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Quando muito no início da epidemia fiz um comentário a dizer que não conseguia aceitar facilmente modelos matemáticos de evolução da epidemia que partiam do princípio de que as sociedades eram campos uniformes de pontos que se comportavam de forma igual (não foi esta a formulação, mas foi esta a ideia), uma das minhas irmãs limitou-se a responder que provavelmente eu não gostava dos modelos porque eles não davam os resultados que eu queria.
Depois disso muita água correu sob as pontes, Gabriela Gomes publicou umas coisas sobre o impacto de considerar a heterogeneidade nos tais modelos (que apontavam para níveis tão baixos de imunização como 15% como o necessário para parar o surto, se a heterogeneidade fosse grande, mas mesmo usando os valores menores dos intervalos que se verificavam para outras doenças, apontava para níveis muito mais baixos que os 60% a 70% dos tais modelos que me parecia evidente que não poderiam estar certos) e a discussão foi progredindo.
Agora isto, de onde retiro este parágrafo: "The majority of the plasma samples showed poor to modest neutralizing activity. And for 1 percent of donors it was remarkably high. "Like in other diseases, everyone responds differently," says Robbiani, research associate professor at Laboratory of Molecular Immunology. "Some people have poor response, some average. And then there is a fraction of people that are exceptional responders."".
O artigo é todo ele muito interessante, mas o que me interessa é o seguinte: o conhecimento estabelecido, desde o início, não era este, o de que as pessoas não são iguais e a resposta aos agentes patogénicos não é, nunca, igual de pessoa para pessoa?
Claro que era.
A única coisa que ainda me continua a espantar é a quantidade de especialistas na matéria que, sabendo isto desde há décadas, se refugiaram na ideia de que "pode não ser assim desta vez" para defender, como resposta a mais uma epidemia, uma experimentação social nunca testada e sem qualquer suporte teórico sólido, para além dos tais modelos matemáticos, com impactos certos de dimensão colossal nos mais pobres e desprotegidos.
Não, o rigor moral nunca esteve do lado dos que, sentindo-se pessoalmente ameaçados, moveram mundos e fundos para se protegerem, fosse a que preço fosse, o rigor moral esteve sempre do lado dos que, reconhecendo os riscos pessoais, sempre souberam que não era legítimo exigir o sacrifício dos mais frágeis "para que um só de vós resista à morte, que é de todos e virá".
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