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"Mensagem" - um projecto poético para o século XX

por Daniel Santos Sousa, em 13.06.25

FB_IMG_1749808680495.jpg

 

No dactiloscrito do livro "Mensagem" (a imagem aqui publicada) é possível descobrir  as correcções feitas pela mão do próprio autor, preocupado em aperfeiçoar a dimensão simbólica do projecto literário. Aqui podemos acompanhar o raciocínio do poeta e entender os mecanismos da criação. O título da obra era para ser "Portugal", como nos evidencia o manuscrito, entretanto o autor terá sido advertido a mudar, acreditando estar o nome suficientemente vulgarizado para não dignificar a grandeza do livro. Embora mal não ficasse o título, a originalidade do poeta era suprema. Para Pessoa tudo tem um sentido. Tudo tem uma lógica própria. Um raciocínio. E por detrás da racionalidade um elemento enigmático que serve de desafio ao leitor. O título é uma composição laboriosa muito mais simbólica do que aparenta, uma espécie de elemento críptico que recebe o leitor na demanda do projecto épico. "Mensagem" é na verdade um anagrama, uma adaptação do verso de Virgílio, da "Eneida": Mens agitat molem. Significa isto que a mente controla a matéria. A palavra tem o mesmo número de letras da palavra "Portugal" (e volto a dizer que em Pessoa nada é escolhido ao acaso), uma palavra de 8 letras, número esse ligado aos templários (a cruz templária tem 8 pontas). Todos os elementos na poesia de Pessoa são preciosos e simbólicos. Até este mero título consegue falar por quase todo um livro. É Portugal perdido e reencontrado, uma missão para o século do aspirante a "super Camões". Uma nova vocação para um povo perdido nas intempéries da história.


4 comentários

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De cela.e.sela a 13.06.2025 às 11:36

na sua centena de heterónimos desdobrou-se em ser o 'outro'.
foi o único português se revoltou contra a extinção da Maçonaria.
hoje não seria apreciado pelas várias ideologias que continuam a pretender destruir o Seu País.
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De Anónimo a 14.06.2025 às 11:03

"Mensagem" é uma viagem iniciática, um processo alquímico.
"Mens agitat molem" significa mais do que "a mente controla a matéria".
Refere-se ao poder criador do Homem, «à imagem e semelhança» do poder criador de Deus, e pela intervenção divina. 


Pessoa actualiza a crença na hierarquia: 
Deus --» Homem --» Obra 


Deus é o Criador de toda a Obra (criação ex-nihilo"  i.e., a partir do Nada, Deus cria apenas com o Pensamento, com a sua simples Vontade.
O Homem, sendo criado por Ele, é inexoravelmente  obra e "produto" divino e, consequentemente, possuímos a centelha divina. Sendo o Homem  «criado à sua imagem e semelhança», é Deus que transmite e transfere para o Homem o dom da  Criação. Para tal muniu-o de uma Vontade ingénita e uma natural predisposição _mental, intelectual e espiritual_ para o Sonho / imaginação que o levarão... 
- à Criação que resultará na sua Obra. 
.  
Toda o processo da criação humana começa por pequenas etapas, pequenos passos: um Sonho, um Desejo, um ante-projecto apenas ainda imaginado, o Nada ainda informe e imaterial que aparece primeiro na "mente", no "intelecto", no "Pensamento". Segue-se o Querer, a Vontade "febril"  e transformadora que predispõe para a Acção, para a Concretização do Sonho_ esse "Nada" inicial ainda por concretizar_ que nasceu na mente / no pensamento. 
E por fim, o Homem passa à acção, agindo sobre o Mundo, sobre a matéria, que é, afinal, a realização / materialização do Sonho e Desejo iniciais. Dá-se a passagem e transformação do Nada informe em Matéria, como num processo de transmutação alquímica...


Tudo nasce na mente. A criação humana começa num processo mental, intelectual, conjugado com a Vontade indómita de agir e da qual nasce a Obra _ a  Criação, por fim.. 
É esse o significado da expressão  " a mente agita ou age sobre a matéria" (mens agitat molem).
O Homem é o agente (intermediário) entre Deus e a Obra que este verso  sintetiza:
 «Deus quer, o Homem sonha e a Obra nasce»

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De ER a 18.06.2025 às 18:12

E.....
O caviar e o champanhe???????
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De passante a 14.06.2025 às 13:03


Bem apontado, mas actualmente estamos mais no inverso nietzscheano: Mole agitat mentem


Olha, também dá um título catita: Molemente 

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