Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Eu compreendo todas as Isabel Moreira tão bem como compreendi todos os Sérgio Sousa Pinto. Perante o vazio de ideias da esquerda, perante a sua venal opção por um capitalismo de estado que enriquece alguns e leva todos à falência (mas de que nunca se arrepende), perante a vacuidade do credo «social» e «para as pessoas», eu compreendo bem que optem por se pôr em bicos dos pés fracturantes. Foi o aborto, é a co-adopção, há-de ser a eutanásia e, depois, a bestialidade, porque, no fim de contas, também pertence ao «mundo dos afectos». E compreendo bem que venham sempre exaltados e aos gritos, apodando de bárbaros todos os que os contrariem e de retrocesso civilizacional todos os caminhos diferentes. Estar num beco sem ideias produz estes destemperos obsessivos.
Desta vez, foram travados.
Apesar de uma trapalhada que se deveu sobretudo à interpretação abusiva que alguns deputados centristas e social-democratas fizeram do grau de liberdade que os eleitores (não) lhes dão, apesar da trapalhada que corrigiu essa trapalhada original, os «fracturantes» foram travados. Podem gritar e esbracejar, invocar bullyings e inconstitucionalidades, mas foram travados.
Agora, convém corrigi-los.
Não, ao contrário do que diz Isabel Moreira, a «esta Assembleia» não foi outorgado um mandato sem limites ou contornos . O povo -- os eleitores -- vota em programas e práticas políticas. Talvez compreenda com um exemplo simples: nem os deputados do PCP representariam mais o seu eleitorado se, de súbito, perfilhassem Hayek, nem os deputados do PSD representariam mais o povo se, repentinamente, perguntassem «Que fazer?» e adoptassem o ideário leninista. É o mesmo com a co-adopção, para cuja aprovação não tinham nem pedido, nem apoio, nem mandato, nem licença.
E não, ao contrário do que diz Paulo Rangel, os deputados não são livres nestas «questões de consciência». O que vale para os eleitores é, repito, o programa e a prática política do partido por que foram eleitos. A «consciência» dos deputados não vale mais do que a consciência de quem os elegeu, e a quem eles não se apresentaram individualmente, e que não os conhece nem tem que conhecer enquanto o sistema eleitoral for este.
Contam Moreira, Pinto, Rangel, Leal Coelho e todas as declarações de voto contra o referendo da co-adopção com o geral apoio da imprensa? Sim, contam com uma campanha unanimista, saloia e revoltante. Deliciem-se com a cobertura dessa imprensa pouco séria, manipuladora, obscenamente parcial, anti-democraticamente tendenciosa, indignamente omissa em toda a opinião que contradiga a festa. Entretanto, foram travados.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Não, não é.
A este anonimo só faltam as penas...
Há 60 anos assisti a um grande fogo ( aumentado pe...
Ventura disse o mais importante na cara do(jornali...
Marques Mendes, é um copy past. de Marcelo, logo, ...