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O burro

por henrique pereira dos santos, em 18.03.25

"Muito boa gente desconfia de que Montenegro teve comportamentos duvidosos por uma razão bastante simples: se não houver o menor vestígio de trafulhice, então o desastre absoluto das suas explicações fariam dele o político mais burro do mundo. E burro Luís Montenegro não parece ser". (João Miguel Tavares na enésima crónica sobre as trafulhices de Montenegro que nunca explica quais sejam, hoje no Público, preocupado com a magna questão de saber quanto custou a casa de Espinho de Montenegro).

João Miguel Tavares, fiel leitor do Expresso, está convencido de que um dossier de facturas da obra da casa é a chave para se encontrar os tais "comportamentos duvidosos", contrariando a Polícia Judiciária, que investigou os tais "comportamentos duvidosos" mas não achou essencial consultar o dito dossier (limitou-se a pedir, num mail, uma cópia em formato digital, devem ter dado tanta importância ao dossier que nem uma deslocação para o consultar acharam justificada).

Cada um entretém-se com as teorias de conspiração que quer, claro, mas o que me interessa é o parágrafo final da crónica com que começo este post.

1) A desconfiança sobre os "comportamentos duvidosos" não advém de nada em concreto, mas do facto das explicações para perguntas fundamentais (qual é o preço final de uma casa, por exemplo) do visado serem um desastre;

2) Se as explicações do visado são um desastre, só podem ser por ser burro, ou esconder alguma coisa (por exemplo, esconder o preço final de uma casa);

3) Não sendo o visado burro, então está demonstrado que há "comportamentos duvidosos".

Uma maneira um bocado pitoresca de dizer que qualquer pessoa que não consiga demonstrar a sua inocência (por ser burro ou por não querer, é irrelevante) é, em princípio, culpado.

Aparentemente não existe a hipótese de alguém achar que não tem de responder a perguntas que acha irrelevantes sobre matérias que são do foro privado, seja quais forem as razões que tem para isso, incluindo achar que não tem de contribuir para a devassa que a imprensa se acha no direito de fazer, substituindo-se à polícia.

Não faço a menor ideia se Montenegro teve "comportamentos duvidosos", o mais provável é que sim, porque a santidade é rara e, provavelmente, todos nós, aqui e ali, tivemos comportamentos duvidosos.

Volto a citar uma frase para que há tempos me chamaram a atenção:

"“If we insist that public life be reserved for those whose personal history is pristine, we are not going to get paragons of virtue running our affairs. We will get the very rich, who contract out the messy things in life the very dull, who have nothing to hide and nothing to show and the very devious, expert at covering their tracks and ambitious enough to risk their discovery.”

Depois queixem-se do êxito dos demagogos que se apresentam como os grandes regeneradores morais da sociedade.


5 comentários

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De Antonio Maria Lamas a 18.03.2025 às 09:07

O disparate chegou ao ponto de um tal Miguel Carrapato ao, no Observador, se mostrar indignado com o silêncio de.... Cavaco Silva. 
Haja paciência. 
Então eles, os jornalistas, até sabem o que ele disse no Conselho de Estado. 
Isto não é jornalismo é coscuvilhice ordinária 
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De Anónimo a 18.03.2025 às 12:23

Volta lapis azul! Há quem por ti anseie.
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De Rodrigo Raposo a 18.03.2025 às 16:33

Coitadito do JMT. Um idiota ... (in)útil.
Na verdade, não passa de mais um floquinho de neve da bolha de Lisboa. O homem tem de ganhar a vida. Se não fizer estas públicas demonstrações de (da sua) virtude, perante a côrte, ainda se arrisca a cair na indigência. Diz mais da falta de carácter do cronista que dás trafulhices do visado ... 
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De anónimo a 18.03.2025 às 16:50


Realmente o problema não é, nem foi, tanto a conduta semi-privada, como a semi-pública, de este PM. 
O espetáculo, na AR, durante a moção de confiança, demonstrou que ali co-existem duas centenas de inscritos que nada têm a ver com o País. 
Ali ninguém esteve realmente interessado na conduta do PM. Argumentou-se clubisticamente apenas com a óbvia preocupação de manter previlégios, partidários.   

Ali apenas se degladiaram claques partidárias. Nada teve a ver com um País que dizem representar. 
Afinal com novas eleições sempre se pode perder o lugar o que será desagradável quando se têm apenas méritos profissionais discutíveis noutros mercados de trabalho. Aflitos á exaustão.
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De Anonimo a 18.03.2025 às 18:15

Rumo a uma maioria de direita 
DoGE em Portugal 
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