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Este post é um caso literal de nepotismo, porque é um dos meus sobrinhos que é o editor executivo, ou lá como se chama, da revista Crítica XXI.
Só vi o grafismo (estou de acordo com uma crítica que vi por aí de que se trata de um grafismo "velho") e li, num lanche de família em que encontrei um exemplar por ali espalhado, um artigo que pretende aproximar-se da recensão que Fernando Pessoa faria do Ulysses, de James Joyce.
A razão principal para eu ter olhado para o índice e ter escolhido ler esta recensão é o facto de eu achar que Ulysses é o livro mais chato que já li, o que me define como um evidente troglodita intelectual (a leitura ao menos fez-me bem ao ego, pareceu-me ler que Virgínia Woolf também teria achado o livro chatíssimo).
O que queria não era tanto escrever sobre o conteúdo da revista (podem assinar aqui a revista, que é trimestral e, assinando, traz consigo um livro em cada número), até por ainda não ter lido mais que o que disse acima, mas sobre dois outros aspectos.
Por um lado, parece-me relevante que a intelectualidade que não se reconhece na esquerda e no mundo woke, largamente dominante no mundo intelectual, se tenha disposto a vir a terreiro disputar a predominância intelectual da esquerda no mundo das ideias e da literatura. Veremos se tem algum sucesso nessa guerra que parecia perdida há muito.
E por outro lado, acho muito interessante o facto do primeiro número da revista ter esgotado (na verdade, acabaram por fazer mais exemplares, para satisfazer a procura, por isso a assinatura continua a valer para o primeiro número, suponho).
À crítica que vi ao grafismo "antiquado" estava também associada uma afirmação de que se tratava, manifestamente, de um projecto de nicho.
A mim também me parece um projecto de nicho, com claras motivações de guerra ideológica num campo difícil para a direita, como é o mundo da intelectualidade e da arte, mas isso não significa que eu esteja convencido de que é uma opção errada ou falhada, bem pelo contrário.
Aproveitei o tal lanche familiar para tentar perceber melhor como é o modelo de negócio da revista e o que ouvi faz sentido para mim.
Sim, o aspecto gráfico é o que é, mas o pressuposto central é o de que há uma estrutura pequeníssima, barata, que produz uma revista totalmente a preto e branco (acho que nem tem imagens, mas não tenho a certeza absoluta, o facto é que mesmo que tenha, um leitor distanciado e que a folheia, como eu fiz, não se lembra de uma única imagem), completamente focada na qualidade dos que lá escrevem e na natureza dos assuntos e ideias.
O facto do primeiro número ter esgotado e, aparentemente, não ter dado prejuízo parece demonstrar um velho princípio do comércio: uma boa venda começa numa boa compra.
Neste caso, aparentemente, a boa compra consiste num produto muito barato na produção, com uma qualidade do conteúdo que permita uma venda barata, que alarga o nicho disposto a pagar 50 euros por quatro revistas e quatro livros, num ano.
Por mim, a bem da diversidade intelectual no país, só posso ficar satisfeito que alguém se tenha disposto a fazer isto: confesso que já estou farto de carnavais cheios de cor, luz e barulho, que se limitam a repetir incessantemente mantras politicamente correctos.
São, em parte, as mesmas pessoas que fizeram o Observador, com princípios semelhantes, do que resulta um jornal com boa opinião, mas com uma redacção igual às outras, infelizmente.
The times they are a-changin', aparentemente, o pêndulo do domínio cultural pode estar a fazer o movimento reverso do que existiu nas últimas décadas.
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