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Marcelino da Mata, continua a combater por Portugal e pela verdade

por Jose Miguel Roque Martins, em 18.02.21

Marcelino da Mata é um tiro na narrativa Bloquista sobre o  antigo regime. Não por ser um militar condecorado da Guerra do Ultramar. Os incensados capitães de Abril também o eram e ninguém, felizmente, protesta com as funções de combate que assumiram, um dever que lhes competia.

O problema é que Marcelino da Mata era Português, nascido na Guiné e negro. E que um regime supostamente racista, apesar da sua cor, tenha reconhecido o seu valor, como o soldado Português mais condecorado de sempre.

Como conciliar esse facto com um Estado Novo racista, quando foi o regime de Abril que o perseguiu, torturou e maltratou?

Como admitir que negros nascidos nas províncias ultramarinas, fossem e se sentissem Portugueses, ao invés de colonizados e oprimidos?

Como permitir que a ideia de uma nação multirracial, multicultural e territorial, pudesse ter sido partilhada por quem tinha, na ordem natural do bloco, a obrigação de lutar pela sua autodeterminação,  apenas e tão só porque era negro?

É o bloco no seu normal. Quando os factos não se encaixam na ortodoxia, agride-se, calunia-se, mente-se e distorce-se.

Marcelino da Mata é um assassino dos seus irmãos. Quando se tortura, é legitimo, se por ideais de esquerda. Quando se é (profundamente)  racista, mas de esquerda, não é verdade, porque o racismo é monopólio da direita.

A verdade histórica tem que ser sempre subvertida, porque teima em não se encaixar na doutrina.

Mesmo depois de morto, Marcelino da Mata, continua a combater por Portugal e pela verdade.


7 comentários

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De Anónimo a 18.02.2021 às 18:01


"Como admitir que negros nascidos nas províncias ultramarinas, fossem e se sentissem Portugueses, ao invés de colonizados e oprimidos?"


Não sei qual era o estatuto de Marcelino da Mata mas os indígenas das colonias não ganhavam automaticamente a nacionalidade portuguesa só por terem nascido em território português.
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De Anónimo a 18.02.2021 às 19:33

Todos eram portugueses, do Minho a Timor, caríssimo. Não vá nas patranhas que lhe vendem. Basta somar 2+2 como se alistavam se não fossem portugueses? Podia esclarecê-lo melhor, mas seria muito longo e maçador e este não é o local apropriado. Havia um estatuto diferenciado para os indígenas, inclusive na legislação penal, pensado de forma a preservar os usos e costumes e a cultura local. Não se exercia coacção para impor as nossas usanças. A menos que as quisessem assimilar e adoptar como acontecia.
Não vem a propósito, mas saiba que Portugal era uma das autoridades mundiais na especializados em Medicina Tropical e em doenças tropicais,(*) tendo erradicado algumas delas nos territórios ultramarinos, mercê de uma capacidade de vacinação eficiente e persistente. Recordo que o escritor angolano José Eduardo Agualusa referiu-se a isso há uns anos e fez os maiores elogios à nossa capacidade nas campanhas de vacinação, pelo mato adentro, não se limitando apenas às zonas urbanas. 


(*) tem imensa informação sobre isso
 


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De Anónimo a 18.02.2021 às 22:59

"como se alistavam se não fossem portugueses?" 
Alistavam-se independentemente da sua nacionalidade ou etnia. 
Qualquer potencia aceita de bom grado soldados que lutem por ela.

Os franceses usaram senegaleses na frente europeia da primeira guerra mundial.
Os britânicos fizeram o mesmo com tropas indianas. 
O exercito Britânico continua a aceitar tropas Gurkas do Nepal nas suas fileiras. 
Quanto á atribuição da nacionalidade portuguesa aos indigenas das colonias pode pesquisar por  "assimilados" e "indigenato", há muita informação sobre isso.
Poupando-lhe algum trabalho, adianto-lhe que para o indigena ser assimilado teria que ser cristão, ter hábitos semelhantes aos europeus e ser alfabetizado. Este ultimo critério, como sabemos, não era exigido aos naturais da metrópole.
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De JPT a 19.02.2021 às 10:32

Não tinha de ser cristão, nem alfabetizado, como é evidente (nem isso seria constitucional). Aliás, o que não faltava era cidadão portugueses muçulmanos, hindus e animistas - e analfabetos, então, nem falar. Sugiro substituir os dislates da wikipedia, pela leitura do art.º 56 do DL 39.666 de 20.05.1964,  curto e acessível na net (https://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/7523.pdf), e que, desde logo permite perceber (a quem queira) que, a razão de ser do estatuto jurídico diferenciado, era o respeito pelos direitos dos indígenas, e não o contrário - coisa diferente, naturalmente, era a prática!
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De Anónimo a 19.02.2021 às 13:24

Portanto ambos concordamos que a nacionalidade portuguesa não era dada automaticamente aos indígenas das colonias apenas por nascerem em território português.
Teriam que preencher certos pressupostos. Talvez não os que eu enumerei mas decerto que teriam que fazer por merecer a cidadania portuguesa.
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De Anónimo a 19.02.2021 às 15:52

Só queria acrescentar que não sei exactamente o que se passou na descolonização, mas foi à bruta que se deu ou retirou a nacionalidade portuguesa. Foi pela cor da pele. Quem era escuro deixava de ser português automaticamente e era forçado a ser ou angolano, moçambicano, guineense, etc. Foi-lhes negado o Direito de escolha. A auto-determinação era afinal muito selectiva, pois pelos vistos só existia em relação ao território. Faz lembrar a Idade Média: as terras tinham os servos que a trabalhavam. Em caso de a propriedade ser vendida, incluia  também os servos, sem apelo nem agravo... sem escolha.
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De Anónimo a 19.02.2021 às 18:48

JPT, O Marquês de Pombal foi ostracizado e tornou-se um proscrito depois, como deve saber. E assim se manteve até à sua morte. Acontece que os jacobinos da 1ª República, maçónicos e carbonários, resolveram entronizá-lo e reabilitá-lo. E por isso aí o temos ao introdutor da maçonaria em Portugal, todo ele esplendoroso e imponente. Muito coincidentes uns e outros nos seus alvos de ataque e do seu ódio a começar pelo clero, as ordens religiosas e... o Rei!

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