Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Talvez seja útil confrontar as declarações do Senhor Secretário-Geral da ONU com os dados existentes, como forma de começar este post.
Disse António Guterres, a propósito das cheias no Paquistão, que terão provocado à volta de 1500 mortes: "I have never seen climate carnage on the scale of the floods here in Pakistan."
Agora os dados de um século para o conjunto de desastres naturais, incluindo cheias.
E comecei por aqui porque esta é a outra face da visão moralista e conspirativa do mundo, a da pura manipulação.
Não tenho nenhuma dificuldade em aceitar que a afirmação de Guterres seja sincera e verdadeira: nunca terá visto cheias maiores e mais letais que as do Paquistão neste ano.
Guterres sabe perfeitamente que o que vê é uma pequeníssima parte do mundo, no espaço e no tempo, e sabe perfeitamente que ninguém, na posição dele, trabalha apenas com o que vê, sendo impossível que desconheça as estatísticas que estão acima.
O que está em causa, no movimento ambientalista - o movimento ambientalista está longe de ser monolítico, é tão diverso que até me inclui a mim, sempre que nestes post escrever "movimento ambientalista", estou a generalizar a partir daquilo é que a sua corrente dominante -, sempre existiu no mundo e pode ser muito bem avaliado a partir da evolução do marxismo e suas evoluções.
Rosa Luxemburgo é uma das fundadoras do partido social democrata alemão, mas já nesse momento de fundação pertencia à sua corrente mais radical, que a levou a afastar-se e a morrer assassinada, depois de uma vida dedicada à revolução.
À medida que a complexidade da realidade se impõe no quotidiano de quem tem de tomar decisões, há sempre quem considere, uma vez ou outra com razão, todos os desvios em relação ao mundo ideal como cedências "aos interesses".
Esse foi o caminho que levou ao grupo Baader-Meinhoff ou às Brigadas Vermelhas, e a muitos outros grupúsculos radicalizados, a maior parte dos quais sem consequência de maior para a sociedade, felizmente.
É impossível não ver sombras deste processo nisto: "“Para que é que estamos a ir às aulas, se não temos um futuro?”, pergunta Teresa Núncio, questionando o statu quo que se vive, em que se estuda e trabalha como se o futuro estivesse assegurado, apesar da progressão actual das emissões de CO2 (se nada for feito, a temperatura média da Terra facilmente aumentará três graus, com consequências devastadoras). “O absurdo é a normalidade”, constata. Porquê? “Porque é um sintoma de que as pessoas não estão conscientes em relação ao estado da crise climática”, diz a estudante, que também está a ajudar a preparar a ocupação no estabelecimento de ensino que frequenta, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa."
Está cá tudo: a infantilização da argumentação ("para quê estudar se não temos futuro"), a troca da racionalidade cartesiana pela emoção, a crítica aos que não seguem a "linha justa" e a conclusão de que é preciso agir, mesmo que temporariamente contra a maioria, para benefício de todos.
Estamos ainda longe da defesa da violência sobre alguns como forma de atingir a felicidade para todos, mas os passos que o movimento ambientalista está a dar, estão a ir nesse sentido: "Neste contexto e tendo em conta as limitações das greves enquanto forças de mudança, o manifesto publicado no The Guardian anunciou uma nova táctica: a ocupação de escolas e universidades feita por estudantes durante os meses de Outono."
E, naturalmente, há opções a fazer.
A minha opção é claramente diferente da de António Guterres.
"No entanto, de 2020 para cá, as emissões de CO2 voltaram aos valores pré-pandémicos, catástrofes naturais, como as mais recentes cheias no Paquistão, continuaram a suceder--se e a invasão russa da Ucrânia produziu uma guerra e uma crise energética que, nos próximos meses, ameaça tornar-se uma crise social europeia de grandes proporções. Ao mesmo tempo, as grandes empresas petrolíferas arrecadaram tamanhos lucros que, no início de Agosto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, acusou-as de uma “ganância grotesca”."
No que conseguir e me for possível, tenciono manter-me no campo da racionalidade cartesiana e dos factos, matéria para o terceiro post sobre este assunto, entre outras razões por ter visto até onde nos levou a manipulação da informação como instrumento para obter um valor maior, praticado de forma sistemática pelos defensores dos amanhãs que cantam.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Israel é, por si só, um espinho incomodo nas aspir...
os terroristas palestinos [...] que dominam o Líba...
« a culpada foi a cobra ...
Olhemos para o dinheiro. Se os grupos terroristas ...
Aviso, desde já, que não contem comigo para tomar ...