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Medina: um incompetente felizmente limitado

por Jose Miguel Roque Martins, em 07.07.20

O centro de Lisboa era território sem grande interesse. Ninguém queria morar lá.  As rendas eram baixas e o comércio era verdadeiramente tradicional: lojas a morrer lentamente e a sobreviver com o pagamento de rendas de miséria. Os prédios estavam degradados, nalguns casos insalubres, com décadas sem uma mão de pintura. Eram sobretudo velhos inquilinos, com rendas baixas, que moravam no centro.  Que me corrija quem tem dados diferentes. Mas a minha memoria é o que  descreve.

Depois veio o terror do alojamento local. Com uma velocidade assombrosa, prédios foram reabilitados, novas lojas apareceram e o que não valia nada passou a valer o seu peso em ouro. O impacto foi tão grande, que o movimento exorbitou o centro e espalhou-se por Lisboa que ficou mesmo bonita. E eu pensei que todos tinham achado que tinha  saído a sorte grande à cidade e ao País. Pelo desenvolvimento do turismo, pela atracão de moradores estrangeiros, pela reabilitação de uma cidade extraordinária mas em ruinas, pelos empregos criados, pela valorização de património antes sem grande valor, por uma cidade que ganhou com o turismo uma capacidade para ter um nível de comercio e serviços que o mercado local nunca conseguiria justificar.

Vem o coronavírus e vem a desgraça de não termos turismo a sério provavelmente por um ano. Uma péssima notícia, um enorme prejuízo para tantas pessoas e para o País em geral. Mas um mal com prazo de validade.

Como uma desgraça não costuma vir sozinha, eis se não quando, Medina, decide que é o momento de recuperar a cidade para os munícipes. Um tema já recorrente por gente pouco agradecida, que significa resgatar tantas casas quanto possível do famigerado alojamento local. Nasce o terrível programa "renda segura", sobre o qual já falei. É agora anunciado que se pretende que as pessoas , ou melhor “os trabalhadores essenciais” que trabalhem em Lisboa possam ir a pé para o trabalho. Infelizmente torna-se necessário criar uma nova classe de privilegiados (os essenciais), já que não se pretende eliminar completamente o turismo, nem seria possível trazer para a cidade todos os que nela trabalham. Ou seja, para além do absurdo económico que já explorámos, somos agora confrontados com a justificação para a escolha dos privilegiados que antes não se fazia: os essenciais ( por contraposição aos dispensáveis?) 

O delírio de pretender substituir o mercado  pelas excelentes ideais do Líder continuam a perseguir-nos. A criação de mais classes de privilegiados não para. Desprezar as poucas oportunidades de gerar rendimento e riqueza, parece obrigatório. Aumentar o desemprego um mal necessário. Rumo à pobreza e à discriminação parece ser o nosso fado. Mas apenas porque votamos em quem nos trata assim.

Felizmente, Medina não é apenas incompetente, é também limitado nas suas capacidades e as mossas não serão visíveis

Ps: Ainda mais triste é que, se mudarmos Lisboa por Porto e Medina por Rui Moreira, o post seria, no essencial, semelhante. De Norte a Sul, do PS ao PSD,  não nos safamos.

 


15 comentários

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De Luís Lavoura a 07.07.2020 às 09:45

o terrível programa renda segura

Não vejo porque seja "terrível". Quem quiser arrendar a sua casa através desse programa fá-lo, quem não quiser não o faz. Trata-se de um programa que, potencialmente, alarga o leque de opções para proprietários e inquilinos. Nada tem de mal.
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De Anónimo a 07.07.2020 às 17:08

E que acha de nos deixarem, simplesmente, em paz?
Detesto que me façam "programas". Desapareçam! Apre!
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De Luís Lavoura a 07.07.2020 às 17:41

Ninguém lhe está a fazer nenhum programa. O programa não se destina a si.

Ninguém o está a incomodar com o programa. Pode ficar perfeitamente em paz.

