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Marcelo e eu

por henrique pereira dos santos, em 19.10.20

Percebi que o Senhor Presidente se fez hoje fotografar a apanhar a vacina da gripe.

Acontece que hoje recebi da farmácia um SMS a dizer que tinham chegado as vacinas à farmácia, que havia pouco stock, e que se vacinariam as pessoas por ordem de chegada.

Isto resulta do facto de ter um médico que é um radical da covid e achou melhor que eu apanhasse a vacina este ano, mas também da minha mulher, que é de altíssimo risco, insistir para eu tratar do assunto.

Chego à farmácia e perguntam-me a idade, explicando logo que abaixo dos 65 anos não vacinavam ninguém porque só tinham chegado 20% das encomendas e com indicações estritas de prioridades dadas pela DGS, não sabendo quando viria um stock suficiente para as encomendas porque o SNS tinha ficado com as vacinas quase todas.

O Senhor Presidente é mais velho, está portanto nos grupos prioritários de vacinação (definidos apenas em função da idade e não da condição de saúde de cada um, mas isso são outros quinhentos).

Encolho os ombros e fico à espera de quando houver vacinas (mesmo vivendo, como disse, com quem é de elevado risco, mas isso é uma coisa que terei sempre de gerir diariamente, com ou sem vacinas).

Não sei é se a exibição do privilégio é a maneira mais inteligente de motivar um povo a vacinar-se.

Bem sei que a Rainha Vitória se ataviava o melhor que podia para ir visitar zonas pobres, com o argumento de que ninguém estava ali para ver a Vitória mas sim a Rainha, e era por respeito para com os mais pobres que ela não lhes podia fazer a desfeita de os desiludir.

Mas não, não é disso que se trata, é mesmo de um tratamento especial - já agora, que se justifica inteiramente, o Presidente da República merece um tratamento diferente do de Marcelo, mesmo que o próprio tenha dificuldade em compreender isso - no acesso à prevenção da doença.

Aí talvez se justifique a resposta de outra Rainha, quando pretenderam levar a família real para o Canadá (nunca confirmei a história, que é boa, porque não troco uma boa história por uma história verdadeira) durante a segunda guerra, para a proteger dos bombardeamentos alemães: os meus filhos não vão porque estão onde estiver a mãe, a mãe não vai porque está onde estiver o Rei, e o rei não vai porque está onde estiver o seu povo.


5 comentários

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De Carlos Sousa a 19.10.2020 às 17:40

Chegámos a um ponto, em que já não sei se estou a ser governado pelo chapeleiro louco ou pela rainha de copas.
Então mas o polissorbato 80 presente nas vacinas da gripe já não agrava o estado dos pacientes com covid 19?
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De Rogerio Castro de Seixas a 19.10.2020 às 18:55

Parece razoável,  mas há anos que maiores de 65 anos (e creio que pessoas de risco, sofrendo de diabetes, coronárias,  etc) têm sido covidadas a vacinar-se gratuitamente, mediante inscrição..Eu assim tenho feito de há uns anos para cá minha mulher inscrevia-se na farmácia e pagava a vacina. Este ano inscrevi-me também na farmácia,  para ser vacinado mais cedo, se possivel
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De Elvimonte a 19.10.2020 às 19:30

Assim de relance, sobre a vacina da gripe e a COVID-19.


"Influenza vaccination and respiratory virus interference among Department of Defense personnel during the 2017-2018 influenza season"
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31607599/



«Purpose: Receiving influenza vaccination may increase the risk of other respiratory viruses, a phenomenon known as virus interference. 

(...)
Conclusions: Receipt of influenza vaccination was not associated with virus interference among our population. Examining virus interference by specific respiratory viruses showed mixed results. Vaccine derived virus interference was significantly associated with coronavirus and human metapneumovirus; however, significant protection with vaccination was associated not only with most influenza viruses, but also parainfluenza, RSV, and non-influenza virus coinfections.»



"Rapid Response:
Covid-19 immunity, covid vaccines, and influenza vaccines"
https://www.bmj.com/content/370/bmj.m3563/rr-0



«Influenza vaccine mandates are especially problematic. The most recent publication indicates that, when studied over several seasons, influenza vaccines are associated with increased mortality in the elderly. During six A/H3N2-predominant seasons vaccine effectiveness (VE) against all-cause mortality among elderly men was -16.6% (-32.2% to -1.1%). (Anderson et al, Ann Intern Med, 3 March 2020, Supplement Table 14) Over 14 seasons overall VE against all-cause mortality in elderly men was -8.9% (-19.6% to 1.8%). (Table 2 in Anderson et al) Furthermore, there is a strong geographic correlation between influenza vaccine uptake in the elderly and Covid-19 death rates.»


http://prntscr.com/v2itx7
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De balio a 20.10.2020 às 10:29


mesmo vivendo, como disse, com quem é de elevado risco


Pois, isso é algo que deve ser resolvido pelas próprias pessoas, e não ser motivo para uma alteração da política pública.


Da mesma forma que defendemos que as crianças devem ter a possibilidade de se contaminarem, mesmo quando sabemos que algumas dessas crianças vivem normalmente com pessoas de risco (avós, etc).


As pessoas de risco devem proteger-se, e quem habita com elas deve tentar ajudar a protegê-las. Mas isso não justifica que terceiros se tenham que desencaminhar para ajudar essas pessoas que decidem cohabitar.
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De pitosga a 20.10.2020 às 12:40

Usando os números, as matemáticas, as estatísticas, não vamos chegar a saber algum, nem a alguma conclusão válida. Acredito na muito simples e lógica 'complexidade' da Vida.

Se uma coorte viral entrar num hospedeiro será porque fintou as defesas deste. Logo após o desembarque, instruirá as defesas do hospedeiro para que, não só deixem a coorte em paz, mas que também aprendam a eliminar a 'concorrência'.

Não há duas infecções virais (com alvos similares) simultâneas — excepto nos bichos que já têm a sua morte imunitária agendada.

Simplificando:

As grandes, gigantes, empresas que fazem vacinas existam para terem lucro.

Sabem que ninguém quererá ser vacinado contra uma doença com baixo risco de morte.

Sabem que se usarem os procedimentos científicos correctos teremos vacinas contra a covid-19 daqui por três anos [vejam a descrição da Astra-Zeneca acerca dos prazos para a sua vacina].

Estão a protelar o lançamento duma vacina com umas tretas de 'factos imprevistos' naqueles que são os voluntários.

Continuarão a fazer vacinas contra as estirpes gripais prevalecentes no ano anterior — sim, no ano anterior.

Aquilo não é barato mas vende-se às carradas, como a Aspirina.

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