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"Os quatro australianos estiveram na serra da Estrela, a observar os vestígios do fogo que destruiu mais de 22 mil hectares de uma área protegida. ... "O que faltou aqui foi o treino e a compreensão do que é realmente um bom combate. Houve várias áreas em que vimos que o fogo não foi devidamente gerido. Não foi devido à falta de equipamento, foi devido às pessoas não saírem dos seus caminhos e fazerem o trabalho duro, após os aviões passarem" ... Relativamente à utilidade dos meios aéreos de combate aos fogos, tantas vezes reivindicados pelas populações e pelos políticos [e pelos jornalistas, acrescento eu] ... Neil Cooper ... é peremptório. "São muito úteis em determinados cenários, mas a não ser que tenhamos equipas treinadas no terreno a fazer o trabalho duro, são um desperdício".".
O que está aqui dito foi escrito, com mais diplomacia e umas diferenças, por Rui Gonçalves, tendo, aparentemente, motivado o seu despedimento de presidente da Florestgal.
Como já escrevi, parece-me que o verdadeiro crime de Rui Gonçalves não for ter escrito uma coisa que contesta a actuação de terceiros no combate ao fogo, o verdadeiro crime foi desalinhar do controlo político da narrativa que o governo escolheu para se defender, politicamente, do escrutínio da sua acção neste domínio. Essa é a cultura dominante do PS, seja no tempo de Sócrates, seja agora.
Aliás, o que está acima dito pelo conjunto de australianos com larga experiência de combate a fogos que vieram a Portugal dizer o que pensam, é dito mais ou menos por toda a gente que conheço e que sabe de fogos e do combate aos ditos, em privado.
Houve até um dos meus amigos que sugeriu que todos os reacendimentos - e nos fogos portugueses há muitos - deveriam dar origem a processos disciplinares ao comando do combate ao incêndio.
Como esta não é a minha área de trabalho e conhecimento, não consigo ter uma opinião tão radical, mas seguramente deveriam dar origem a um inquérito que permitisse perceber as razões do reacendimento e o que seria preciso fazer melhor na vez seguinte.
À boa maneira portuguesa, essa avaliação, e outras, irá ser feita numa comissão mastodôndica, com não sei quantos representantes de não sei quantas entidades, a maior parte sem as qualificações mínimas para avaliar de forma séria e serena o desenvolvimento dos fogos sobre os quais se vão pronunciar (os mais sensatos, limitar-se-ão a ficar calados, naturalmente).
Em Portugal há esta convicção de que se eu me sentar muitas horas em frente a uma lareira a olhar para o fogo, passo a ser um especialista em fogos (isto é válido para quase todos os assuntos, não é específico da gestão do fogo) qualificado para representar um organismo numa comissão que fará um relatório, que será aprovado por um director geral, homologado por um ministro, distribuído à imprensa que dará destaque às promessas do governo que se apoiam no trabalho dos especialistas, e arquivado por um amanuense.
O que deixa toda a gente tranquila para que da vez seguinte se cometam os mesmos erros: os que sabem, porque escreveram no relatório o que deveria ser feito, os que decidem, porque o relatório é demasiado extenso e complexo para servir de base à decisão, os que estiveram na comissão, porque deram o seu melhor, os jornalistas porque o seu trabalho é disseminar a informação.
O governo anuncia uns milhões, que dependem de uma decisão comunitária, que ficam cativados em 50% pelas finanças e que são aplicados em aviões ou faixas de gestão de combustível, consoante se queira reforçar o combate ou a prevenção, sendo qualquer das duas opções razoavelmente inútil se, no momento do fogo, os bombeiros estiverem todos junto às casas a evitar que morra alguém, que é a orientação política com que toda a gente está de acordo.
Os jornalistas, por fim, gastam litros de tinta com um negócio manhoso de golas anti-fumo, sem perceber que estão a olhar para o dedo e não para a lua.
O retrato que os censos fazem é o retrato de uma sociedade que comete, vez após vez, os mesmos erros porque não quer melindrar ninguém com processos de avaliação de resultados que sejam sólidos e objectivos, limitando-se a discutir como fazer a distribuição do dinheiro que nós, ou os contribuintes finlandeses, entregam ao Estado.
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Muito bem!
Consultando o portal base.gov percebe-se que o Sr....
«As costas da Mina e a da Guiné foram desde o sécu...
Siga prà marinha.Muito bem.
Muito bem, nada a apontar