De Anónimo a 23.07.2015 às 23:39
Este tipo de programas são bons para o "espectáculo", mas maus para informar quem queira ser informado. Desde logo porque as perguntas são muito básicas, ao que acresce o baixo nível de alguns dos "perguntadores". Basta comparar o público da TVI com o público que no Reino Unido, no mesmo tipo de formato, questionou os candidatos às eleições parlamentares naquele país.
Começou logo mal com a pensionista egocêntrica, que nem ao menos soube começar por cumprimentar o Primeiro-ministro e a audiência. Depois um tal de Emanuel, que via-se que trazia a "lição" bem estudada, não lhe ocorre que se não tem emprego é porque não será suficientemente bom em alguma coisa, e de resto ninguém tem de lhe garantir um emprego. Mas o mais engraçado foi o licenciado em Relações Internacionais que ia para falar para as massas. Trabalha num "call center", mas para estar a tirar um mestrado está longe de ser um desfavorecido. Isto é tudo demasiado encenado, de um lado e de outro, por isso não me convence. Prefiro os debates e as entrevistas especializadas.
Quanto ao desempenho de Passos Coelho, perdeu mais tempo a falar no passado do que a falar no que pretende fazer se ganhar as eleições. O país recuperou da ruptura financeira, mas não tem uma economia que esteja a embalar, além de que quase todos os portugueses vivem pior do que antes da crise. A coligação não oferece garantias de que os níveis de vida sejam repostos, mas ao mesmo tempo o PS não tem credibilidade e muitos portugueses tão cedo não voltarão a confiar nesse partido. Por isso é quase impossível haver uma maioria absoluta seja de que bloco for, porque nem há uma rejeição geral do governo que catapulte o PS para os 45% que o Sócrates atingiu muito devido ao factor Santana Lopes e à ida de Durão Barroso para Bruxelas, nem o país está bem para que a coligação consiga manter a votação de 2011 (a qual se deveu também à rejeição social de Sócrates).
De modo que está tudo em aberto quanto ao vencedor, o que parecia impossível há dois anos, mas a partir daí não parece haver dinâmica para mais. Veremos se o programa eleitoral do Portugal à Frente traz mais "sumo" para que se deixe de falar só no programa do PS, porque quanto mais se fala no programa dos socialistas mais reforça a ideia de que será esse o próximo governo.
A coligação fecha os principais dossiers até final do mês - creio que só falta vender o Novo Banco - e a partir daí começa uma campanha eleitoral que pode ser muito adversa para os socialistas. O caso Sócrates quase de certeza que terá desenvolvimentos (dos dois lados do Atlântico), e o governo lógicamente fará campanha com o trabalho feito e os casos resolvidos, como por exemplo a TAP (Bruxelas é óbvio que dará luz verde à privatização), mostrando que o PS esteve sempre errado e é um partido inconstante e casuístico.