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Mofino Sócrates de Santos e Costa

por José Mendonça da Cruz, em 06.07.22

Vou comprar uma chavasca e inscrever-me no PS.

Depois, eu e três amigos meus vamos fundar uma associação sem fins lucrativos em defesa do mar e da pesca sustentável. Um dos meus amigos tem um contacto nas TVs, e quando o repórter vier vamos elogiar muito «o notável trabalho do ministério do Ambiente na defesa do meio marítimo e no enquadramento dos problemas sociais no sector piscícola, com resultados apreciáveis na respetiva resiliência» (julgo que é assim que se diz). E vamos anunciar que planeamos comprar mais 3 chavascas para recolher plástico além de pesca, e defender o polvo, o cação e a tartaruga, tudo espécies em vias de extinção, pelo menos individualmente e caso a caso.

A seguir vamos ao referido Ministério do Ambiente para, em articulação com a Economia e as Pescas, e em reconhecimento do nosso empenho e solicitude,  solicitar apoios do Estado para promoção da atividade da nossa associação, e também para a merecida divulgação da obra do governo em prol dos oceanos.

Vamos comprar 4 traineiras, e vamos baptizá-las: a «Mário Soares» vai servir para a pesca da lagosta; a «Pinto de Sousa» para atividades à margem do ramo; a «António Costa» servirá para a pesca longínqua; a «Nuno Santos» servirá para os periódicos desfiles engalanados em que anunciaremos que «estamos a perspetivar para o futuro a constituição de uma comissão que analisará as potencialidades do empenhamento em novos canais de empreendimento e novas perspetivas sociais do nosso trabalho». (Julgo que é isto, mais ou menos.) Pediremos para tal alguns apoios mais do Estado, a bem da resiliência.

Então, compramos um paquete, para a inauguração do qual convidaremos, reconhecedores e obrigados, os quatro padrinhos das traineiras. O Dr. Santos Silva e a menina Mariana podem vir em representação do defunto. Esperamos inculcar em todos a conveniência, senão mesmo a necessidade urgente, de nos atribuirem um canal de comunicação que melhor dê a conhecer a nossa obra e a deles. E também alguns apoios.

Quando amealharmos suficientes casas, carros e contas discretas, provavelmente uma comenda, e alguns milhões de dívida, cederemos as nossas empresas ao Estado pelo preço social, solidário e simbólico de 1 euro. O Dr. Pedro Nuno Santos, sendo naturalmente o primeiro-ministro eleito pelas preferências do povo, gabar-se-á desse seu negócio, mais uma lição aos privados e ao Mundo.


11 comentários

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De Salvador Andrade a 06.07.2022 às 20:41

Parabéns. Excelente ironia da nossa triste realidade
Obrigado 
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De passante a 06.07.2022 às 20:58

Calculo que tenha lido uma pequena sátira antiga em que Vasco Pulido Valente fantasiava o estabelecimento de um Instituto da Casa Portuguesa (ou similar) - desde o embrião numa pequena sala cedida num serviço público, até à magnífica entidade com existência oficial e lugar no O.E.


É o nosso "Yes Minister".



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De Carlos Sousa a 06.07.2022 às 21:06

Olha! Parece quase a história do Cavaco com a Quinta da Coelha e o caso BPN e o Pavilhão Atlântico e as acções a 120% de lucro.
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De Mauritano a 07.07.2022 às 06:55

Delicioso. No entanto creio que para atingir o objectivo da venda mais rápido, para além da tão em moda resiliência, deveria também promover a igualdade de género entre o cação, a tartaruga e o polvo.
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De Antonio Maria Lamas a 07.07.2022 às 07:34

Quando a realidade supera a ficção, temos textos brilhantes como este.
Obrigado 
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De Anonimo a 07.07.2022 às 07:55

Veja lá não tenha azar, o Passos pode regressar e apreende a 13a faina. O Passos é o diabo e o grande obstáculo à prosperidade do país. 
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De Anónimo a 07.07.2022 às 09:17

Tomáramo-lo nós de volta. 
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De entulho a 07.07.2022 às 09:18

'em casa de ferreiro, espeto de pau'
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De Anónimo a 07.07.2022 às 10:22

Magnífico retrato da sordidez e da imundície deste país socialista das boas oportunidades...  para os "espertos"! 
À primeira vista "soa" a uma caricatura  de um país donde desapareceu a moral e os bons costumes.  Mas, infelizmente, a realidade é mesmo esta e não está minimamente adulterada. Este país é tal como o descreve: frequentado por gente rasteira que quanto mais chafurda, mais viceja! 
 Aqui singram os porcos e os sabujos.
E o povo pactua, tolera, aceita e permite. Burros com cabresto. Bois mansos. Já nem o focinho levantam.
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De maria a 07.07.2022 às 15:07

Aparece aqui um palerma que tem saudades de Cavaco e vai daí atira-lhe umas farpas.
Eu tenho saudades pela obra que realizou.
Pontes escolas universidades Tvs auto estradas museus hospitais etc...
O parque automóvel foi renovado
Portugal só cresceu nesse período
14º mês pensões e salários
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De Anónimo a 09.07.2022 às 15:54

Maria, os tais palermas preferem os burgessos das bancarrotas em quem costumam votar. Claro que não suportam o Cavaco, porque este lhes lembra os longos anos em que estiveram apeados do poder. Fez bem em lembrar os sucessos do país durante esse tempo. É uma pena este país não ter memória. Ou deixar-se influenciar pelas narrativas aldrabadas. 

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