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A principal força que levou ao nascimento da CE, foi geopolítica. Depois de duas guerras que, em 30 anos, devastaram a Europa, tudo o que pudesse reforçar a impossibilidade de uma nova guerra, merecia todos os esforços.
A segunda vaga de entusiasmo na construção Europeia, foi a constatação de que um mercado comum, era mesmo uma boa ideia. E que todos beneficiavam. Uma motivação económica que também servia os interesses da paz no Continente, ao tornar interdependentes todas as economias e alargando prosperidades.
A terceira grande vaga que reforçou a ideia de Europa, foi a de que, no mundo actual, potências médias continuariam a ser médias, mas deixariam de ser potências á escala global. Que apenas através de uma união, de um enorme mercado a uma só voz, seria possível sobreviver num mundo de gigantes. Como ter poder em negociações com antigos, novos e futuros colossos como os EUA, a Rússia, China, Índia, Indonésia ou Paquistão? Não parece questionável que a união faz a força. Ainda recentemente o Canada e o México foram obrigados a um humilhante ( embora substancialmente identico) acordo comercial com os Estados Unidos que, unilateralmente, forçaram a uma nova Nafta.
O problema acontece quando os custos da permanência na CE aumentam e os seus benefícios parecem ser agora menos determinantes.
A memoria dos riscos da guerra deixou de estar presente na Europa. Ninguém acredita em conflitos na Europa “ocidental” até porque a CE está presente no continente. É a lógica das vacinas a funcionar. Se todos estiverem vacinados então, quem não o é, beneficia da imunidade de grupo. Já em termos mais vastos, sempre competiu à NATO, providenciar a verdadeira segurança.
O livre comercio, embora esteja a atravessar um período menos fulgurante, veio para ficar. E as economias funcionam cada vez mais em termos de concorrência perfeita: todos tendem a querer que todos os mercados lhes estejam abertos e disponiveis a atribuir reciprocidade. A recente constituição da RCEP , uma associação de comercio Ásia-Pacifico que congrega 1/3 da economia mundial, incluindo a China e muitos dos países com quem existem diferendos no seu mar do Sul, é um exemplo de como, num mundo crescentemente pragmático e focado na economia, é possível estabelecer parcerias com inimigos potenciais. Em tese, cada vez mais se acredita poder continuar a fazer negócios praticamente debaixo de uma chuva de obuses nos dois sentidos. Um exemplo que reforça o interesse de zonas de comercio cada vez mais livres, mas que não impede que independentemente delas, o comercio internacional seja, em qualquer outra circunstância, cada vez mais livre, entre uma zona de comercio e qualquer pais terceiro. Os custos aduaneiros são cada vez mais irrelevantes e as especificações e requisitos administrativos de um produto podem, sendo interessantes, ser copiadas.
Já uma integração política, obriga a transferências de soberania. Ferindo orgulhos, mas também interesses específicos. E num mundo com menos crescimento, começou a pesar a factura da solidariedade e da burocracia para os países contribuintes líquidos.
É neste contexto que surge o BREXIT.
Uma economia, um mercado, que pela sua dimensão não é desprezível para ninguém. O que por interesse próprio dos outros países e blocos comerciais, conduzirá, nem que a prazo, a negociações comerciais satisfatórias.Claro que há sempre perdas: o mercado financeiro de Londres, a ultima das jóias do Império Britânico, deverá sofrer um atropelo. Que os optimistas pensam compensar só com a oferta de serviços de fuga fiscal na Europa continental. Há, como sempre, os riscos de as coisas correrem mal, dado que ninguém domina o funcionamento detalhado e complexo de milhares de industrias, actividades e serviços.Há sempre imprevistos.
Certos são os benefícios: deixar de pagar as contribuições, e a perda de soberania. Incerta e provavelmente improvaveis, a relevancia dos custos.
Fico triste com a partida de um contribuinte liquido e com um país que sempre se bateu por conter o aumento do despesismo Europeu. Uma má noticia para os paises perifericos e mais pobres da CE, como Portugal. Mas não deixo de perceber a estratégia e as suas justificações.
Vamos ver como corre!
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