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Morra o teatro, morra, pim!

por henrique pereira dos santos, em 22.01.23

Voltarei ao assunto dos últimos posts para falar das relações predador/ presa (quem quiser pode ir ver o que escrevi há mais dez anos sobre a relação entre a caça e a extinção de espécies).

Mas, por agora, queria falar das pessoas que acham que um bêbado só pode ser representado por um bêbado, que um drogado só pode ser representado por um drogado, que um velho só pode ser representado por um velho, e por aí fora.

No fundo, é uma ideia curiosa e revolucionária, a ideia de que o teatro deve abandonar a representação para se aproximar da realidade, independentemente de ser uma ideia estúpida para quem goste de teatro, isto é, da capacidade para usar a representação para falar do mundo.

A história é simples de contar.

Um pessoa qualquer interrompe uma peça porque não gosta do que vê (seria tão simples não ter ido ver a peça que não queria ver).

Não gosta do que vê porque alguém faz o papel de transexual na peça sem ser transexual (ou seja, representa, que é a essência do teatro).

Vai daí, despede-se sumariamente um actor (o que representava) porque era urgente pôr alguém transexual a fazer de transexual (isto é, substituir o teatro pela vida), e isto seria independente de alguém cumprir bem o seu papel de representação ou não (isto é, independentemente de se fazer bom teatro ou mau teatro).

Acho que da próxima vez que alguém fizer uma peça sobre Fernando Pessoa, invado aquilo a exigir que o papel seja entregue a um empregado de escritório bilingue que de meia em meia hora vá ao "Abel" beber um copo de aguardente até ter uma cirrose e, no entretanto, escreva umas coisas de boa qualidade.

Menos que isto é fake (e todos sabemos que o teatro nunca é, nunca foi e nunca será fake, aquilo foi uma estupidez absurda).

Não vejo razão para não me darem os mesmos direitos de imposição da minha visão do teatro que deram a outra pessoa qualquer.

O que pedia ao pessoal que foi ver uma peça porque não gostava da peça, que se atirem ao Almodôvar e invadam o set de filmagens onde ele andar porque o homem só pode ser homofóbico e transfóbico, com a mania que tem de escolher os actores dos seus filmes pela qualidade da representação e não pela pelas suas identidades de género.

Um cavernícola.


28 comentários

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De Catarina Silva a 22.01.2023 às 09:09

É de uma estupidez tremenda. Planeava ir ver a peça, mas já não vou. Há uns anos vi A casa de Bernarda Alba, onde todas as personagens eram representadas por homens. E muito bem, interpretações fantásticas. Que falta de imaginação!
Despedem-se trabalhadores assim, sem mais nem menos?
Catarina Silva



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De lucklucky a 22.01.2023 às 17:26

Não é estupidez, é luta para ser só a a Esquerda a ter direito a fazer violência politica. O objectivo é fazer com que um governo de direita que seja eleito não possa governar com politicas de direita.

Imagine que fosse a extrema direita a ameaçar violência que o personagem de um livro tem pele de cor branca e no teatro o actor que o representa tem pele negra. O que é que julga que aconteceria? 
Teria logo a polícia de intervenção, os jornais estariam todos em pé de guerra. Especialistas de segurança seriam chamados, actores sairiam á rua e escreveriam artigos a proclamar a liberdade do seu trabalho.


Já não há igualdade perante a lei. E quem realizou esse feito destruíndo as bases da sociedade foi o jornalismo.
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De jo a 24.01.2023 às 10:47

Provavelmente o que acontecia era as pessoas comentarem que é uma estupidez. Que é o que estão a fazer agora, com este caso.
Ser transexual não é uma orientação política.
A nossa direita gosta de dizer mal dos outros, mas tem a pele fina quando dizem mal dela.
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De lucklucky a 24.01.2023 às 23:25


Mentira. Uns podem protestar outros não. 
Viu-se o PCP a  fazer o 1 Maio, os protestos do Floyd, tudo em plena pandemia. Entretanto um tipo era multado por estar sozinho num banco de jardim.


