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"É aí que nos podemos juntar todos", é como acaba o post anterior do Corta-fitas, escrito pelo João Távora.
E é um bom ponto de partida para saber como chegámos ao circo de ontem, no 25 de Abril (com direito a intermezzo cómico no momento em que Santos Silva declara, enfáticamente, que "chega de degradar as instituições", o que vindo de quem vem, só pode mesmo ser piada).
A questão central é a do respeito pelas minorias, aquilo em que nos podemos juntar todos.
Eu sei que se dirá que é o Chega que se quer pôr de parte, e isso é parcialmente verdade.
Mas por que razão um partido que se quer pôr de parte tem sucesso eleitoral?
Porque há gente suficiente que está farta de ser excluída do sítio onde nos podemos juntar todos.
O caso de Lula é um bom exemplo disso.
Se não há precedente, se há um partido que se opõe veementemente a uma opção meramente simbólica (na verdade, não apenas um, porque a Iniciativa Liberal também se opôs e o PSD não apoiou, embora aceitasse institucionalmente), sem nenhum efeito real na vida concreta das pessoas, por que razão a maioria insiste em impor uma acção simbólica às minorias (com argumentos de treta, se alguém convidasse Bolsonaro para discursar no 25 de Abril com o argumento de que era o presidente do país irmão, o resultado seria evidente, portanto o que está em causa não é a figura institucional do Brasil, mas a pessoa concreta de Lula, a que a esquerda atribui um valor simbólico diferente do que lhe é atribuído pelas minorias actuais)?
Simples, porque pode (é maioria) e acha que não tem a menor responsabilidade na procura do chão comum, considerando que se os seus adversários querem que as coisas sejam de maneira diferente, então que ganhem as eleições.
No momento em que os seus adversários ganharem as eleições, é bem provável que o ressentimento das minorias que agora são maioria as empurre para a falta de respeito pela anterior maioria e actual minoria e, nessa altura, a nova minoria vai passar a defender o respeito pelas minorias que não praticou enquanto foi maioria.
Se este processo for continuando, vai-se degradando o regime e aumentando o número de pessoas que não se reconhecem no chão comum.
Infelizmente, por razões conjunturais e de mercearia eleitoral, o primeiro e terceiro partidos em expressão eleitoral, têm todo o interesse em aprofundar estas clivagens e nenhum interesse em procurar o sítio onde nos podemos juntar todos.
O que não augura nada de bom, do ponto de vista do reforço das instituições.
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