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José Teixeira: "a importante questão das "alterações climáticas" é apropriada para alimentar uma agenda contestatária abrangente, a que alguns querem chamar "ideológica" mas que não o é, sendo apenas uma atrapalhada e atrevida mescla de itens de "agit-prop" da agenda esquerdalha (agora dita "woke" à falta de termo português para tal monsto), sob a evidente "mão visível" do BE. Isso poderia nada mais ser do que um pouco irritante, ou mesmo só risível, se a questão climática não fosse verdadeiramente relevante. E em assim sendo esta cacofonia, este "radicalismo pequeno-burguês de fachada ecológica" - como diria Álvaro Cunhal - aliena as necessárias, reflexões e verdadeiras acções face ao processo climático. Digo-o diante das patéticas acções de pirataria artística, agora encetadas, como deste "confusionismo": apenas obstam às coalizões sociais nos esforços ecológicos. ".
Fernanda Câncio: "Espero também que, ao contrário de tanta gente que insulta e menoriza os "jovens climáticos", como os apelidam nas notícias, seja capaz desse ato derrisório de autocrueldade que é ver-se do outro lado. O lado da injustiça, dos que deviam agir e não agem, o lado do poder e do deixa andar, dos que fecham os olhos e arranjam desculpas, dizem "ah mas é muito complicado, isso não é como vocês pensam, não se carrega num botão e já está, como seria depois?". O lado dos que desistiram de salvar o mundo, e se limitam a gerir. Recursos, empresas, países; o hábito. Porque é assim que esses jovens o vêem, nos vêem. E têm toda a razão".
A lucidez de Fernanda Câncio na interpretação do que vê à sua volta é lendária mas, neste caso, não tem razão nenhuma neste "E têm toda a razão".
Não tem razão nenhuma pelas razões que José Teixeira elenca acima: ninguém está a tentar salvar o mundo - o mundo não precisa de ser salvo - e, muito menos, gerir, recursos, empresas, países, é menos relevante e digno que querer mudar o mundo.
1) Primeiro que tudo talvez seja útil deixar de tratar esta raparigada e rapaziada (andava há tempos infindos à procura de uma oportunidade para ser tão politicamente correcto) como se fossem criancinhas do jardim escola, este pessoal é mais que crescido para ler, pensar, decidir e agir, e a sua falta de idade, uma coisa que passará com o tempo, não os exime de responsabilidades e muito menos lhes confere qualquer superioridade moral: dizem ou fazem asneiras, devem ser avaliados por isso, como qualquer outra pessoa, dizem e fazem coisas certas, devem ser avaliados por isso, como qualquer outra pessoa, não há nenhum estatuto aplicável aos jovens que lhes permita fazer parvoíces sem que tenhamos o direito a ter a opinião de que são parvoíces. E não, não é de esperar que, por terem pouca idade, desatem a colar-se ao hall da entrada das casas para que são convidados, eles sabem perfeitamente que é uma parvoíce, apenas acham que sendo parvos conseguem chamar mais a atenção para o que acham que os outros devem ouvir;
2) Em segundo lugar seria útil deixar de dizer que os jovens isto e os jovens aquilo, a partir do que este grupinho de 50 ou 100 pessoas, alguns não tão jovens que até já podem votar, diz, faz ou pensa, porque a esmagadora maioria dos jovens não está para aturar estas cegadas, como se tem visto pela evidente incapacidade de mobilização que caracteriza esta cega-rega;
3) Em terceiro lugar era o que mais faltava que agora se aceitassem argumentos idadistas para delimitar o que se pode ou não dizer destas parvoíces, estabelecendo uma relação de causa/ efeito entre dizer que há muita parvoíce nestas acções e ser velho;
4) Por último, seria sensato deixar de fazer comparações idiotas entre as intervenções da polícia democrática no cumprimento estrito da lei, com as intervenções da polícia da ditadura, apenas porque ocorrem no mesmo tipo de espaços. Comparar bastonadas indiscriminadas numa carga de polícia sobre uma multidão, com eventuais fissuras na pele provocadas pela falta de cuidado da polícia quando descola pessoas que voluntariamente se colaram a qualquer coisa, é uma tolice.
O argumento de que os outros deviam agir e não agem é um argumento de pura ignorância: a verdade é que há alguns países em que o PIB continua a crescer, mas as emissões começaram a diminuir (para não complicar nem falo das políticas de adaptação, dei só um exemplo de mitigação), o que quer dizer que se age, sim, que se tem feito alguma coisa, sim.
É insuficiente?
Até pode ser, mas como todos os países em que isso acontece são países capitalistas ocidentais, é incompreensível que o argumento central desta gente seja a incompatibilidade entre o modelo capitalista de produção e a acção climática consequente, em vez de argumentarem que o que é preciso é reforçar os mecanismos de mercado e capitalistas que têm estado a dar resultados, por exemplo, deslocando a taxação sobre factores de produção - capital e trabalho - para o consumo.
Embora eu os perceba, é muito mais fácil ter os jornalistas a dizer que é preciso acabar com os fósseis no governo que a aceitar a ideia de que o IVA deveria subir, e o IRS e IRC descer.
O que me parece confirmar que esta boa gente sabe mais de marketing que de alterações climáticas.
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Muito bem!
Consultando o portal base.gov percebe-se que o Sr....
«As costas da Mina e a da Guiné foram desde o sécu...
Siga prà marinha.Muito bem.
Muito bem, nada a apontar