Governo tem é de governar, e não de pedir (mais uma vez) por favor que o Parlamento caia quando vê que as vacas não estão gordinhas e que afinal o PRR não dá para tudo.
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De Anónimo a 12.04.2023 às 19:35

E acha que um poder judicial não eleito, está de acordo com o desejo, o sentir do povo e a democracia?
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De Anónimo a 12.04.2023 às 20:42

que sondagens , que merda ... os Portugueses votaram PS, vamos governar ate ao fim..... depois sim eleiçõezonas Portugal e uma republica de bananas
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De xarneca a 12.04.2023 às 14:33

''degradadas instituições em que já ninguém acredita''
nunca levei a sério: nem as caras nem a ideologia
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De Alexandre N. a 12.04.2023 às 16:20

Isto ainda é pior que a república das bananas, é uma república sem bananas.
O desvario vai durar até ao fim do mandato para mal de quem não votou neles e nas próximas eleições ganhará o PSD, mas este como já não haverá basuca e é menos social vai gerar descontentamentos e nas seguintes vão ganhar novamente o PS porque o tuga é básico e come queijo.
É esta a vida deste triste país, porque as alternativas são "populistas" e " fassistas" 
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De Anónimo a 12.04.2023 às 17:47


Para isso é preciso haver eleições, uma coisa que alguns "democratas" da nossa terra acham que é uma coisa acessória desde que se "declare" qualquer tipo de crise (qualquer serve, cá, lá fora. crise-de-mais-do-mesmo, crise-da-banana).
Ou seja "há inflação", ou "há guerra",  ou "há PRR" e suspende-se a democracia, e designadamente os poderes e as responsabilidades para que foram eleitos como se alguma vez tivesse havido alguma coisa que não fosse qualquer tipo de crise...
Tomaram-lhe foi o gosto à discricionária utilização de poder e suspensão de liberdades pela proclamada crise covídica...
Isto só o tonto do Marcelo porque qualquer PR socialista já há muito tinha despachado um qualquer Governo que não fosse da sua cor.
Já o fizeram.
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De Anónimo a 12.04.2023 às 17:58

A ser verdade o que diz, com este povo nenhum governo conseguirá erguer o país. Mas eu até acho que é um pouco ao contrário, com políticos como os que temos é que seguramente não vamos a lado e nenhum. E afirmo isto com convicção, porque empresas estrangeiras instalam-se em Portugal e têm sucesso e acresce que o povo emigrante (antes iletrado e sem formação académica) provou e prova lá fora as suas qualidades e as suas capacidades, incluisivé de chegar a cargos políticos e públicos relevantes.
O simples fato de ainda estarmos a discutir onde se vai fazer o novo aeroporto, não é um problema exclusivo deste governo, é um problema dos partidos políticos que, se boicotam sistemáticamente na procura de uma solução satisfatória.
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De anónimo a 12.04.2023 às 17:54


Dissolução?. Até porque, como já se constatou vai para meio século, não resultou, nem resultará, em nada de diferente.



Dissolver e eleger outra AR, ou mesmo eleger por calendário outra Assembleia da República -com esta, a mesma, Lei Eleitoral- resultará no mesmo desempenho político hiper-partidário, em que poder Legislativo e Executivo estão nas mãos de um só personagem, o eleito PM, pela AR.

Uma outra AR -como sempre preenchida por felizes bem pensantes quer os que estão em maioria quer as oposições- terá sempre uma outra substancial maioria nas ruas. Há apenas diferença na intensidade e no tipo de folclore, nas ruas.

Em Belém transitará sempre um constitucional exercício em "nothingburger". Para quê uma "boma atómica" se ao dissolver tudo vai ficar absolutamente na mesma?. Hiper-partidarismo.



Amanhã com um PM do PSD, ou do PSD + Chega, ou (?) do Chega(!), a curto prazo tudo será sempre o mesmo como até agora, durante meio século: o poder para o partido, ou partidos, se manterem no poder e premiar os apoiantes mais chegados. "No pun intended".
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De Anónimo a 12.04.2023 às 19:18


O que se aproveita do texto é:

Na minha opinião a discussão sobre a dissolução do parlamento só serve para alimentar audiências na comunicação social e aos comentadores que vivem da especulação e intriga política.



Mas não são só os comentadores que vivem da especulação e intriga política, é a comunicação social e também os blogues. E isto é o "prato do dia". Disse bem, só serve para alimentar audiências. Infelizmente as audiências gostam de "lixo".



Muitos bloggers criticam tudo e todos, eles é que sabem tudo, eles é que têm a opinião correta sobre tudo, eles são os maiores! Então que saiam da sua zona de conforto e façam algo pelos outros.



E não percebi afinal qual é o caminho para o abismo.
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De Rogerio Castro de Seixas a 13.04.2023 às 14:06

Será(ia) curioso de ver com o PS resolverá(ia) a substituição deste Governo.

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