O programa destina-se a pessoas que precisam de arrendar (como senhorios ou como inquilinos) casas. Se você não está em nenhum desses dois grupos, não precisa de se incomodar. Mesmo que esteja num desses dois grupos, tem toda a liberdade de não ligar ao programa e de se deixar estar em paz.
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De Anónimo a 07.07.2020 às 20:18


LL, não queremos ser "orientados" através de  " programas". Só é preciso desburocratizar. Informar com clareza. Mais nada. Deixem de se meter que isso  Incomoda-me. Liberdade é apenas isso.
Mas isso sou eu e muito mais gente a achar.
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De Jose Miguel Roque Martins a 08.07.2020 às 18:39

Caro Luis 


È uma discussão antiga a nossa. 
Mas contrariar que o mercado do arrendamento corrija em baixa e ao mesmo tempo criar privilegiados que vão pagar menos do que o custo ao contrario dos outros, desculpe-me, é uma desgraça! 
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De Anónimo a 07.07.2020 às 11:29

O Rui Moreira é muito mais competente que o Medina, não tem comparação.
Basta não ser socialista.
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De Jose Miguel Roque Martins a 08.07.2020 às 18:39

  o que parece certo é que também vai lançar a renda segura! 
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De Anónimo a 07.07.2020 às 13:12


A fórmula pseudo-socialista com que Medina quer impulsionar o arrendamento em Lisboa tem resultados conhecidos por esse mundo fora. Os líricos socialistas pensam que cativando minorias cativam perpetuamente base eleitoral. Pensam que terão garantidos aqueles votos. Ingenuidade fatal.

Basta olhar para o Reino Unidos e França para perceber as pouco agradecidas minorias. Não, não irão votar PS. Apenas destruirão as cidades actuais que se tornam em mistelas de culturas sub-urbanas ...
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De Manuel Vicente Galvão a 07.07.2020 às 18:09

Com o renda-segura todos ganham:
. Ganha o dono do apartamento, porque beneficia de um inquilino (a Câmara Municipal) que lhe paga uma renda aceitável, sem grande probabilidade de entrar em incumprimento e sem andar sempre a ser substituido por outro inquilino (induzindo obras o outras despesas adicionais).
. Ganha a Câmara Municipal, porque aumenta o número de munícipes (residentes) que são consumidores e geram mais receitas para a Câmara, sob a forma de pagamento de taxas & etc. 
. Ganha o ambiente porque diminuem os movimentos pendulares diários de entrada e saída em Lisboa. São pessoas que se deslocam de carro, a julgar pelos valores que pagam de renda.
. Ganham os novos residentes porque só com este programa renda-segura conseguem o que tanto desejavam - viver no concelho de Lisboa.
. Ganham os Bancos, pois fizeram empréstimos avultados para recuperação dos imóveis e ficariam mais uma vez com créditos mal parados se os donos dos apartamentos continuassem a não faturar nada, como acontece hoje.
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De Jose Miguel Roque Martins a 08.07.2020 às 18:40

 perde o contribuinte que tem que pagar isso tudo ! 
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De Jose Miguel Roque Martins a 08.07.2020 às 18:46

Para alem dos custos que terão que ser suportados, muitos dos benefícios de que fala são meramente hipotéticos: só se a casa permanecer devoluta irão acontecer. caso contrario só substituiu uma família, que pagava do seu bolso, o uso que faz de uma casa, por outra família, que para a pagar, recebe uma ajuda da CML, ou seja, dos outros munícipes. 
E como referi, a legitimidade desse beneficio da família subsidiada é mais do que questionável: é apenas mais uma injustiça. 


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De Anónimo a 09.07.2020 às 14:36

José Martins, você está a opinar antes de ter lido as condições do contrato.
É até bastante provável que a CML venha a ganhar dinheiro com esta iniciativa.
A Câmara está a propor ao proprietários de T2 em Benfica cerca de 550€. No mercado livre não encontra  preços inferiores a 650.
Não é por acaso que na primeira  fase, que já fechou, só assinaram 177 contratos.
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De Anónimo a 08.07.2020 às 13:20

Eu até gosto do Medina. Manda pôr florinhas e faz muitas estradinhas para as bicicletas, fica tudo muito campestre e tal...- só é pena aquele ar de menino copinho de leite com queque. Mas pronto.
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De pitosga a 08.07.2020 às 15:13


O problema é mais 'de raiz'.
A implantação do cabelo é como a de uma criança, de pessoa que não tem os níveis normais de hormonas masculinas. Também se nota no tom da voz.
Sem elas ninguém vai a lado nenhum. Mesmo para levar bilhas são necessárias — vejam o anúncio velhinho da menina que transportava uma bilha.
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De pitosga a 08.07.2020 às 15:23


Ver a Menina do Gás em:
https://www.youtube.com/watch?v=q8t8cZh2mX4

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