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Não é legitimidade, é o Irão

por Jose Miguel Roque Martins, em 10.10.24

 

A guerra entre Israel e o mundo árabe, desperta paixões. As discussões e argumentos que se ouvem, são sobretudo tiros ao lado.  Discute-se legitimidade, discute-se a questão palestina e Israel. Nem a legitimidade resolve a guerra, nem o conflito é israelo-árabe. A verdadeira questão é pratica. Enquanto houver dinheiro para a guerra, não haverá paz. Enquanto o Irão permanecer uma teocracia autoritária, não haverá paz.

Em termos de legitimidade, o Estado de Israel, o Irão, a palestina, comparam-se bem com a conquista de Portugal por D. Afonso Henriques e os seus descendentes, aos mouros.  Que por sua vez tinham feito o mesmo a Visigodos, que o tinham feito aos romanos, que o tinham feito a umas tribos dispersas, que por sua vez, num ciclo infindável, o tinham feito a outras. A legitimidade da força, é a fonte original de todos os estados existentes, um pecado original que nenhum estado está livre. Vamos reabrir essa discussão? E já agora, internacionalizá-la e alargá-la a todas as fronteiras? Questionar tudo de novo? Ou, com sentido pratico, aceitar as realidades? Aviso, desde já, que não contem comigo para tomar Olivença.

Outra questão relevante é saber quem é, originalmente o agressor, quem foi o agredido. Quem quer que seja, para começar, já morreu. Os Palestinos foram agredidos. A ONU, assumiu a responsabilidade da agressão. Os israelitas, como é óbvio, aproveitaram. Podemos simpatizar com os palestinos, com cada um dos milhares de “povos” que foram subjugados. Simpatia que os judeus, também historicamente merecem, tendo sido expulsos da Judeia por diversas vezes.

O odioso ataque de há 7 de Outubro do ano passado, desencadeou a guerra. Israel tem todo o direito de se defender. O que, mais uma vez, não resolve nada. 

Em termos de legitimidade, não vamos resolver o problema: cada uma das partes reclama a sua. No entretanto, um enorme legado de medo, ódio, de sangue derramado, de luta pela sobrevivência dificulta uma solução. Mas essas não são a verdadeira causa do conflito.

Olhemos para o dinheiro. Se os grupos terroristas palestinos não tivessem fontes de financiamento, o que teríamos? Seguramente não existiria um estado de guerra sequer próximo do que existe. Os palestinianos não deixariam de viver miseravelmente, não teriam nada a perder, não existiria uma verdadeira paz. Mas com pedras não se faz muito sangue.  Se parte do dinheiro da guerra, fosse investido no desenvolvimento económico das palestinas (faixa de Gaza e Cisjordânia) a vida das suas populações seria seguramente melhor.  Teriam mais predisposição a olhar para o futuro, teriam mais a perder no presente.

Já há algumas décadas, os países árabes receiam mais os terroristas palestinos, expulsos da Jordânia e do Egipto e que dominam o Líbano, do que temem Israel. Já há algum tempo que perceberam que o Irão e os Xiitas, tudo farão para dominar os sunitas. O último exemplo é o Iémene. Os países árabes (sunitas) começaram a guerra, mas já não fazem parte da equação de agressão.  O terrorismo passou a ser uma forma de vida de pessoas que pertencem a organizações com interesses próprios, mais do que verdadeiras e legitimas organizações com objectivos legítimos. Alguém pode pensar que o Hezbollah ou o Hamas estão verdadeiramente preocupados com as populações de que se dizem representantes? E já agora, serão capazes de tomar decisões independentes?

Na falta do suporte financeiro dos árabes, estes grupos encontraram o suporte do Irão, que passou a controlá-los: dinheiro pelos seus objectivos.  A guerra passou a ser parte de um conflito maior, entre xiitas e sunitas. Os palestinos e Israelitas, passaram a meros peões dessa guerra, em que Israel é, por si só, um espinho incomodo nas aspirações iranianas. Em que que a popular luta contra os sionistas, é também uma forma de angariar prestígio xiita junta das populações árabes. Em que as milícias terroristas, são extensões do regime iraniano espalhadas na região. Em que os palestinianos, vítimas úteis, são uma mera ferramenta para o bem maior.

 Enquanto se falar de legitimidade nada de útil se produz. Enquanto o Irão não parar o seu expansionismo, não haverá paz no médio oriente.

 

 


15 comentários

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De Anonimus a 11.10.2024 às 12:30


O debate não está na legitimidade, está na moralidade.


E moral, intacta, ninguém a tem.


Quando dizem que é uma afronta ao direito internacional o Irão promover "proxy wars", só dá vontade de rir...
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De Silva a 11.10.2024 às 12:50

Estamos em tempo de guerra.
Israel tem vontade/coragem política de fazer uma limpeza em Gaza e no Líbano, aliás, Israel pode contribuir para salvar o Líbano.
O Líbano só se salvará se for um país cristão.
O regime iraniano deve ser aniquilado e isso poderá ser efectuado se Trump voltar à presidência, se for Kamala, o regime iraniano irá continuar as suas movimentações.
Conflito entre sunitas e xiitas é como se fosse uma guerra entre o diabo e o demónio.
Muito do financiamento ao Hamas provém da União Europeia e das Nações Unidas.
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De Francisco Almeida a 11.10.2024 às 15:08

O autor do postal acerta ao lado. A verdadeira questão é o poder, como sempre foi e será. Dinheiro é uma forma de adquirir poder, agressão militar outra, mais complicada mas historicamente mais eficaz.
Não sei nem ninguém sabe se a destruição de Israel é o principal objectivo dos ayatollahs mas é notório e até dito por eles próprios, que o Islão já foi chefiado por árabes e por turcos e agora é a vez dos persas. Acontece que não é possível unir o Islão por nenhum ideal positivo e, por isso, restam duas vias: unir no ódio aos judeus (os cristãos viriam imediatamente a seguir mas isso é outro história) ou força militar. O Irão tanto precisa de adquirir poder nuclear como de chefiar a guerra a Israel, neste momento a única bandeira que poderia unir o Islão (pelo menos o do Médio Oriente, África, e mesmo o Paquistão, sendo a Indonésia um caso menos linear).
E, para isso o Irão quebrou o tabu. Sendo xiita, apoiou militarmente o Hamas que é sunita (provém da Irmandade Muçulmana, corrida pelos actuais dirigentes do Egipto e origem também do partido de Erdogan, na Turquia). Hoje a guerra dá mais visibilidade ao Irão mas o grande apoio do Hamas (além da ONU mas isso também é outra história) é o Qatar, evidentemente sunita.
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De Elvimonte a 15.10.2024 às 01:19

Isto já vai tarde. Mesmo assim, a propósito de legitimidade, violações do direito internacional plasmado na Carta das Nações Unidas, acho que deveria ter em atenção alguns factos históricos recentes, a começar pelo assassínio do conde Bernardotte. 


Sem mais delongas, o vídeo https://www.youtube.com/live/eEtql91rzZE , a partir do minuto 30, talvez contribua para o seu esclarecimento. É tudo factual.

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