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Voltarei ao assunto dos últimos posts para falar das relações predador/ presa (quem quiser pode ir ver o que escrevi há mais dez anos sobre a relação entre a caça e a extinção de espécies).
Mas, por agora, queria falar das pessoas que acham que um bêbado só pode ser representado por um bêbado, que um drogado só pode ser representado por um drogado, que um velho só pode ser representado por um velho, e por aí fora.
No fundo, é uma ideia curiosa e revolucionária, a ideia de que o teatro deve abandonar a representação para se aproximar da realidade, independentemente de ser uma ideia estúpida para quem goste de teatro, isto é, da capacidade para usar a representação para falar do mundo.
A história é simples de contar.
Um pessoa qualquer interrompe uma peça porque não gosta do que vê (seria tão simples não ter ido ver a peça que não queria ver).
Não gosta do que vê porque alguém faz o papel de transexual na peça sem ser transexual (ou seja, representa, que é a essência do teatro).
Vai daí, despede-se sumariamente um actor (o que representava) porque era urgente pôr alguém transexual a fazer de transexual (isto é, substituir o teatro pela vida), e isto seria independente de alguém cumprir bem o seu papel de representação ou não (isto é, independentemente de se fazer bom teatro ou mau teatro).
Acho que da próxima vez que alguém fizer uma peça sobre Fernando Pessoa, invado aquilo a exigir que o papel seja entregue a um empregado de escritório bilingue que de meia em meia hora vá ao "Abel" beber um copo de aguardente até ter uma cirrose e, no entretanto, escreva umas coisas de boa qualidade.
Menos que isto é fake (e todos sabemos que o teatro nunca é, nunca foi e nunca será fake, aquilo foi uma estupidez absurda).
Não vejo razão para não me darem os mesmos direitos de imposição da minha visão do teatro que deram a outra pessoa qualquer.
O que pedia ao pessoal que foi ver uma peça porque não gostava da peça, que se atirem ao Almodôvar e invadam o set de filmagens onde ele andar porque o homem só pode ser homofóbico e transfóbico, com a mania que tem de escolher os actores dos seus filmes pela qualidade da representação e não pela pelas suas identidades de género.
Um cavernícola.
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