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Não é um tema novo ou sequer muito relevante neste momento. Mas a repetição ad nauseam de críticas estúpidas á opção Sueca, começa a ser insuportável e merece resposta. Sobretudo quando acontece em jornais respeitáveis como o DN, que voltou ao ataque sob o titulo, a Suécia fez diferente. E foi mau na saúde e mau na economia. Como exemplo de mau jornalismo parece-me perfeito: não é objectivo, os factos são irrelevantes e as conclusões são basicamente todas erradas.
É tão evidentemente possível criticar o caminho seguido pelos suecos como a resposta padrão do confinamento compulsivo seguida por quase todos os países. O que não é aceitável é faze-lo de forma tão pouco inteligente, incorreta e pouco séria, como costuma ser feita, e de que o ultimo artigo do Diário de Noticias, em titulo, é um perfeito exemplo.
Há que lembrar que os suecos, ao contrario dos outros Europeus, não foram tratados como crianças ou inimputáveis. Só este facto merece destaque pela positiva e justifica a opção por eles assumida. Será esta a razão para ser tão raivosamente atacada as diferença de opções dos políticos suecos?
Há que lembrar, que nenhum país, com uma economia aberta, pode ter bons resultados económicos, quando todos os outros confinaram e entraram em recessão profunda.
É simplesmente alarmante que num jornal como o DN, assumam previsões como realidades absolutas que permitam julgamentos. E pior, que não percebam que as previsões usadas para a Suécia, são menos negativas do que as de países que realizaram confinamentos mais rigorosos. Ou seja, apesar dos inevitavelmente maus resultados previstos para a Suécia, estes são menos maus que os das previsões de outros países. A conclusão que se poderia tirar é exatamente a contraria da conclusão apresentada: economicamente a opção Sueca foi melhor.
A bandeira negra da superior mortalidade apresentada pela Suécia, relativamente a alguns países, nomeadamente Escandinavos e Portugal é um argumento tão errado como tendencioso. Um confinamento, mais ou menos rigorosos, tem uma tradução diferente no número de infectados. O confinamento protege-nos da possibilidade de ficar infectados. A mortalidade depende da virulência da infecção, das condições físicas gerais do infectado e de outras variáveis, algumas ainda desconhecidas. Mas que nada têm a ver com o modelo de confinamento!
As criticas á possibilidade de ser atingida a imunidade de grupo são em simultâneo alarves e um tiro no próprio pé do autor do artigo, quem quer que seja o infeliz. Os argumentos que ridicularizam a possibilidade de atingir a imunidade de grupo, são o não estar provada a imunidade de quem tenha sido infectado (o que não é verdade) e não se saber por quanto tempo essa possível imunidade seja efetiva (desvalorizando uma imunidade da mesma forma que se pode desvalorizar a valia de qualquer vacina). Finalmente critica a real possibilidade de atingir essa imunidade de grupo, porque os dados objectivos do número de pessoas infectadas são inferiores às previsões (que tentam corrigir os números daqueles que já foram infectados mas ainda não apresentam anticorpos) e representam um número pequeno, demasiado pequeno (neste caso 7,3% da população) para poder aspirar a uma imunidade de grupo. Esquecendo que se assim for, o que está a demonstrar é que o modelo Sueco não é assim tão diferente em termos dos resultados do confinamento convencional. Uma critica brilhante!
A grande diferença do modelo sueco, para além do respeito ao cidadão, é que ao contrario do seguido pela generalidade dos países, não é um modelo optimista. Posto de forma simples, os suecos não acreditam no pai Natal. Que vai fazer desaparecer o vírus por si só, trazer uma vacina em tempo útil ou fazer chover um remedio milagroso. Só estes milagres podem justificar a opção seguida pela generalidade dos outros países: impedir infecções a todo o custo, até á solução definitiva do problema. Sem milagres, só
a imunidade de grupo poderá parar a pandemia. E a discussão é apenas esta: acreditar ou não acreditar que vai existir uma solução que não passe pela infecção de uma percentagem da população, qualquer que ela seja, que a liquide, por imunidade de grupo. Neste momento, ambos os cenários são possíveis, embora, de acordo com a OMS, seja mais provável que a pandemia se extinga por ela própria.
Sem milagre no horizonte, o ideal é que sejam os grupos não de risco que sejam infectados, e que o tempo da infecção seja o mais rápido possível sem ultrapassar os limites dos sistemas de saúde. Tal como está a ser pretendido na Suécia.
De resto, respeitando os seus cidadãos, assumem, tal como os outros, a proteção (e os grandes falhanços) relativamente aos mais vulneráveis e medidas de distanciamento social, embora menos restritivas e mais sustentáveis no tempo. O que, curiosamente, os “furiosos” do confinamento estão agora a adoptar. Não o assumindo, ou reconhecendo que menos desconfinamento, é sempre maior risco de infecção. Mas que deve ser enfrentado porque é necessário regressar á vida normal, sob pena de falência grave das sociedades. A sanha às respostas diferentes àquela seguida pela generalidade dos países, é tanto mais estranha, porque não devia suscitar insegurança dos mais conformistas, de tão acompanhados que estão. Será porque ninguém gosta dos que duvidam do pai natal?
PS: Nesta pandemia, não vou ficar com imagens de solidariedade humana que costumam aparecer nos momentos mais terríveis da história da humanidade. O que me impressionou foi a recusa tão determinada e aflitiva à inevitabilidade ou mera possibilidade da morte. E o enorme egoísmo de quem achou a pandemia perigosíssima, mas achou normal e devidos os enormes riscos assumidos por quem teve que continuar a trabalhar para não morrermos todos à míngua.
José Miguel Roque Martins
Convidado Especial*
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