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No contexto do chamado “Choque Brutal”, prestar demasiada atenção às minuciosas análises dos imaginativos editoriais jornalísticos ou dos comentadores políticos oficiosos empurra-nos inevitavelmente a todos para uma órbita longínqua da realidade política nua e crua. Ora o que acontece cá em baixo no chão dos factos é que poucas vezes o Povo português se comoveu negativamente com os crimes políticos ou protagonistas corruptos, antes pelo contrário. Contrastando com a vozearia tão persecutória quanto inconsequente que impera na praça pública - em que, reflexo de uma senha contra a autoridade, se condena recorrentemente a generalidade dos políticos à cadeia só por serem políticos - o facto é que a História nos vem demonstrando uma insensibilidade geral às transgressões ou tiranias sucessivamente perpetradas ao longo dos tempos. Sem falar da maior estátua que em Portugal é dedicada ao sanguinário Marquês de Pombal, imortalizado como grande estadista, veja-se como a república aproveitando as benesses dum regime democrático e liberal, se instala candidamente na sequência de dois abomináveis assassinatos perpetrados pelos seus partidários. Ou veja-se como Salazar se perpetua no poder década após década sem grandes incómodos e sob as graças do “seu” Povo e de como foram vitoriosas as sucessivas reeleições de políticos sentenciados como Fátimas Felgueiras e Isaltinos Morais. Ou finalmente, como um delinquente político como José Sócrates é reeleito em 2009 apesar de denunciado em flagrante delito na gestão danosa da coisa pública. Todos estes factos contrariam o mito da “sabedoria popular” cujo sentimento sempre se inclinou para o fascínio pelos maiores escroques, na expressão duma compassiva condescendência para com qualquer líder corrupto ou despótico por troca de obra feita, um pouco de pão e circo. Se bem que a "Operação Marquês" (?!) condene a narrativa do PS a uma revisão, (nomeadamente evitando carregar o discurso anticorrupção), atrevo-me a dizer que a vitimização José Sócrates como mártir, numa agenda gerida com subtileza poderá vir a revelar-se um tónico para a caminhada triunfal de António Costa às legislativas de 2015. O fenómeno Sócrates emana da essência dos portugueses que o toleraram e veneram. Essa essência não mudará de um dia para o outro e nesse sentido estou convicto que continuaremos a ter aquilo que merecemos. Nada de bom, bem se vê.
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