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O centro de Lisboa era território sem grande interesse. Ninguém queria morar lá. As rendas eram baixas e o comércio era verdadeiramente tradicional: lojas a morrer lentamente e a sobreviver com o pagamento de rendas de miséria. Os prédios estavam degradados, nalguns casos insalubres, com décadas sem uma mão de pintura. Eram sobretudo velhos inquilinos, com rendas baixas, que moravam no centro. Que me corrija quem tem dados diferentes. Mas a minha memoria é o que descreve.
Depois veio o terror do alojamento local. Com uma velocidade assombrosa, prédios foram reabilitados, novas lojas apareceram e o que não valia nada passou a valer o seu peso em ouro. O impacto foi tão grande, que o movimento exorbitou o centro e espalhou-se por Lisboa que ficou mesmo bonita. E eu pensei que todos tinham achado que tinha saído a sorte grande à cidade e ao País. Pelo desenvolvimento do turismo, pela atracão de moradores estrangeiros, pela reabilitação de uma cidade extraordinária mas em ruinas, pelos empregos criados, pela valorização de património antes sem grande valor, por uma cidade que ganhou com o turismo uma capacidade para ter um nível de comercio e serviços que o mercado local nunca conseguiria justificar.
Vem o coronavírus e vem a desgraça de não termos turismo a sério provavelmente por um ano. Uma péssima notícia, um enorme prejuízo para tantas pessoas e para o País em geral. Mas um mal com prazo de validade.
Como uma desgraça não costuma vir sozinha, eis se não quando, Medina, decide que é o momento de recuperar a cidade para os munícipes. Um tema já recorrente por gente pouco agradecida, que significa resgatar tantas casas quanto possível do famigerado alojamento local. Nasce o terrível programa "renda segura", sobre o qual já falei. É agora anunciado que se pretende que as pessoas , ou melhor “os trabalhadores essenciais” que trabalhem em Lisboa possam ir a pé para o trabalho. Infelizmente torna-se necessário criar uma nova classe de privilegiados (os essenciais), já que não se pretende eliminar completamente o turismo, nem seria possível trazer para a cidade todos os que nela trabalham. Ou seja, para além do absurdo económico que já explorámos, somos agora confrontados com a justificação para a escolha dos privilegiados que antes não se fazia: os essenciais ( por contraposição aos dispensáveis?)
O delírio de pretender substituir o mercado pelas excelentes ideais do Líder continuam a perseguir-nos. A criação de mais classes de privilegiados não para. Desprezar as poucas oportunidades de gerar rendimento e riqueza, parece obrigatório. Aumentar o desemprego um mal necessário. Rumo à pobreza e à discriminação parece ser o nosso fado. Mas apenas porque votamos em quem nos trata assim.
Felizmente, Medina não é apenas incompetente, é também limitado nas suas capacidades e as mossas não serão visíveis
Ps: Ainda mais triste é que, se mudarmos Lisboa por Porto e Medina por Rui Moreira, o post seria, no essencial, semelhante. De Norte a Sul, do PS ao PSD, não nos safamos.
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