Porque é que o ministério publico não faz acusação? Não foi perturbada a ordem publica?
Se eu for lá "protestar" com o mesmo método quando o transexual estiver a actuar também não acontece nada?Claro que não, aí já intervirá a polícia. Já haverá acusação. 
No Estado "Moderno" há tantas leis que o que conta é quem o procurador/ministério publico decide perseguir.
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De balio a 25.01.2023 às 11:20


Há uns anos vi A casa de Bernarda Alba, onde todas as personagens eram representadas por homens.


Na Grécia antiga, todos os papéis no teatro eram representados por homens, incluindo os papéis femininos.


Mas eu julgava que atualmente tal já nunca fosse feito.
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De Jorge a 22.01.2023 às 09:28

É o mundo Woke que está a ser inculcado nas novas gerações.  Basta ouvir os discursos dos donos disto tudo, a elite globalista em Davos. Está lá tudo desde acabar com os carros a gasolina, viagens de avião,  a carne que consumimos, o dinheiro fisico, a descarbonizaçao total do planeta, uma base de dados mundial de vacinados e não vacinados, a agenda da nova religião dogmatica lgbt, a imposição de leis anti odio que não  são  mais do que a eliminação da liberdade expressão seja no teatro ou nas nossas casa, fazendo tábua rasa dos governos soberanos e eleitos....Em resumo o controlo total das nossas vidas .
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De Carlos a 22.01.2023 às 10:36

Não seria uma forma de propagandsa da peça?  Uma propaganda tola, mas apenas  propaganda.
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De Maria a 22.01.2023 às 10:56

Há certos comentários impróprios para consumo de pessoas normais. Nada tem a ver com a liberdade mas sim de estupidez rasca e desequilíbrios de personalidade.
Portanto são dispensáveis serem escritos, falados ou publicados.
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De henrique pereira dos santos a 22.01.2023 às 11:32

Foi um lapso que espero que esteja resolvido
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De Anonimo a 22.01.2023 às 11:08

É a nova democracia. Basta fazer barulho. Representatividade, que é lá isso. Minorias ruidosas impõem-se.
Não gastem munições todas, que isto ainda está a começar. 
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De Anonimo a 22.01.2023 às 11:11

O mais curioso é que a malta das artes é tão expedita a protestar contra o Ministério por causa dos apoios e tal, mas aqui tudo baixou a corneta.
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De Anónimo a 22.01.2023 às 11:21

Já dói de repetir, mas "o outro" acertou em cheio, " Biblicamente estúpidos"   -   e cobardes, igualmente...
JSP
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De jpt a 22.01.2023 às 12:12

(o actor não foi despedido, li que fazia vários papéis na peça e que lhe foi retirado este - o que não impede que tenha sido amputado na sua condição profissional como também privado do trabalho preparatório da personagem e do seu corolário). É apenas uma adenda, de resto concordo completamente consigo.
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De henrique pereira dos santos a 22.01.2023 às 14:04

Sim, eu sabia e devia ter sido mais rigoroso
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De Anonimo a 22.01.2023 às 12:15

Em Portugal despedir ou contratar alguém com base em identidade sexual não é proibido?
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De JPT a 23.01.2023 às 10:49

Exacto. E, para mais, sendo o teatro em causa propriedade pública. Se querem fazer números destes, arranjem um circo que não seja pago pelos contribuintes.
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De uidade e a 22.01.2023 às 12:46

https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/falsidade-15181086
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De Anonimo a 22.01.2023 às 15:15

Uma correcção,  o problema não é o senhor ser heterossexual,  mas sim ser cis.
Tem a ver com género,  e não orientação. 


Os primeiros passos estão dados, o próximo é um remake do Pátio das Cantigas com um elenco diversificado, em género, raça e orientação. 
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De pitosga a 22.01.2023 às 19:38

O Pátio das Cantigas e outras joias nossas foi muito bem lembrado. Troquem tudo e vejam as bilheteiras cheias de bilhetes...

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