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Os censos de 2021 são claríssimos na identificação de uma sociedade doente e estagnada.
Não por se perder população, isso pode ter vantagens, mas pelas razões pelas quais se perde população: temos sociedades pouco dinâmicas, viciadas no dinheiro fácil dos fundos e dos projectos, que esperam que os outros, em geral o Estado, lhes venham resolver os problemas da sua vida.
Ainda ontem ou anteontem vinha mais um demógrafo falar do povoamento da raia na primeira dinastia, e nas políticas dessa primeira dinastia, para justificar as políticas de povoamento do interior que, na sua opinião, o Estado deveria levar a cabo, custasse o que custasse.
Lá cuidar de discutir onde iria o Estado buscar os recursos para isso, e qual seria a eficácia face à alternativa de reforçar a autonomia das pessoas pelo recuo do Estado onde ele não faz falta, isso é que está quieto.
Talvez para não lembrar que grande parte dos recursos da primeira dinastia resultavam das pilhagens de guerra e o povoamento se fazia aumentando a liberdade económica, a segurança das pessoas, o acolhimento de estranhos e a autonomia das comunidades, portanto, como modelo a usar, talvez precise de um bocadinho mais de discussão.
Tal como não lhes ocorre pensar que uma das principais razões para o crime de tráfico e exploração de imigrantes ilegais esteja numa política de imigração que talvez valesse a pena discutir, porque há um evidente problema de mão de obra em alguns sectores económicos, incluindo aquele que está por trás do único concelho que, no mapa da variação populacional entre 2011 e 2021, está manifestamente em contra-ciclo, com um aumento de população bastante catita, não sendo um concelho urbano.
Infelizmente as nossas elites estão cheias deste tipo de pensamento mágico que defende que se está calor, o que é preciso é tomar medidas para baixar a temperatura, sem cuidar de saber como se faz e que consequências não pretendidas têm essas medidas.
Um bom exemplo é o desta investigadora que entende que se devem proibir os despejos até a crise da habitação estar resolvida.
Sublinho, trata-se uma investigadora que estuda academicamente o assunto, não se trata de uma pessoa que nunca pensou no assunto e acordou um dia a pensar que para resolver o problema da habitação, proibir os despejos é "uma das coisas muito simples que se pode fazer, para ajudar a mitigar esta crise de habitação, e óbvia, é, por exemplo, parar os despejos".
O óbvio é uma coisa muito subjectiva, portanto para Ana Gago, é simples e óbvio que parar os despejos ajuda a mitigar a crise da habitação.
Já, para mim, é óbvio que impedir os despejos aumenta a insegurança dos senhorios, o que os leva a não querer arrandar casas, o que diminui a oferta, o que faz aumentar os preços para compensar o aumento do risco e a diminuição da oferta, o que aumenta a crise da habitação.
Tal como é óbvio, para mim, que ninguém quis ou decidiu que o país tenha a dinâmica populacional que tem, incluindo o despovoamento de grande parte do seu território, mas que isso resulta de processos económicos e sociais globais, profundos e fortes, pelo que é tempo perdido tentar reverter essa dinâmica com base em políticas públicas activas.
O que para mim é óbvio é que o mais eficiente é perceber essa dinâmica, perceber que ela tem na base uma dinâmica social e económica que ultrapassa largamente o poder do Estado, portanto não é do Estado que virá qualquer solução relevante para evitar que haja pessoas que fiquem para trás.
E é também óbvio, para mim, que são as pessoas e as suas comunidades que serão capazes de, nessas circunstâncias, criar dinâmicas que tornem as suas vidas melhores, adaptando a famosa ideia de que é preciso resignação para aceitar o que não se pode mudar, força para mudar o que se pode mudar e sabedoria para distinguir as duas coisas.
O que inclui a capacidade para as pessoas, e as comunidades, influenciarem o Estado para que deixe de favorecer mecanismos socialmente negativos, como andar a fazer leis estúpidas de prevenção de incêndios que consomem recursos e resultam no agravamento do problema, e passe a favorecer mecanismos socialmente úteis, como pagar a quem faça gestão de combustiveis de forma a que o seu terreno não tenha mais de 50 cm de altura de combustíveis finos ou, sendo mais radical, que mude a capital para Castelo Branco.
Sendo ainda óbvio que é completamente inútil dizer que as pessoas do interior são orgulhosamente graníticas e sabem muito bem o que querem (as pessoas do interior são, essencialmente, iguais às do exterior), só precisam é de ser tratadas com justiça e equidade, coisa que "eles" não fazem porque não querem.
Mas isto sou eu a falar, o óbvio para outras pessoas são outras coisas, como ser simples e óbvio parar os despejos até estar resolvida a crise da habitação.
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Muito bem!
Consultando o portal base.gov percebe-se que o Sr....
«As costas da Mina e a da Guiné foram desde o sécu...
Siga prà marinha.Muito bem.
Muito bem, nada a apontar